64ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 5. Micologia

SAZONALIDADE DOS FUNGOS DEMATIÁCEOS NA CIDADE UNIVERSITÁRIA-UFMA: CONHECENDO O AGENTE ETIOLÓGICO E EDUCANDO A COMUNIDADE.

Juan Francisco Rodriguez Galindo Neto 1,2 Wandson Rodrigues Sousa 1,2 Percylia Batista Cavalcante 1,2 Elaine Piancó 1,3 Walbert Edson Muniz Filho 1,4 Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento 1,5

1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA 2. Departamento de Farmácia 3. Departamento de Ciências Biológicas 4. Departamento de Patologia/NIBA/CCBS 5. Profa. Dra./ Orientadora – Departamento de Patologia/NIBA/CCBS

INTRODUÇÃO:

Os fungos são seres onipresentes amplamente encontrados no ar, seja no ambiente interno ou externo. São prevalentes em ambientes úmidos onde são denominados de mofos ou bolores e podem ser encontrados em: forros, cortinas, tapetes, roupas, livros, papéis velhos, colchões, travesseiros, sofás, almofadas entre outros. Os fungos dematiáceos são conhecidos por possuírem como característica a presença de melanina, responsável pela pigmentação escurecida de seus esporos e conídios o que parece se comportar como um fator de virulência. Mais de cem espécies e sessenta gêneros destes fungos implicam em um amplo espectro de infecções humanas. Este trabalho teve como objetivo identificar os fungos de cor presentes no ar na Cidade Universitária da UFMA, área Itaqui-Bacanga, correlacionando com a umidade relativa, temperatura e sazonalidade, tornando de conhecimento do público os resultados, a fim de alertar e orientar a população para este tipo de alérgeno correlacionando principalmente com as doenças respiratórias. Este estudo é de grande relevância, tendo em vista que a população do entorno da Cidade Universitária é em sua maioria carente e já mostraram vários casos de infecções fúngicas.

METODOLOGIA:

A coleta dos fungos do ar realizou-se mensalmente na Cidade Universitária/UFMA, área do Itaqui- Bacanga no período de Outubro de 2010 a Novembro de 2011. Utilizou-se o método da Placa exposta contendo ágar Sabouraud. As placas de Petri tinham 10 cm de diâmetro, por 2 cm de altura . Estas ficaram expostas em média 20 minutos, depois foram fechadas e transportadas para o Laboratório de Micologia do Núcleo de Imunologia Básica e Aplicada do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão. Após o crescimento das colônias, estas foram observadas diariamente para identificação macroscópica das colônias fúngicas, sendo em seguida isoladas e submetidas ao micro cultivo e posteriormente analisadas a microscopia óptica. Após a realização dos trabalhos no laboratório a equipe elaborou e confeccionou folders e cartazes contendo informações sobre os fungos alertando e informando a população sobre os riscos que estes podem causar, como também sobre as formas de prevenção e de tratamento.

RESULTADOS:

Foram expostas 60 placas, nas quais 150 colônias fúngicas foram isoladas. Destas um total de 122 colônias foram identificadas, revelando um total de 13 gêneros de fungos diferentes, sendo que quatro destes gêneros são fungos dematiáceos, sendo eles: Alternaria sp. F=2 e %= 1,33; Cladosporium sp. F=5 e %= 3,33; Curvularia sp. F=29 e %= 19,33; Exophiala spp. F=1 e %= 0,67. Juntos seu F=37 e %= 24,66. Quanto à sazonalidade o Curvularia sp. não apresentou diferença significativa entre o período chuvoso e de estiagem, já o Cladosporium spp. teve maior frequência no período de estiagem (julho-dezembro). A frequência do Alternaria sp. e do Exophiala foi pequena, mas o primeiro evidenciou-se nos dois períodos e o segundo somente no período chuvoso. As infecções pelos fungos dematiáceos possuem uma grande variedade de manifestações clinicas, representadas na pele como, cromoblastomicose e micetoma eumicótico e podem ocorrer doenças alérgicas como sinusite fúngica, além de pneumonia e abscesso pulmonar. Esporos de alguns gêneros de fungos no ar como de Alternaria sp. e Cladosporium sp. são encontrados em quase todo o mundo. Os esporos são geralmente considerados importantes causas de rinite alérgica e asma alérgica.

CONCLUSÃO:

Este estudo demonstrou claramente que o ambiente da Cidade Universitária da UFMA e arredores possui uma diversificada microbiota fúngica capaz de desencadear reações alérgicas, sensibilizar indivíduos atópicos e ocasionar possíveis infecções fúngicas das mais diversas origens e em que época do ano eles são mais frequentes. Com os resultados obtidos vemos a necessidade de trabalhar a orientação da comunidade que frequenta os espaços da Cidade Universitária, informando-lhes sobre os riscos, assim como sobre as maneiras preventivas.

Palavras-chave: Fungos dematiáceos, Cidade Universitária, Comunidade.