64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 5. Rádio e Televisão
NAS ONDAS DA MEMÓRIA DA RÁDIO PIONEIRA DE IMPERATRIZ-MA
Nayane Cristina Rodrigues de Brito 1
Alexandre Zarate Maciel 2
Roseane Arcanjo Pinheiro 3
1. Depto.de Comunicação Social - Jornalismo – UFMA/Campus de Imperatriz
2. Prof. Mcs./ Orientador - Depto.de Comunicação Social - Jornalismo – UFMA/Campus de Imperatriz
3. Profa. Mcs./ Orientadora - Depto.de Comunicação Social - Jornalismo – UFMA/Campus de Imperatriz
INTRODUÇÃO:
Em Imperatriz, localizada a oeste do Maranhão, as primeiras experiências radiofônicas ocorreram na década de 1960. E apenas em 1978 surgiu a primeira emissora legalizada da cidade, a Rádio Imperatriz Sociedade Limitada.
Poucas eram as informações sobre a emissora nas produções bibliográficas imperatrizenses, elas se resumiam a data de fundação e o nome do fundador.
Diante dessa realidade emergiu o interesse de preencher as lacunas existentes para a compreensão da história da rádio pioneira da cidade.
Logo, o objetivo principal da pesquisa é relatar a trajetória da Rádio Imperatriz Sociedade Limitada baseada na memória narrativa de seus protagonistas.
Optamos por verificar toda a trajetória da rádio, desde sua fundação ao fechamento. Um espaço de tempo de mais de vinte anos, antes guardado na memória e nos arquivos pessoas daqueles que passaram pela emissora.
A população imperatrizense precisa conhecer suas histórias e seus personagens anônimos. Esse é um dos passos para a valorização do patrimônio, cultura e da história da cidade.
Este estudo cumpriu com a missão de tornar conhecida parte da história do rádio imperatrizense por meio de narrativas que trazem a tona a Rádio Imperatriz com seus protagonistas, atuação e momentos marcantes.
METODOLOGIA:
Para atingir o objetivo proposto iniciamos o estudo com a pesquisa bibliográfica, para propiciar a obtenção do referencial teórico relacionado ao tema aqui proposto.
Em meio a escassez de informações sobre a Rádio Imperatriz percebemos a necessidade do uso de narrativas que indicassem pistas sobre a história da emissora.
Diante dessa realidade optamos pelo método da História Oral, que valoriza as vozes dos mais diversos grupos sociais e possibilita novas versões do processo histórico.
Na coleta dos dados qualitativos, foram realizadas entrevistas em profundidade e semi-abertas aos sujeitos da pesquisa.
Ao longo do estudo foram realizadas 26 entrevistas. Entre elas a sete ouvintes, dezesseis funcionários que passaram pela emissora e a mais duas fontes para completar informações.
Todas as entrevistas foram gravadas em gravador digital e algumas informações foram registradas no caderno de campo. O material coletado foi transcrito na íntegra e analisado.
Durante as entrevistas buscamos resgatar detalhes de ambientação, histórias curiosas, descrições físicas e as tecnologias utilizadas na rádio.
A análise documental deu suporte enquanto técnica. Foram analisadas gravações magnéticas de som da emissora, fotografias, jornais com matérias sobre a rádio e uma Carta Simplificada da rádio.
RESULTADOS:
Meio-dia de 28 de outubro de 1978 entrava no ar a Rádio Imperatriz. A emissora surgiu em plena ditadura militar. Imperatriz dava sinais de uma cidade favorável para o comércio. Nesse período o advogado e radialista Moacyr Spósito Ribeiro conseguiu a concessão da rádio com o apoio político do atual ministro de Minas e Energia Edison Lobão e do na época senador Henrique de La Rocque.
Um dos pontos que deram destaque a emissora foi a atuação jornalística. Entre os programas jornalísticos estavam o Café da Manhã, Jornal dos Municípios, Sentinela Policial, Jornal 890, entre outros.
Para os amantes do esporte, a rádio apresentava um programa de esporte, depois do jornal do meio dia e à noite. Com notícias sobre os campeonatos, jogos, times, incentivo à participação dos times locais em eventos esportivos, entre outros assuntos.
Entre os momentos que marcaram a trajetória da emissora destacamos o incêndio que ocorreu em 28 de fevereiro de 1983; a promoção do show do rei Roberto Carlos e a mudança do transmissor de 1.000 watts para 10 mil watts.
Por 27 anos a Rádio Imperatriz levou informação e entretenimento para muitos ouvintes. Em 2005, após a morte do proprietário, a emissora foi vendida para a Associação Cidade Esperança. A programação voltou-se para o público evangélico.
CONCLUSÃO:
As narrativas revelam momentos marcantes na trajetória da Rádio Imperatriz. As análises nos permitiram entender as memórias traduzidas em palavras, os silêncios, as emoções e as reflexões.
A partir dos relatos foi possível verificar que a emissora encontrou seu lugar no cotidiano dos imperatrizenses e de cidades circunvizinhas.
As músicas sertanejas, as modas de viola, MPB, as orquestras. Todos esses ritmos musicais chegavam diariamente a diversos moradores da Região Tocantina. A dona de casa ficava atenta às dicas sobre tarefas domésticas e a receitas culinárias. As jovens se encantavam com a voz dos locutores e ficavam esperando o horóscopo do dia. Os adultos paravam para ouvir as notícias.
O jornalismo da rádio se mostrou atuante a partir dos esforços dos jornalistas e do proprietário da rádio. Para levar aos ouvintes informações de interesse público havia a preparação das pautas, a busca da notícia, em alguns momentos os repórteres até se arriscavam, o que gerou ameaças e vítimas de atentado.
Através dos programas faziam-se cobranças às autoridades do município e destinavam-se espaços para as reclamações da população.
A Rádio Imperatriz superou grandes desafios, gerou conhecimentos para os comunicadores e também para a sociedade.
Palavras-chave: Rádio Imperatriz, Memória, História.