64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 9. Educação Permanente
TRABALHO E MATERNIDADE: O DILEMA DA MULHER-MÃE TRABALHADORA
Elyziane Rhaquel Araújo Morais 1
Leonardo Afonso Pereira da Silva Filho 2
Ligia Pereira dos Santos 3
1. Depto. de Educação- Universidade Estadual da Paraíba-UEPB
2. Depto. de Educação Física- Universidade Estadual da Paraíba-UEPB
3. Profa. Dra./ Orientadora- Depto. de Educação- Universidade Estadual da Paraíba-UEPB
INTRODUÇÃO:
Atualmente a mulher- mãe trabalhadora enfrenta vários dilemas em sua vida, dentre eles podemos ver as responsabilidades a elas atribuídas para exercer sua função de trabalhadora competente, boa mãe, boa esposa, boa dona de casa. A sociedade culpabiliza as mães trabalhadoras por deixarem seu lar para trabalhar e pelos problemas que acontecem com os filhos/as em sua ausência, gerando, assim, nesta mulher a culpa por não ser tão presente na vida cotidiana do/a filho/a, por se dividir em várias atividades, e não estar tão presente em sua casa. Nosso objetivo foi avançar nas análises sobre a história do trabalho feminino e o ônus que elas tem de pagar por esta escolha, nos aspectos das responsabilidades maternas de mulheres trabalhadoras na educação dos filhos/as, frente às atribuições delimitadas por professoras/es da educação infantil, com o intuito de descobrir junto à comunidade, em voga, questões discriminatórias de gênero alicerçadas na história das práticas escolares e familiares.
METODOLOGIA:
O trabalho em voga apresenta os resultados finais da pesquisa do Programa de Iniciação Científica(PIBIC) da Universidade Estadual da Paraíba financiado pelo CNPq, que realizamos em uma creche do município de Campina Grande, no período de julho de 2010 a julho de 2011. O universo da pesquisa foi constituído pelas crianças, mães e professoras da creche, onde utilizamos questionários, entrevistas, oficinas, encontros, além da observação do cotidiano da creche. Quanto às crianças, aplicamos um projeto didático pedagógico onde trabalhamos as relações de gênero, investigando os padrões sociais familiares da infância. Os dados coletados foram confrontados com os estudos bibliográficos que nos propiciou uma reflexão em torno das questões de gênero feministas. Dialogamos com diversos teóricos tais como: Banditer(1985), Forna(1999), Bourdieu (2010), Louro(2010), Santos (2008), Faria e Nobre(2003), entre outros.
RESULTADOS:
A partir dos resultados obtidos ao longo da pesquisa podemos confirmar que a mulher trabalhadora, em geral, entra em conflito com a necessidade de trabalhar e de cuidar dos filhos/as e dar atenção à família. Existe uma cobrança das professoras, da escola, da família e da sociedade em relação à maternidade e o cuidado das mães com as crianças, onde estas são as únicas responsáveis pelos infantes, podemos notar também que há uma autoculpabilização das mães em relação aos filhos/as, onde elas se acham as únicas responsáveis pelo cuidar, ficando assim explícito que essas mulheres mães trabalhadoras reproduzem, mais uma vez, estereótipos, contribuindo para sua dominação.
CONCLUSÃO:
Devemos encarar a escola como um espaço que fabrica sujeitos e produz identidades diversificadas. Se percebermos e reconhecermos que a educação se dá de forma desigual, reproduzindo estereótipos, com nossa ajuda ou descaso; se nos sentirmos incomodados com essa situação e buscarmos a mudança para interferir na realidade atual, necessitaremos buscar eliminar nas escolas as relações de poder. É preciso construir diversas estratégias de mudança e conscientização, mudanças didático-pedagógicas, mudanças de postura, objetivando interferir nas relações sexistas existentes na creche em voga, a fim de construirmos uma educação igualitária e entendermos que a construção de gênero é histórica e se faz incessantemente e as relações entre homens e mulheres estão sempre se transformando e as identidades de gêneros também.
Palavras-chave: Maternidade, Gênero, Infância.