64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Orgãos e Sistemas
REGULAÇÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA SÍNTESE DOS HORMÔNIOS TIREÓIDEOS POR INSULINA E ADIPONECTINA
Diorney Luiz Souza Gran da Silva 1
Gustavo de Carvalho Pedrazzi 2
Denise Pires de Carvalho 3
Andrea Claudia Freitas Ferreira 4
1. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
2. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
3. Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
4. Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ
INTRODUÇÃO:
O primeiro passo fundamental à biossíntese hormonal tireóidea é a captação de iodeto, realizada pelo co-transportador Na+/I- (NIS). Posteriormente, a tireoperoxidase (TPO) catalisa a oxidação do iodeto, a iodação de resíduos tirosina da tireoglobulina e o acoplamento entre iodotirosinas, com consequente formação dos hormônios tireóideos. Para tanto, a TPO requer como co-fator H2O2, que é gerado pela oxidase dual (DuOx). A DuOx é membro da família NADPH oxidase e catalisa a transferência de elétrons do NADPH para o oxigênio molecular, com formação de H2O2. Tendo em vista que o H2O2 é uma espécie reativa de oxigênio (ROS), a produção excessiva deste composto pode resultar em danos aos componentes celulares dos tireócitos e conseqüente doença da tireóide. A insulina é um hormônio protéico produzido pelas células beta das ilhotas pancreáticas, fundamental para a regulação do metabolismo energético, sendo empregada no tratamento de pacientes diabéticos. A adiponectina é um hormônio secretado pelo tecido adiposo, que também está envolvido na regulação da glicemia. Dados acerca da regulação da atividade da DuOx tireóidea, TPO e NIS pela insulina e pela adiponectina são escassos na literatura, sendo este o foco do presente estudo.
METODOLOGIA:
Para a avaliação do efeito da insulina sobre as enzimas DuOx e TPO, ratos Wistar machos adultos foram divididos em: C (controle, n=6), 4H (insulina 1U/100g P.C. administrada 4 h antes do sacrifício, n=7) e 2D (insulina 1U/100g P.C. administrada por 2 dias, de 12 em 12h, n=7). Os animais foram sacrificados por decapitação e as tireóides foram obtidas, processadas e a concentração de proteína nas amostras foi mensurada. Posteriormente, a atividade da DuOx foi medida, através do método do Amplex Red, assim como a atividade da TPO, através do método da oxidação do iodeto. Para a avaliação do efeito da insulina e da adiponectina sobre a captação de iodeto in vitro, linhagem de células de tireóide de ratos (PCCL3) foram cultivadas em placas de 24 poços em meio F12 4H contendo 0,2% SFB, TSH (1mU/ml); insulina (0; 0,1; 1; 10; 50 e 100ng/ml) ou adiponectina (0; 0,01; 0,1 e 1µg/ml). Para avaliar a captação de iodeto, a placa é lavada com HBSS e em seguida adiciona-se NaI125 (0,1mCi). Incuba-se na estufa a 37ºC por 45 min. Despreza-se o I125 e lava-se novamente com HBSS. As células são lisadas adicionando-se NaOH (0,1 M). O conteúdo é transferido para tubos de ensaio e a radioatividade é mensurada em contador gama.
RESULTADOS:
O tratamento com insulina por 2 dias levou ao aumento da atividade DuOx em relação ao grupo controle (C=6,28±3,94; 4H=14,83±4,27; 2D=16,79±2,01 nmoles H2O2.h-1.mg-1 de proteína), sugerindo efeito estimulatório sobre a atividade da DuOx tireóidea. Em relação à atividade da TPO, esta se mostrou diminuída em ratos tratados com insulina por 2 dias (C¬=3,8±0,6; 4H=3,5±1,1; 2D=1,4±0,5 U/mg de proteína). Tendo em vista a maior geração de H2O2 decorrente da atividade DuOx aumentada, é possível que tenha ocorrido dano oxidativo à TPO, diminuindo sua atividade. Como a TPO utiliza H2O2 como cofator, a redução de sua atividade contribuiria ainda mais para o aumento da disponibilidade de ROS na tireóide dos animais tratados com insulina, predispondo ao desenvolvimento de doenças da tireóide. Houve diminuição da captação de iodeto pelo tratamento com insulina, nas doses de 50 e 100ng/ml (C=73,6±8,3; 0,1=32,4±8,5; 1,0=23,9±6,3; 10=17,9±0,3; 50=10,1±1,9; 100=10,0±0,7 cpm/µg de proteína) e com adiponectina, na dose 1µg/ml (C¬=55,4±2,2; 0,01=58,2±3,0; 0,1=43,2±1,9; 1,0=37,6±2,8 cpm/µg de proteína). Tendo em vista que o iodeto é fundamental para a biossíntese dos hormônios tireoidianos, a adiponectina e a insulina poderiam comprometer a síntese desses hormônios.
CONCLUSÃO:
O tratamento com insulina em doses excessivas poderia levar a maior estresse oxidativo na tireóide, predispondo o paciente a desenvolver enfermidades desta glândula, devido ao aumento da atividade da DuOx e diminuição da atividade da TPO. Além disso, a insulina e a adiponectina inibiram a captação do iodeto pelos tireócitos, o que também poderia comprometer a função tireóidea normal.
Palavras-chave: Insulina, DuOx (oxidase dual), TPO (tireoperoxidase).