64ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 4. Sociolinguística
A REALIZAÇÃO DO /S/ POSVOCÁLICO NA FALA DO TERESINENSE: uma análise variacionista
Cyntia Raquel de Sousa Lopes UESPI
1. Profa Dra. Lucirene da Silva Carvalho -Departamento de Letras/português -UESPI
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa se propôs a estudar as variações do fonema /s/ posvocálico no falar teresinense, tendo como sujeitos investigados homens e mulheres de faixa etária e escolaridade variadas. Neste sentido, traçou-se um panorama da realidade linguística dessa comunidade através dos aspectos fonético-fonológicos com vistas a registrar as variações que esse fonema apresenta. O estudo levará em consideração os aspectos sistêmicos (internos à própria língua) e externos (motivados pelos fatores sociais) como postula a teoria variacionista.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi realizado com base no modelo teórico-metodológico da Sociolinguística iniciado pelo americano William Labov. Primeiramente realizaram-se pesquisas bibliográficas, para o fortalecimento teórico das bases da pesquisa. Em seguida, foi elaborado um corpus para o estudo dos dados linguísticos composto por 08 células, cada uma com um informante, sendo 04 homens e 04 mulheres, com idades variando entre 18-39 anos e mais de 40 anos e nível de escolaridade também variável, correspondentes ao ensino fundamental, médio e superior (completo ou incompleto).
Na última etapa da pesquisa, os dados foram codificados, levando-se em conta as variáveis dependentes e independentes com suas respectivas variantes, seguida da rodagem dos dados no programa de computador Goldvarb X.
RESULTADOS:
A partir da análise, verificou-se na materialização do som de algumas palavras, a realização de fonemas que têm seu ponto de articulação, simultaneamente, no palato e alvéolos, sendo caracterizado como alveopalatal [ᶘ]. Assim, passou-se a discutir a ocorrência alveopalatal [ᶘ] e alveolar [s] nas falas, uma vez que as sibilantes se caracterizam como alveolares e alveopalatais. conforme os resultados encontrados, percebeu-se que os fatores linguísticos são condicionadores das variações estudas. Nesse aspecto, como assevera Silva (2004, p. 67) “nesse tipo de estudo, que entre os fatores internos, os de natureza fonológica prevalecessem”. Nesse trabalho, o /s/ posvocálico, diante de oclusiva dental, realiza-se mais alveopalatalizado, entretanto, alguns informantes realizaram-no da forma alveolar (característica predominante nos dialetos do sul/ sudeste), o que, de certa maneira, revela um prestígio social dos falantes. Apresentar-se-á uma análise parcial dos dados referentes a algumas variáveis, tratando-se especificamente, neste trabalho, das variáveis sociais. Quanto ao fator sexo, a realização das duas variáveis (alveolar e alveopalatal), as mulheres ou estão no ponto neutro (51,6%) ou se aproximam dele (48,4%). Tais resultados confirmam o que os variacionista ressaltam sobre as diferenças entre homens e mulheres, dentre eles Paiva (2004, p. 38), ao dizer que o falante dispensa maior atenção à sua fala, e são menos expressivas ou tendem a se neutralizar em estilos informais.
CONCLUSÃO:
Comparando-se os resultados verificados para os fenômenos de instabilidade linguística, como a realização do /s/ posvocálico, contata-se que os resultados das variantes se aproximam do ponto neutro (50%), entretanto, há de se considerar a maior ocorrência da variável alveolar [s]. Conforme verificado nas análises, o falante inova o seu modo de falar, seja por influência dos fatores sociais, seja por estar simplesmente estar diante de uma situação incomum – a entrevista acadêmica.
Palavras-chave: Alveolar, alveopalatal, Sociolinguística Variacionista..