64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DE UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ: SUBSÍDIOS PARA RECUPERACÃO DO ECOSSISTEMA.
Amanda Lídia de Sousa Paula 1
Rafaela Camargo Maia 2
1. Laboratório de Ecologia de Manguezais, IFCE.
2. Profa. Dra./ Orientadora – Laboratório de Ecologia de Manguezais, IFCE.
INTRODUÇÃO:
O manguezal é um ecossistema costeiro, que funciona como filtro biológico e regulador do meio ambiente. A estrutura vegetal dos bosques de mangue influencia diretamente as condições e o funcionamento das florestas e assim, sua caracterização constitui uma importante ferramenta no que se refere à resposta desse ecossistema às condições ambientais existentes, auxiliando nos estudos que objetivam a sua conservação. Observando a altura, a área basal, a densidade das espécies e a frequência das árvores de mangue, além de testar a existência de padrões de zonação de espécies em áreas remanescentes, chega-se a uma caracterização deste ambiente, e consequentemente o reconhecimento e distribuição das espécies mais adequadas à região. O objetivo deste trabalho é estudar a estrutura vegetal de bosques de mangue e avaliar se os manguezais estudados apresentam um padrão de zonação, considerando a composição específica e a densidade das espécies em relação à distância do rio. Os resultados obtidos servirão de subsídios para recomposição florestal em áreas impactadas adjacentes.
METODOLOGIA:
O presente estudo foi desenvolvido no manguezal do estuário do rio Acaraú, próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do estado do Ceará. A caracterização da estrutura vegetal deste manguezal foi baseada no emprego de parcelas múltiplas, com a replicação dos transectos para que os dados obtidos sejam mais representativos. Foram demarcados três transectos, á dez metros da margem do rio, e em cada um, cinco parcelas de cem metros quadrados cada, distanciadas cinco metros. Em cada parcela, as plantas foram identificadas quanto à espécie e tiveram sua altura estimada e o CAP (circunferência na altura do peito – um metro e trinta centímetros do solo) medido com fita métrica. Os dados foram transformados em diâmetro á altura do peito e ainda foram calculados os valores médios da altura, do DAP, área basal dos indivíduos, da densidade de troncos vivos e mortos e a frequência e dominância relativa por espécie. Para comparar a altura, o DAP e a área basal entre as parcelas foi utilizada uma Análise de Kruskall-Wallis. Quando observadas diferenças significativas foi realizado o teste de comparações múltiplas. Para avaliar as diferenças de densidade de árvores e de cada uma das espécies foi realizada uma Análise de Variância (ANOVA).
RESULTADOS:
No estuário do rio Acaraú foram registradas cinco espécies: Rhizophora mangle, Avicennia germinans, A. shaueriana, Laguncularia racemosa e Conocarpus erectus. Em todas as parcelas constatou-se a presença de troncos cortados e a disposição de lixo. Dentre as espécies amostradas na área, observou-se que L. racemosa encontra condições bastante favoráveis para um bom desenvolvimento em todas as parcelas, sendo assim a espécie mais dominante, frequente, e com maior altura e área basal média. Não foram observadas diferenças significativas na densidade de árvores entre as parcelas. A composição de espécies também não variou estatisticamente entre as parcelas. Entretanto, podemos obsevar que L. racemosa e A. germinans estiveram presentes em todas as parcelas. R. mangle foi registrada apenas na parcela dois. C. erectus nas parcelas um e dois, enquanto A. shaueriana foi encontrada nas três parcelas, mas em pequeno número. A altura e o DAP variou entre as parcelas, demonstrando que as árvores mais próximas ao rio possuem os maiores valores. Os dados aqui apresentados demonstram que de forma geral, o manguezal estudado é pouco desenvolvido e não apresenta um padrão claro de zonação. Entretanto observamos uma diminuição na altura das árvores assim como no seu DAP com a distância do rio.
CONCLUSÃO:
A estrutura vegetal do bosque de mangue estudado no Ceará é pouco desenvolvida, considerando os valores de altura, DAP e área basal e a área estudada não apresenta um padrão claro de zonação de espécies. Apesar de ser área de preservação permanente - APP, o ecossistema manguezal vem sendo degradado rapidamente na região do estuário do rio Acaraú. Os dados apresentados ressaltam a grande importância de ações de reflorestamento e educação ambiental, para a manutenção destas áreas.
Palavras-chave: Acaraú, Estrutura vegetal, Reflorestamento.