64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
OFICINA DE HISTÓRIA: (RE) CRIANDO ALTERNATIVAS DE ENSINAR E APRENDER HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA.
Dionizio Pereira Cavalcante 1
Sandra Regina Rodrigues dos Santos 2
1. Graduando em História - CECEN - UEMA
2. Profa. Dra./ Orientadora - CECEN - UEMA
INTRODUÇÃO:
No projeto foram realizadas “oficinas da história” com alunos da rede pública, da educação básica, discutindo temáticas da disciplina por meio de novas metodologias, que envolvam o uso de recursos didáticos e fontes diferenciadas para dinamizar o processo de aprendizagem dos alunos/as, tornando-os produtores/as do conhecimento e sujeitos reflexivos. O público-alvo foi constituído por alunos/as da escola básica, nas escolas onde ocorreu o estágio curricular dos alunos do curso de história da Universidade Estadual do Maranhão. Foi uma experiência, realizada em conjunto com a disciplina Estágio I e II, na qual os alunos desenvolveram atividades de regência de sala de aula, de pesquisa e extensão. A relevância do projeto está na dinamização do ensino, possibilitando um outro olhar sobre o conhecimento histórico, sua importância social, com práticas pedagógicas que possibilitaram aos alunos/as uma nova vivência do fazer histórico, debatendo temas relacionados ao seu cotidiano, como cidadania, identidade, patrimônio cultural, etc.. Em outras palavras, desenvolver uma outra prática da escola que favoreça a “aproximação das práticas escolares em relação à outras práticas sociais e culturais aos espaços urbanos tratados como territórios educativos” (MOOL, 2009, p. 15)
METODOLOGIA:
A metodologia adotada para a interação conforme o proposto por Imbernon (2009, p. 11), “uma metodologia para comunicação na resolução de problemas, no contraste de procedimentos ou na construção de conceitos e esquemas, sejam aquelas de caráter cognoscitivo, ético ou procedimental. Dessa forma, articulou-se uma estratégia que fizesse com que os alunos do estágio, assim como os professores da escola-alvo do projeto, diversificassem seu fazer pedagógico, utilizando diferentes recursos e estratégias de construção do conhecimento, através das “oficinas de história”. A primeira etapa foi a condução dos alunos aos diversos espaços de exposição da memória, como museus, teatros, casas de cultura... Na segunda etapa, os grupos de alunos reunidos em espaços como a sala de aula, foram incitados a refletir sobre a identidade passado/cotidiano através de manuscritos e documentos diferenciados. Nesse sentido, incentivamos a criação de um espaço para guardar mapas, documentários, slides, filmes, data show, ou seja, alguns equipamentos e recursos áudios-visuais que contemplem elementos da realidade de determinada época, incitando-o a refazer e elaborar conceitos, ou seja, participar da construção do conhecimento. Como propôs Paulo Freire, na relação indissociável entre a leitura do mundo e a leitura da palavra, cujos resultados possam se “configurar como processos de criação social, cultural e pedagógica que proponham novas leituras do tempo escola e do próprio significado da existência.
RESULTADOS:
O projeto visando à construção de um ensino ético, crítico e democrático, envolvendo o uso de diversos recursos didáticos, fontes diferenciadas e a aula de campo objetivando dinamizar o processo de aprendizagem dos estudantes tornando-os produtores do conhecimento e sujeitos reflexivos. Assim, considera-se como um aspecto positivo e de extrema relevância a mudança de concepção e de postura dos alunos antes e depois do desenvolvimento do projeto em relação ao saber histórico. No que tange aos alunos tanto do Colégio Liceu Maranhense, no centro da cidade quanto da Escola Geraldo Melo, na região Cohab – Anil, nos primeiros contatos nas palestras e oficinas demonstravam uma concepção da história como um saber fixo, fechado em datas, acontecimentos e personagens específicos, ou seja, a história como simples memorização de datas e acontecimentos. A ruptura com memorização e conteúdos tradicionais se constituiu como outra estratégia importante. As oficinas, com temas ligados a identidade, patrimônio e pluralidade cultural, que possibilitaram instigar os alunos à reflexão sobre sua realidade concreta, permitindo a sala de aula transformar-se em um ambiente de discussão/produção do saber.
CONCLUSÃO:
O espaço de memória característico do museu propiciou aos alunos fazerem uma reflexão crítica da História enquanto disciplina, no seu cotidiano. Dos olhares “curiosos” dos alunos, pode-se perceber uma tentativa mais profunda de reflexão no que tange a relação que existe entre História e construção da cidadania e, sobretudo, identidade. Como proposto por Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia, segundo o autor cabe ao docente incentivar e incitar o choque crítico entre a leitura da palavra e a leitura de mundo. A estratégia essencial das oficinas foi a transformação dos alunos em sujeitos críticos e reflexivos, transformando esses espaços em locais de discussão e introdução da alteridade e da ressignificação da memória histórica. As inúmeras possibilidades de se trabalhar a identidade e as diferenças sociais e culturais exploradas a partir dos “espaços de memória” e do próprio cotidiano, ou seja, a realidade concreta que cerca os discentes permitiu a desconstrução de uma concepção histórica onde o passado se apresentava desconexo e nebuloso em relação ao presente.
Palavras-chave: Oficina; História; Patrimônio; Diversidade