64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante
AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A JUVENTUDE E A INSERÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PROJOVEM TRABALHADOR EM SANTA CATARINA.
Valdeci Reis 1
Mariléia Maria Silva 1
1. Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
2. Profa. Dra./Orientadora – Departamento de Ciências Humanas e Educação/UDESC
INTRODUÇÃO:
Desde as últimas décadas do século XX temos assistido transformações nas relações capital-trabalho e sentido o impacto que tais mudanças operam na vida social. Atualmente vivemos a era da qualificação, exaltada pela mídia e creditada pela sociedade, em geral, como uma suposta panacéia para a falta de empregos. O trabalhador, que gradativamente vem perdendo o seu único poder de negociação, a sua força de trabalho, tem assistido seu posto ser substituído por ocupações precárias e por novas tecnologias de automação, restando portanto, a informalidade, ou seja, encontrar formas alternativas de sobrevivência, diante de um estado que não garante os direitos básicos para uma vida em sociedade. A proposta desse trabalho é provocar uma reflexão sobre a precariedade do trabalho destinado a juventude brasileira e as dificuldades enfrentadas pela escola, em decorrência de suas atuais configurações, para assegurar tanto a permanência destes discentes de baixa renda, quanto uma educação de qualidade. Os sujeitos investigados compõem o quadro de escritos do Projovem Trabalhador em Santa Catarina no ano de 2011. Confrontar a crise do universo do trabalho com a falta de efetividade da educação pública é fundamental para compreendermos a falta de expectativa de vida desses jovens.
METODOLOGIA:
Partirmos do pressuposto que não é possível analisar um objeto ou recorte sem compreender a estrutura macrossocial na qual está envolvido. Portanto, fundamentamos nosso método de análise na totalidade, historicidade e contradição. O recorte amostral de sujeitos investigados é composto pelos egressos do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM INTEGRADO), na modalidade ProJovem Trabalhador. Trata-se de um programa vinculado ao Governo Federal, que tem como objetivo a criação de oportunidades para a juventude brasileira, entre 18 e 29 anos, que vive em situação de vulnerabilidade social, buscando promover sua qualificação social, através da qualificação profissional. Trabalhamos com a base de dados fornecida pelo SINE/SC no qual tivemos acesso ao cadastro socioeconômico de 4.300 jovens matriculados no programa, bem como oito entrevistas com egressos do Projoverm Trabalhador pertencentes a duas cidades catarinenses.
RESULTADOS:
Ao analisar o perfil sócio econômico dos inscritos no Projovem Trabalhador de Santa Catarina em 2011, é possível constatar que a maioria absoluta já teve contato com o universo do trabalho, porém mesmo após ter participado de um curso de qualificação profissional, é bastante expressivo o percentual de egressos desempregados que deseja conquistar uma oportunidade correspondente às experiências que tinha antes de fazer o ProJovem, por considerarem estas como as possibilidades mais concretas. Chamou a atenção também o percentual de jovens que vive no subemprego. Trata-se de uma situação econômica localizada entre o emprego e o desemprego. Na busca por mais elementos que auxiliam na compreensão dos sujeitos que compõem essas estatísticas, sobretudo no que se refere ao entendimento que possuem sobre o mundo do trabalho, foram realizadas oito entrevistas com jovens egressos do Projovem/SC. Nestas, observamos, que há uma concordância de que a qualificação profissional é fundamental para a conquista de um posto de trabalho mais qualificado. Indagados porque ainda não estavam inseridos no mercado de trabalho na área em que haviam se qualificado, a maioria atribui a sua condição social ao fato de morar em uma comunidade periférica, desprezadas pelas empresas.
CONCLUSÃO:
Compreender a totalidade de uma ação pública e suas consequências hegemônicas foi o propósito desse trabalho. A amostra selecionada para análise permitiu-nos concluir que, embora essas ações do governo federal tenham revertido alguns indicadores na extrema vulnerabilidade social, tais ações interministeriais estão longe de garantir a efetividade de uma política pública para a juventude. O impacto desses programas é variado em todo o país e não reflete, necessariamente, em uma mudança significativa, que tenha como foco, no interior de uma agenda pública, o fortalecimento da cidadania. Esta, via de regra, tem sido reduzida a uma perspectiva mercadológica, na qual o cidadão adquire status de “cliente”. Se considerarmos as origens das políticas públicas nas sociedades modernas, podemos perceber que estão aquém, até mesmo, de possibilitar o mínimo necessário no que diz respeito ao compartilhamento dos códigos necessários à vida em sociedade.
Palavras-chave: Qualificação, Juventude, Políticas Públicas.