64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
EDUCAÇÃO FÍSICA E ESCOLA NOTURNA: EM BUSCA DA AUTONOMIA DO ALUNO
Lisandra Melo Caldas 1,2
Renato Sarti dos Santos 3,4
1. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
2. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, da CAPES – Brasil
3. Núcleo de Tecnologia Educacional para Saúde - NUTES
4. Coordenação de Extensão - EEFD/UFRJ
INTRODUÇÃO:
A Educação Física como componente curricular da Educação Básica tem experimentado um crescimento significativo dentro do ensino noturno, estabelecendo um espaço de conhecimento ainda pouco definido e explorado. Dentro das especificidades e características peculiares, presentes no turno da noite, a Educação Física tem refletido pouco sobre sua relevância dentro desta importante etapa da Educação Básica.
Este estudo consiste em um relato de experiência vivenciada pelo grupo de bolsistas do Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à docência – PIBID – do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no período de agosto a dezembro de 2011, que tem como objetivo criar um espaço de formação docente, ancorado no princípio de desenvolvimento autônomo e de novas abordagens metodológicas, privilegiando o estímulo à iniciativa dos estudantes do ensino médio.
METODOLOGIA:
O Colégio Estadual Barão de Macaúbas - Rio de Janeiro - foi espaço de imersão do projeto, contendo aproximadamente 400 alunos matriculados. Este subprojeto foi dimensionado em cinco etapas: A de planejamento do que seria trabalhado; a de imersão do subprojeto no colégio; a de divisão dos alunos em grupos de trabalho de interesse; a de desenvolvimento das atividades nos eixos temáticos; e a de avaliação do processo.
O planejamento das ações do subprojeto a serem abordadas nas aulas, foi discutido durante reuniões entre os envolvidos, baseadas na releitura do subprojeto, discussão sobre PCN do ensino médio, LDB e as características do ensino noturno, fomentando uma reflexão acerca do cenário que iríamos encontrar no espaço escolar. A decisão de trabalhar com quatro eixos temáticos foi a partir do entendimento de que estes iriam despertar o interesse do aluno e promover sua autonomia, aproximando-os da disciplina, mostrando suas vertentes e possíveis pesquisas.
A imersão foi iniciada com a apresentação do projeto, dos alunos e da nossa proposta de trabalhar com quatro Grupos de Trabalho (GT), de acordo com o interesse de cada discente. Seriam eles: Saúde; Cultura Popular; Expressão corporal; Jogo e Esporte.
RESULTADOS:
Paulo Freire destaca que, mesmo o educando sendo subordinado à prática “bancária” do educador, que seria somente transferir conhecimento sem incentivo à produção e construção do discente, deve se imunizar desse processo, aumentando sua curiosidade pelo conhecimento. Entendendo que os alunos são alvo desse perfil educacional, não acostumados a problematizar questões de seu interesse, o GT Saúde apresentou uma grande demanda de estudos, o que pode ter desinteressado alguns alunos.
A ideia de uma disciplina somente prática empobrece o campo exploratório e deve ser desmitificada para que o aluno possa expandir seus conhecimentos, a fim de que desenvolva sua autonomia.
Dentre outros, destacamos a experiência vivenciada no GT da Saúde, com uma senhora do primeiro ano, interessada na prática e na ampliação do seu conhecimento sobre a caminhada. Nas aulas, debatemos e pesquisamos sobre o tema com a finalidade de buscar informações com que a aluna se identificasse e o melhor compreendesse seu trabalho.
Foi elaborado um programa de caminhada personalizado para que sua prática fosse vivenciada da melhor maneira. Esse programa foi inserido no diário, produzido pela discente, com informações teóricas sobre seu aprendizado, além de seus relatos sobre suas dificuldades e motivações semanalmente.
CONCLUSÃO:
QUESTÕES INICIAIS
Mesmo com apenas dois tempos de aula semanais, o que limita um pouco a continuidade da pesquisa, o estudo ultrapassou o espaço escolar por, talvez, ter trabalhado com tema de interesse da aluna. A visão da discente foi além da avaliação escolar, enxergando a relevância daquele espaço de discussão para sua formação como indivíduo, construindo conhecimentos de relevo para escolhas posteriores e inserindo a prática da atividade física à sua rotina.
Acreditando na perspectiva de Paulo Freire que “... ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”, a aluna encontrou na aula de Educação Física, um espaço onde se entende que professor e aluno estão em processo de (re) construção. Seus interesses foram relevantes e norteadores no desenvolvimento de seu problema de investigação.
Quais os fatores que podem limitar o desenvolvimento de metodologias baseadas em temas geradores? Será que criando um espaço onde o aluno irá vivenciar atividades de seu interesse, ajudará no desenvolvimento de sua autonomia? Quais os fatores que dificultam uma abordagem metodológica mais autônoma? São algumas questões que emergem perspectivas metodológicas diferenciadas, centradas no aluno como sujeito do processo educativo.
Palavras-chave: Ensino Noturno, Educação Física, Autonomia.