64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia
CONSUMO DE ANTIRRETROVIRAIS NO ESTADO DO PARÁ – UM REFLEXO DA TENDÊNCIA DA SIDA
Rosana Moura Sarmento 1
Juliana Virginio Silvestre 1
Erica Vanessa Souza Costa 1
Livaldo Costa e Silva 1
Silvana Carla Fonseca Mulatinho 2
Maria Fani Dolabela 3
1. Programa de Educação Tutorial do Curso de Farmácia (PET-Farmácia), Fac. de Farmácia, UFPA
2. Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), SESPA
3. Profa. Dra. / Tutora PET-Farmácia, Fac. de Farmácia, UFPA
INTRODUÇÃO:
A SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida) destaca-se entre as enfermidades infecciosas emergentes pela grande magnitude e extensão dos danos causados às populações. Causada pelo retrovírus HIV, provoca no organismo disfunção imunológica crônica e progressiva devido ao declínio dos níveis de linfócitos CD4. No Brasil, desde o inicio da epidemia são notificados 544.846 casos de SIDA no país.
Para combater o HIV é necessário utilizar pelo menos três antirretrovirais combinados, sendo dois medicamentos da classe dos Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa em um só comprimido e outro de outra classe, como os Inibidores Não-Nucleosídeos. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 200 mil pessoas recebem regularmente os medicamentos para tratar esta doença.
O Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a garantir o acesso universal e gratuito dos antirretrovirais no Sistema Único de Saúde - SUS, a partir de 1996. Nesse contexto a análise do consumo médio no primeiro trimestre dos anos de 2011 e 2012 destes medicamentos das unidades assistenciais aos pacientes que convivem com o HIV e SIDA, pela SESPA reflete a tendência da doença no Estado, mostrando a realidade da doença e a necessidade de novas medidas de prevenção e assistência a esses pacientes.
METODOLOGIA:
Para realização deste trabalho foram analisados os relatórios mensais de consumo de medicamentos antirretrovirais, gerados pelo SICLOM (Sistema de Controle Logístico de Medicamentos), sistema de gerenciamento vinculado ao Programa Nacional de DST e SIDA do Ministério da Saúde, em que se observou o consumo médio durante o primeiro trimestre dos anos de 2011 e 2012. Na análise dos números foram levados em consideração o aumento ou diminuição do consumo dos medicamentos antirretrovirais como reflexo do comportamento da doença, tanto em relação ao número de casos quanto à complexidade da doença.
RESULTADOS:
Ao se considerar o regime de primeira escolha para pacientes infectados com o HIV com a combinação de dois Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa e um Inibidor Não-Nucleosídeo, ou seja, Zidovudina + Lamivudina + Efavirenz, notou-se um aumento percentual de 13,31% nos dois primeiros medicamentos, pois no primeiro trimestre de 2011 o consumo médio/mês era de 176.560 e em 2012 esse valor foi de 203.672 comprimidos/mês, e no ultimo observou-se um aumento na média de consumo de 73880 em 2011 para 88570 comprimidos/mês em 2012, representando um aumento de 16,58%. Nos tratamentos em que houve falha da terapia de primeira escolha, faz-se a substituição de Inibidor Não-Nucleosídeo no tratamento inicial pelo uso de esquemas com Inibidores das Proteases, como o Lopinavir + Ritonavir, obteve-se um aumento do consumo médio mensal de 12,25% entre os trimestres iniciais dos anos estudados. Nos casos mais complexo em que os pacientes apresentem risco de progressão da doença e morte, portanto, na indicação na imunodeficiência grave, em que o esquema envolve pelo menos uma ou duas drogas ativas, associa-se um Inibidor de fusão, a Enfurvitida, que apresentou redução no consumo de 29,79%.
CONCLUSÃO:
Após análise dos relatórios de consumo mensal de medicamentos antirretrovirais dispensados pela SESPA, pôde-se perceber que o avanço da SIDA ainda é uma questão preocupante no Estado do Pará, visto que houve um aumento do número médio de medicamentos dispensados que compõe o esquema de primeira escolha no tratamento da doença, ou seja, mais casos estão sendo diagnosticados e tratados pelas unidades de assistência a esses pacientes. No entanto, os resultados ainda mostram uma expectativa de diminuição dos casos mais graves em que é necessário usar drogas Inibidoras de fusão, podendo corresponder a uma diminuição do avanço da doença para casos mais complexos. De qualquer modo, intensas campanhas de prevenção, conscientização e controle da doença são de extrema importância, e ainda, investimentos no setor de assistência ao paciente que convive com o HIV, a fim de se manter melhores resultados relacionados à adesão aos tratamentos, tendo assim, melhoria na qualidade de vida dos mesmos.
Palavras-chave: SIDA, Incidência, Estado do Pará.