64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal |
RELAÇÕES FILOGENÉTICAS E FILOGEOGRÁFICAS ENTRE GÊNEROS DA FAMÍLIA Myrtaceae DO RIO GRANDE DO SUL BASEADAS NO GENE matK |
Lilian de Oliveira Machado 1 Afnan Khalil Ahmad Suleiman 1 Ghaith Khalil Ahmad Suleiman 2 Valdir Marcos Stefenon 3 |
1. PPG em Ciências Biológicas da UNIPAMPA Campus São Gabriel 2. Universidade Federal do Pampa Campus Alegrete 3. Prof. Dr./Orientador – PPG em Ciências Biológicas da UNIPAMPA Campus São Gabriel |
INTRODUÇÃO: |
A Família Myrtaceae, pertencente à ordem Myrtales, compreende cerca de 100 gêneros com aproximadamente 3000 espécies. Embora ocorram em todo o mundo exceto na região Antártica, dois grandes centros de dispersão são reconhecidos, nas Américas e na Austrália. Essa família é dividida em duas subfamílias: Myrtoideae e Letospermoideae . A primeira apresenta um grande número de espécies nativas do Estado do Rio Grande do Sul (RS), enquanto a segunda concentra-se principalmente na Australásia e região Indo-Malaia. No entanto, algumas espécies oriundas da subfamília Letospermoideae foram introduzidas e são cultivadas no sul do Brasil por apresentarem madeira valiosa ou por seu aspecto ornamental. Supõe-se que os gêneros da Família Myrtaceae apresentam relações filogenéticas que estão relacionadas com a sua origem geográfica. O objetivo deste trabalho foi analisar as relações filogenéticas e filogeográficas existentes entre gêneros da Família Myrtaceae baseadas no gene matK . O gene matK é um dos mais estudados e utilizados na sistemática de plantas, por ser um gene conservado. Utilizou-se esse gene no presente trabalho, pela eficácia do mesmo, comprovada em estudos similares. |
METODOLOGIA: |
As sequências codificantes do gene matK foram obtidas no banco de dados GeneBank do NCBI (National Center for Biotechnology Infomation - http://www. ncbi.nlm.nih.gov/BLAST), para espécies da família Myrtaceae e para os grupos externos. As sequências obtidas foram alinhadas utilizando-se o software ClustalX. O conjunto de dados foi analisado através de diferentes abordagens: fenética (Neighbor-Joining, NJ), cladística (Máxima Parcimônia; MP) e probabilística (máxima verossimilhança, MV) utilizando o software Mega 5.05. A análise de bootstrap com 1000 réplicas foi realizada para avaliar o suporte interno para as três análises. |
RESULTADOS: |
A partir da busca realizada no GeneBank, foram selecionadas 19 espécies da sub-família Myrtoideae (nativas do RS) e 10 espécies da sub-família Letospermoideae. Além dessas, três espécies pertencentes à Família Penaeaceae, ordem Myrtales foram selecionadas como grupo externo. Para as três abordagens de análise de relações filogéticas, observam-se dois grupos principais, um formado pela subfamília Myrtoideae e outro pela subfamília Letospermoideae. A análise de MP originou 186 árvores com índice de consistência de 0,91 sugerindo um baixo nível de homoplasia. O agrupamento dos gêneros Myrcia, Calyptranthes, Marlierea é o único parafilético. Há uma clara separação entre os grupos formados pela subfamília Myrtoideae, à qual pertencem os gêneros sul americanos, com suporte de bootstrap de 96%, e pela subfamília Letospermoideae, que se dividiu em dois subgrupos: o dos gêneros nativos da Oceania representados por Eucalyptus, Callistemon e Melaleuca (bootstrap 46%) e o outro representado pelo gênero Syzygium nativo da Índia (bootstrap 100%). Esta distinção sugere uma direta correlação entre as relações filogenéticas e a distribuição geográfica dos gêneros analisados da família Myrtacea. |
CONCLUSÃO: |
A análise da relação filogenética entre gêneros da família Myrtaceae baseada no gene matK , sugere que o gênero Syzygium , nativo da Índia, é o mais basal dentre os avaliados neste estudo. Posteriormente, surgiram os gêneros Australianos e o grupo mais recente surgiu na América do Sul. Apesar dos presentes resultados baseados no gene matK sustentarem a separação dos grupos com base em sua distribuição geográfica, novos estudos incluindo mais gêneros nativos da Índia são necessários para corroborar amplamente a hipótese deste estudo. |
Palavras-chave: Sistemática, Myrtaceae, Biogeografia. |