64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
TRABALHANDO ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE NO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II ATRAVÉS DA MEMÓRIA DE MORADORES DE MISSÃO DO SAHY, SENHOR DO BONFIM, BA. |
Fernanda Xavier Silva Santana 1 Paula Juliana da Silva Duarte 1 Samuel Alves Ferreira Santos 1 Síntia Patrícia dos Santos Silva 1 |
1. Bolsista PIBID - Colegiado de Ciências da Natureza - UNIVASF |
INTRODUÇÃO: |
Discutir a adolescência e sexualidade em aulas de ciências de forma que os saberes locais sejam valorizados é de grande importância, pois além da reflexão sobre: drogas, afetividade, sexo e prevenção, é uma grande oportunidade para os alunos conhecerem um pouco das gerações passadas, dos costumes, da moral, assim como as transformações ocorridas na sociedade que determinaram as mudanças de comportamento dos adolescentes atualmente. Por isso, foi realizada em Missão do Sahy, distrito de Senhor do Bonfim, BA, na Escola Municipal Antônio Bastos de Miranda, em uma turma do 8^o ano do ensino fundamental II, através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, uma atividade sobre Adolescência e Sexualidade. O trabalho teve o objetivo de sensibilizar os alunos quanto à importância da valorização das narrativas e dos saberes locais, instigá-los a uma alto-análise dos valores que os cercam atualmente e os que vigoravam a 30, 40 anos atrás e perceber os efeitos causados pelos hormônios sexuais no corpo. Dessa forma, os temas Adolescência e Sexualidade deixam de ser apenas assuntos mal discutidos em sala de aula, deixam de ser apenas textos de um capítulo do livro didático, ganhando uma importância de caráter social, de pesquisa e de valorização da memória de um povo. |
METODOLOGIA: |
Os alunos do 8º ano entrevistaram (livremente) idosos de Missão do Sahy, questionando-lhe sobre sua adolescência (o que fazia, do que gostava, como era o namoro, como era a relação com os pais). Depois, eles mesmos se entrevistaram (ou alguém de outra turma) falando sobre a sua juventude, sob os mesmos aspectos. A entrevista foi semi-estruturada em sala de aula. Feito o trabalho, os alunos compilaram tudo numa mídia de DVD (as informações, eventuais gravações e filmagens) para em fim todos assistirem e abrir a discussão. Depois, em sala de aula, foi discutido sobre as mudanças corporais (puberdade) e comportamentais causadas pelos hormônios, a partir da canção "Não vou me adaptar" de Nando Reis e do vídeo "Geração Saúde 2, episódio II: as grandes transformações da puberdade" da TV Escola. Em outra aula, foram abordadas as possíveis causas para a diferença de comportamento entre as gerações: a influência dos meios de comunicação, a revolução sexual da década de 60, a diminuição do poder de persuasão das religiões e a perda das tradições. Por fim, eles produziram textos, comparando o que puderam perceber na entrevista como os moradores, com a atual realidade da adolescência deles. |
RESULTADOS: |
Além dos conhecimentos adquiridos durante as aulas a adolescência e a sexualidade, o que de fato permitiu a entrega dos alunos ao conteúdo, foi o entrevistar, a contribuição que os moradores tiveram para o desenvolvimento da atividade. Por meio do contato direto com as memórias dos moradores mais velhos de Missão do Sahy, se pôde fazer uma comparação da diferença da adolescência entre as gerações, discutindo fatores relevantes para esta fase, como a sexualidade. Fazer um levantamento da memória dos moradores de Missão do Sahy foi um método muito significativo para o desenvolvimento desta atividade, pois permitiu aos alunos uma reflexão sobre a temática de tal forma que o conteúdo deixou de ser meramente um estudo fisiológico e fechado em sala de aula, ampliando-se para um estudo focado também na sua historicidade. A entrevista com os moradores proporcionou aos alunos uma experiência de pesquisa de caráter investigativo, assim como deu um primeiro passo para que a temática sexualidade pudesse ser abordada em sala de aula. Com o desenvolvimento da atividade, percebeu-se que os alunos ficaram mais abertos para se discutir sobre adolescência e sexualidade, principalmente no diz respeito à sexualidade, pois muitos não possuem diálogo com seus familiares sobre esta temática. |
CONCLUSÃO: |
Mesmo que esta atividade não tenha abrangido um número de alunos muito grande, o desenvolvimento da mesma proporcionou a nós bolsistas do PIBID um olhar diferenciado aos saberes locais, a importância da população para a contextualização dos conteúdos, assim como nos permitiu por em prática os conhecimentos adquiridos na faculdade a respeito da Sexualidade. O resgate da memória dos moradores tornou possível inovar, trazer a pesquisa e questionamentos para as aulas de ciências. A adolescência e a sexualidade foram discutidas levando-se em consideração não somente sua fisiologia, mas também sua historicidade, deixando de ser apenas um capítulo do livro didático a ser lido. Além disso, foram apontados vários fatores que podem ser responsáveis pelas transformações que ocorrem na adolescência ao passar das gerações, caracterizando um olhar também sociológico para a atividade. No mais, vale salientar que esta e tantas outras atividades só puderam ser desenvolvidas graças ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, pois infelizmente no Brasil ainda é muito irrisório o número de trabalhos de pesquisa feitos em sala de aula liderados por professores do ensino fundamental. |
Palavras-chave: Adolescência e Sexualidade, Ensino de Ciências, Memória. |