64ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada

MACROBENTOS DOS BANCOS DE Perna perna DO COSTÃO ROCHOSO DA PRAIA DOS NAMORADOS, BALNEÁRIO DE IRIRI, ANCHIETA, ES

Fernanda Mara Vitório da Costa 1 Lílian Rose Lobo da Silva 1 Gilson Alexandre de Castro 1 Clésio Castro da Silva 1

1. Depto. de Zoologia – ICB – UFJF 2. Depto. de Zoologia – ICB – UFJF 3. Prof. MSc./Orientador – Depto. de Zoologia – ICB – UFJ 4. Biólogo voluntário do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros – ICB – UFJF

INTRODUÇÃO:

As comunidades de costões rochosos, sobretudo as espécies incrustantes da região entremarés, desenvolvem-se em cinturões amplos e densos bem marcantes, conhecidos como zonas. A presença desses cinturões formados por invertebrados como cracas, mexilhões e ostras, além de espécies vegetais (algas), favorecem a ocorrência de uma grande quantidade de espécies menores (fauna vágil ou acompanhante) que aproveita os diversos microhabitats formados. No Estado do Espírito Santo, em especial nas regiões costeiras, a ocupação urbana e industrial vem ocorrendo de forma acelerada e muitas vezes, desordenada e sem planejamento adequado. Desta forma, estudos que auxiliem na caracterização das comunidades marinhas são de extrema importância, na medida em que podem se tornar instrumentos de um monitoramento ambiental. Os objetivos do presente estudo foram verificar e analisar pela primeira vez a abundância e riqueza de macrobentos em bancos de mexilhões com diferentes níveis de exploração nos costões rochosos da praia dos Namorados, Balneário de Iriri, Anchieta (ES).

METODOLOGIA:

Foram escolhidas três áreas de estudo com diferentes níveis de exploração de Perna perna no costão rochoso da praia dos Namorados (20o 49’42,6” S e 40o 41’ 23,6” W), Iriri, Anchieta, no Estado do Espírito Santo. Estes níveis de exploração foram definidos de acordo com a facilidade de acesso ao banco de mexilhões e abundância dos mesmos. As coletas foram realizadas no período da manhã, durante a baixamar de uma maré de sizígia nos dias 21 de fevereiro (1ª amostragem) e 22 de julho (2ª amostragem) de 2011. As análises da abundância dos macrobentos foram feitas através de raspagens destrutivas utilizando de quadrados de 20 X 20 cm distribuídos aleatóriamente nos bancos de P. perna, sendo as amostras inseridas no interior de sacos vedados, acondicionadas em caixas térmicas e fixados em formalina a 10% no laboratório do Núcleo de Estudos de Biomas Costeiros do litoral Sul do Estado do Espírito Santo, Piúma (ES). No laboratório de Protostômios II (Depto de Zoologia, ICB, UFJF), os indivíduos das espécies P. perna e da macrofauna foram triados, contados e identificados por meio de literatura especializada. Para as análises referentes à diversidade baseamos nos Índices de Margalef, de Simpson e de Shannon-Wiener, utilizando respectivamente, os softwares Past e BioEstat 5.0.

RESULTADOS:

A macrofauna bentônica associada aos bancos de Perna perna foi representada pelos filos Cnidaria; Platyhelminthes (Turbellaria); Nemertea; Mollusca (Bivalvia: Perna perna, Brachidontes solisianus, Isognomon bicolor, Nucula brasiliana; Gastropoda: Collisella subrugosa, Fissurella rosea, Tricolia affinis, Littorina ziczac, Caecum sp, Pseudomallaxis centrifuga, Cerithiopsis gemmulosa, Natica obesa, Nitidella nitida, Epitonium unifasciatum), Annelida (Polychaeta: Allitta succinea, Syllis gracilis, Perinereis anderssoni, P. ponteni, P. palpata, Eunice sp, Hesione sp, Pomatostegus sp, Branchiosyllis exilis, Haplosyllis spongicola); Oligochaeta; Crustacea (Pseudorchestoidea brasiliensis, Excirolana braziliensis); Pycnogonida; Sipuncula, Echinodermata (Ophiactis savignyi). O índice de Shannon-Wiener, apresentou valores próximos tanto na segunda amostragem (0,7686) quanto à primeira amostragem (0,7683). O Índice de Simpson na primeira amostragem foi de 0,6614 e na segunda amostragem de 0,7254, indicando que as espécies não são igualmente abundantes. Em relação ao Índice de Margalef que expressa a riqueza ponderada pelo tamanho amostral variou de 3,817 (primeira amostragem), e de 3,942 (segunda amostragem), demonstrando baixa biodiversidade, nos dois períodos estudados.

CONCLUSÃO:

É possível que o padrão encontrado da macrofauna bentônica associada aos bancos do bivalvo Perna perna no costão rochoso da praia dos Namorados, Balneário de Iriri, Anchieta (ES), nas duas amostragens realizadas, seja devido a uma adaptação dos macrobentos, ou então a ocorrência da maior perda da abundância e riqueza original das espécies durante os meses do ano.

Palavras-chave: Bancos de mexilhões, macrobentos, estuário.