64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
Seletiva atividade de cito e genotoxicidade de compostos de rutênios coordenados com aminoácidos em modelos celulares murinos in vitro
Francyelli Mariana dos Santos Mello 1
Aliny Pereira Lima 1
Hellen Karine Paes Porto 1
Elisângela de Paula Silveira Lacerda 1,2
1. Lab. de Genética Molecular e Citogenética, Depto de Biologia Geral, ICB/UFG
2. Profa. Dra / Orientadora - Depto de Biologia Geral, ICB/UFG
INTRODUÇÃO:
O câncer é considerado um problema evidente de saúde pública mundial, seu desenvolvimento se dá por acúmulo de lesões no DNA, que geram mutação em um ou mais genes que regulam os processos de proliferação, diferenciação e morte celular. O câncer de mama, segundo o INCA, é o tipo mais frequente em mulheres, representando 23% de todos os tipos de câncer, sendo esperados mais de 52 mil casos novos desse câncer. A apesar da quimioterapia ser o método mais efetivo para o tratamento do câncer, alguns tipos de tumores apresentam baixa fração de crescimento, como o câncer de mama e de colo do útero, consequentemente esses tipos de tumores apresentam uma menor suscetibilidade à quimioterapia. Além disso, o uso de quimioterápicos provoca alta incidência de efeitos adversos devido à elevada toxicidade e inespecificidade, o que nos leva ao desenvolvimento e investigação de novos quimioterápicos, com destaque aos compostos de rutênio, estudados desde a década de 80, que demonstram propriedades antimetastática, baixa toxicidade e alta seletividade para células tumorais. Frente a essa problemática o estudo se baseou na determinação do perfil cito e genotóxico de composto de rutênio coordenados com aminoácidos em modelo tumoral de mama murino, tumor de Ehrlich.
METODOLOGIA:
Células do tumor de Ehrlich, carcinoma de mama murino (ATCC® CCL-77TM) e células de L-929, fibroblasto de mama, (ATCC® CCL-1TM); foram mantidas em cultura in vitro de acordo com o protocolo estabelecido pela ATCC. Para avaliar a atividade citotóxica dos compostos de rutênio, assim denominados RuAla, RuGly e RuTrp, utilizou-se o método colorimétrico, MTT, sendo que 1x105 de células de Ehrlich e 1x104 de células de L-929 foram plaqueadas em microplacas de 96 poços na ausência ou presença dos compostos (0,2 a 200 µM) e cisplatina (0,2 a 200 µM), incubadas por 48hs em estufa a 37oC e 5% de CO2. O valor da IC50 (concentração que inibe 50% da viabilidade celular) foi determinado pela curva dose resposta utilizando o programa estatístico GraphPad Prism 4. Para detecção de danos ao DNA, utilizou-se a versão alcalina do ensaio cometa segundo Singh, (1988), onde 1x105 de células tumorais e 2x104 de células de L-929 foram plaqueadas na ausência ou presença do composto RuTrp (10, 20 e 50 µM) e cisplatina (50 µM) por 48hs. A análise dos cometas foi realizada pelo software CometScore. Foram examinados aleatoriamente 100 nucleóides de cada concentração, assim como os controles negativo e positivo.
RESULTADOS:
O composto RuAla apresentou IC50 de 100,88µM para a célula L-929 é de 242 µM para o tumor de Ehrlich, já o RuGly apresentou IC50 de 93,31µM e 50,80µM, para L-929 e tumor de Ehrlich, respectivamente. Embora o RuGly apresente atividade para as células do tumor de Ehrlich, o RuTrp é considerado mais ativo pela diferença das IC50, sendo necessário quase o triplo da IC50 da célula tumoral (8,70µM) para inibir 50% da viabilidade das células L-929 (21,28 µM). A cisplatina apresentou menor IC50 para L-929 (29µM) do que para a célula tumoral (60µM). A partir do cálculo da IC50, realizou-se o ensaio cometa com o RuTrp. Os resultados demonstraram que nas concentrações testadas (10, 20 e 50µM) o RuTrp induziu dano nas células de Ehrlich em 20µM (ID=24,5; p < 0,05) e 50µM (ID=30,5; p < 0,01) quando comparado com o controle negativo, já a cisplatina na concentração de 50µM não apresentou dano significativo ao DNA dessas células. Para a célula L-929, nas mesmas concentrações, o RuTrp não induziu dano significativo ao DNA dessas células, já a cisplatina induziu dano estatisticamente significativo (ID=46,5; p < 0,01). Esses resultados ressaltam as propriedades atribuídas aos compostos de rutênio, demonstrando seletividade para célula tumoral e provável interação com o DNA.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados obtidos os compostos RuGly e RuTrp demonstraram caráter citotóxico para as células tumorais de Ehrlich, além de apresentarem seletividade pela linhagem tumoral em comparação a linhagem L-929. O composto RuTrp se mostrou genotóxico para o tumor de Ehrlich e não genotóxico para a linhagem celular L-929.
Palavras-chave: Compostos de Rutênios, Citotoxicidade, Dano ao DNA.