64ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PRATAGY EM MACEIÓ, ALAGOAS
Maryelli Ludmylla Rodrigues da Silva 1
Igor Bruno Gomes Ribeiro 2
Ivete Vasconcelos Lopes Ferreira 3
Cleuda Custódio Freire 4
1. Granduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária - UFAL
2. Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária - UFAL
3. Profa. Dra. Orientadora - Centro de Tecnologia - UFAL
4. Profa. Dra. - Centro de Tecnologia - UFAL
INTRODUÇÃO:
No Brasil a disponibilidade hídrica subterrânea explotável é cerca de 4.000 m3/s, que alimenta mais de 400 mil poços e suprem diversas finalidades como abastecimento público, irrigação, indústria e lazer. Mais de 15% dos domicílios utilizam exclusivamente água subterrânea, permitindo o atendimento de comunidades pobres ou distantes das redes de abastecimento, sendo estratégica para comunidades rurais do semi-árido nordestino (ANA, 2007). Para algumas cidades o abastecimento por água subterrânea é complementar, em outras esta fonte é essencial. Um exemplo é Maceió, onde a principal fonte de abastecimento de água é subterrânea com 68% da vazão proveniente de poços profundos (CASAL, 2011). Essa explotação resulta em contaminantes nos aquíferos, oriundos de várias fontes relacionadas ao espaço urbano como: fossas sépticas, cemitérios, vazamentos em postos de combustível, lixões, poços profundos mal instalados ou abandonados, lançamento de efluentes domésticos e industriais, o que coloca em risco a disponibilidade do recurso. O objetivo do trabalho foi estudar os instrumentos de gestão das águas subterrâneas (classificação e enquadramento), na região hidrográfica do Rio Pratagy em Maceió, AL, sob a ótica da qualidade da água, conforme a legislação vigente (Resolução CONAMA 396/2008).
METODOLOGIA:
Monitoramento qualitativo dos aquíferos: Foram monitorados 18 poços distribuídos na área de estudo, no período de jan/2009 a nov/2010, totalizando 17 coletas. A escolha dos poços considerou os locais com potenciais fontes de contaminação e a distribuição espacial. Os parâmetros analisados foram: pH, cor, turbidez, STD, cloretos, sulfato, nitrito, nitrato e E. coli. Nos poços próximos a cemitérios determinou-se ferro total. As análises seguiram APHA (1998), exceto nitrito (Método de Bendschneider e Robinson, 1952 apud GOLTERMAN et al., 1978), e nitrato (MACKERETH et al., 1978). Tratamento dos dados: Os resultados analíticos foram agrupados por aquífero e feita a análise estatística descritiva dos mesmos. Para avaliar a qualidade atual dos aquíferos, foram considerados os valores do 3º quartil como representativos do conjunto de amostras, ou seja, da qualidade da água no período analisado (CETESB, 2010). Para avaliar a influência de atividades antrópicas nos aquíferos, considerou-se como Valor de Referência de Qualidade (VRQ) dados secundários de qualidade de água de poços sanitariamente protegidos. Classificação e enquadramento das águas subterrâneas: A classificação, o enquadramento e proposta de critérios de enquadramento tiveram como base a Resolução CONAMA 396/2008.
RESULTADOS:
O aquífero Sedimentos de Praia e Aluvião foi considerado Classe 4, sendo os parâmetros limitantes para consumo humano: cor, turbidez, nitrato e E. coli. Sua qualidade atual só permite usos menos restritivos. O aquífero Barreiras também foi considerado Classe 4 considerando o nitrato e E. coli. Estes poluentes indicam influência antrópica, já que não ocorrem em aquíferos preservados. A alteração da qualidade do aquífero se confirma pelo fato do valor de referência do nitrato estar abaixo do encontrado atualmente. Também foram classificados na Classe 4 a porção do aquífero Marituba da parte baixa da cidade e o sistema Barreiras/Marituba. A porção do aquífero Marituba da parte alta da cidade foi considerada Classe 3, e a presença de nitrato indica influência antrópica, mas sem necessidade de tratamento para o uso preponderante mais restritivo. Este aquífero é de excelente qualidade, sem restrições para o consumo humano.
O nitrato foi o parâmetro que influenciou na classificação de todos os aquíferos. Concentrações acima de 5 mg/L indicam contaminação antrópica (FEITOSA et al., 2000), o que foi verificado em todos os aquíferos, já que variou de 8,7 a 57,9 mg/L. Na região predomina o saneamento por fossa séptica e sumidouro que contribuem com nitrato nos poços avaliados.
CONCLUSÃO:
De acordo com os critérios de classificação da Resolução CONAMA 396/2008, os sistemas aquíferos da região hidrográfica do Pratagy localizados na região metropolitana de Maceió encontram-se na Classe 3 (Marituba, parte alta da cidade), e na Classe 4 (Sedimentos de Praia e Aluvião, Barreiras, Marituba – parte baixa da cidade, e Barreiras/Marituba). A qualidade da água do aquífero Marituba (parte alta) é considerada excelente e atende aos padrões do uso mais restritivo, ou seja, o consumo humano, sem necessidade de tratamento, conforme os parâmetros físico-químicos e microbiológicos avaliados. Como proposta de critérios para o enquadramento dos aquíferos é possível citar: as características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas dos aquíferos; o uso e a ocupação do solo, sobretudo nas áreas de recarga dos aquíferos; a vulnerabilidade ao risco de contaminação com identificação das atividades potencialmente e efetivamente poluidoras; o monitoramento quali-quantitativo dos aquíferos; a integração dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos; e a viabilidade técnica e econômica do enquadramento. Como proposta preliminar de enquadramento sugere-se a Classe 1 para a porção do aquífero Marituba da parte alta da cidade e Classe 3 para os demais aquíferos.
Palavras-chave: Recursos hídricos, Gestão de recursos hídricos, Águas subterrâneas.