64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal |
MICROESTRUTURA DE SEMENTES COMO FERRAMENTA NA TAXONOMIA DE Oxalis L. (OXALIDACEAE R.Br.) |
Maria Carolina de Abreu 1 Margareth Ferreira de Sales 2 |
1. Curso de Ciências Biológicas, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Universidade Federal do Piauí – UFPI 2. Departamento de Biologia, Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE |
INTRODUÇÃO: |
O gênero Oxalis L. (Oxalidaceae) possui distribuição pantropical e seus principais centros de diversidade estão na América e na África. Compreende aproximadamente 500 espécies organizadas em quatro subgêneros (Oxalis L., Thamnoxys (Endl.) Reiche, Monoxalis (Small) Lourteig e Trifidus Lourteig), diferenciados por características vegetativas e geográficas. São plantas herbáceas, subarbustivas ou arbustivas, com caules aéreos ou subterrâneos; folhas compostas, (1)-3-folioladas, digitadas ou pinadas; flores amarelas, róseas, brancas e lilases, cálice e corola pentâmeros, estames dez, pistilo heterostílico e fruto capsular. Os caracteres da testa das sementes são pouco afetados por variações ambientais sendo confiáveis na delimitação de táxons. Estudos da microestrutura de testas de sementes são realizados utilizando microscopia de luz ou de varredura em algumas famílias de plantas. Estudos dessa natureza com o gênero Oxalis não existem, no entanto a observação da estrutura da semente neste gênero demonstrou que este é um bom caráter na taxonomia do mesmo. A microestrutura da testa das sementes de Oxalis foi examinada comparativamente usando a microscopia eletrônica de varredura (MEV) no intuito de avaliar o uso desta característica na sistemática do gênero. |
METODOLOGIA: |
Sementes de 20 espécies do gênero Oxalis pertencentes a dois subgêneros (Oxalis e Thamnoxys) foram estudadas. Estas sementes foram provenientes de diferentes indivíduos obtidos em diversos locais do Brasil, no período de 2005 a 2009, bem como sementes oriundas de exsicatas dos acervos dos seguintes herbários: BHCB, CEN, CESJ, EAC, ESAL, HEPH, HST, HTINS, HUEFS, HXBH, IAC, ICBA, INPA, IPA, MBM, MBML, MOSS, PEUFR, RB, RBR, SP, UB, UEC, UFP, VIC. As sementes não foram especialmente preparadas, mas somente limpas com pincel de cerdas macias. As medidas de comprimento e largura, assim como a forma geral, a forma dos pólos e coloração das sementes foram determinadas sob microscópio estereoscópio. A testa das sementes foi estudada e fotografada sob microscópio eletrônico de varredura ambiental (QUANTA 200F – FEI), modo Low vacuum, WD 25.0 mm e HV 20.00 kV. As sementes foram fotografadas com a magnitude de 40x – 1500x. Foram analisados macrocaracteres da semente (número e orientação de costas, fendas e forma das depressões e orifícios) e microcaracteres da ornamentação da superfície (forma e contorno das células da epiderme, curvatura da parede periclinal externa, forma e aspecto da parede anticlinal). |
RESULTADOS: |
A forma mais comum das sementes foi elipsoidal, exceto em Oxalis corniculata L., O. debilis Kunth e O. triangularis A.St.-Hil., as quais se mostraram elípticas comprimidas dorsiventralmente. O tamanho das sementes variou entre 1159,64 x 746,88 μm e 3,91 x 2,07 mm, sendo as maiores encontradas para O. psoraleoides Kunth (3,74-3,91 x 2,07-2,31 mm) e as menores para O. hedysarifolia Raddi (736,06-1602,88 x 505,50-1277,23 μm). A testa das sementes apresentou esculturas variadas onde se reconheceram cinco tipos de ornamentação, considerando aspectos relativos à forma das células, undulações das paredes anticlinais, relevo da superfície da parede primária e espessura das paredes anticlinais: foveolada (O. psoraleoides, O. puberula Nees et Martius e O. rhombeo-ovata A.St.-Hil.), costado-transversal (O. corniculata, O. debilis e O. triangularis), costado-longitudinal (O. barrelieri L., O. cerradoana Lourteig, O. cratensis Oliver ex. Hook., O. cytisoides Mart. ex Zucc., O. frutescens L., O. hedysarifolia, O. hirsutissima Mart. ex Zucc., O. hyalotricha Lourteig, O. pyrenea Taubert, O. sepium A.St.-Hil. e O. suborbiculata Lourteig) fendido-costada (O. glaucescens Norlind e O. grisea A.St.-Hil et Naudin) e fendida longitudinalmente (O. divaricata Mart. ex Zucc.). |
CONCLUSÃO: |
A ornamentação da testa em Oxalis apresenta diferenciação clara o que remete a importância dos caracteres da exotesta das sementes na identificação das espécies do gênero Oxalis no nível de seção. |
Palavras-chave: Oxalis, Exotesta, Microscopia eletrônica de varredura. |