64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
Mulheres no Curso de Física da UFRRJ: Uma análise do aumento de ingressantes.
Natalia Alves Machado 1
Frederico Alan de Oliveira Cruz 2
1. Depto de Física - UFRRJ
2. Prof. Dr./Orientador - Depto de Física - UFRRJ
INTRODUÇÃO:
Os cursos ligados às áreas de ciências exatas e tecnologia tais como: algumas Engenharias, Matemática, Física e Química, possuem como característica marcante a maior presença de alunos do sexo masculino. Em estudos realizados recentemente, percebe-se que o total de alunos do sexo masculino nas engenharias e nas exatas é superior a 70%, contrapondo-se ao encontrado nas ditas áreas humanas, onde a presença do sexo feminino nessas áreas é de aproximadamente 52%, mostrando que nesse caso existe um maior número de alunos do sexo feminino, apesar do aumento da procura por alunos do sexo masculino nessas áreas. No caso dos cursos de Física, que tradicionalmente possui pouca procura nos concursos de ingresso ao ensino superior, existe ainda outra tradição, de ser um curso com maior presença masculina do que feminina. Essa presença é na realidade uma contradição nas reivindicações das mulheres, visto que ainda existe uma discussão ampla sobre os direitos à igualdade de oportunidades para ambos os sexos. Em nosso trabalho, procuramos apresentar o perfil dos alunos ingressante no curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com objetivo de analisar, entender e refletir sobre a distribuição masculina e feminina no espaço acadêmico do nosso curso.
METODOLOGIA:
O nosso trabalho foi dividido, basicamente, em quatro etapas fundamentais: (1) primeiramente fizemos uma pesquisa e posteriormente uma leitura sobre o número de ingressantes dos sexos masculino e feminino nas Universidades, com enfoque na procura das alunas do sexo feminino, que buscam os cursos de Física, sendo ele Astronomia, Bacharelado, Licenciatura ou Física Aplicada, para o melhor entendimento da nossa atual realidade; (2), por conseguinte, buscamos como base nossos arquivos do Departamento de Física que informam o número de alunos matriculados no curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, entre os períodos de 2008-1 e 2011-2, determinando-se assim o número total de alunos para cada um dos sexos, que entraram na Universidade em cada período mencionado; (3) no passo seguinte realizamos a distribuição percentual de cada aluno de cada sexo com os dados obtidos anteriormente, (4) e finalmente realizamos a análise de todos os nossos dados com os existentes na literatura, sobre o mesmo tema.
RESULTADOS:
Após a leitura e análise necessárias para a obtenção de nossos resultados, os valores encontrados em nosso estudo teve a seguinte distribuição: em 2008-1 eram 28,6% Mulheres e 71,4% Homens; 2008-2: 32,1% Mulheres e 67,9% Homens; 2009-1: 20,0% Mulheres e 80,0% Homens; 2009-2: 29,4% Mulheres e 70,6% Homens; 2010-1: 40,0% Mulheres e 60,0% Homens; 2010-2: 46,7% Mulheres e 53,3% Homens; 2011-1: 56,7% Mulheres e 43,3% Homens; 2011-2: 43,3% Mulheres e 56,7% Homens. Para o número total de alunos dentro desse período, temos então que entre os ingressantes 62,3% são do sexo masculino, enquanto 37,7% são do sexo feminino. Esses dados nos mostram uma prevalência de alunos do sexo masculino, mas com um aumento de alunos do sexo feminino nos últimos quatro períodos analisados. Esses resultados são concordantes com a realidade geral dos cursos ligados a ciências exatas e tecnológicas, como já apresentados em outros trabalhos. Contudo com esse significativo acréscimo do ingresso de alunos do sexo feminino, nos últimos quatro períodos, tendo até um período extraordinário, onde houve mais ingresso de alunos do sexo feminino do que do sexo masculino, nos mostra que apesar da realidade geral, o curso de Física na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro vem apresentando um perfil diferente.
CONCLUSÃO:
Assim, nossa pesquisa, que teve como foco principal determinar e analisar a distribuição percentual dos alunos do sexo feminino na Universidade Federal do Rio de Janeiro trouxe até nós um importante e curioso resultado. Depois de realizadas algumas pesquisas e análises sobre o quantitativo de mulheres ingressantes nos cursos de Física em todo território brasileiro, vimos que, neste âmbito, o número de alunos do sexo feminino que procuram por esse curso é bem menor do que a procura do sexo masculino, contudo na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro vimos que, no geral, com o passar dos períodos a procura feminina pelo curso teve significativos aumentos, chegando a ter um período diferenciado, em 2011-1, onde o número de ingressantes do sexo feminino foi maior do que o número de ingressantes do sexo masculino. Deste modo, com base em nossas pesquisas, fica claro que, em nossa Universidade, a procura feminina pelo curso de Física se mostra contrário as perspectivas esperadas, já que nas outras Universidades e Faculdades vimos que isso é diferente, podendo gerar mudanças no comportamento geral dos estudantes do curso de Licenciatura.
Palavras-chave: Licenciatura em Física, Mulheres na Física, UFRRJ.