64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia |
MORFOLOGIA PLACENTÁRIA DE RATAS WISTAR EXPOSTAS A ADRIAMICINA (CLORIDRATO DE DOXORRUBICINA) |
Rafael Casagrande 1 Camila Figueira Mendes 1 Suzana Guimarães Moraes 1,2 |
1. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) 2. Profa. Dra./Orientadora - Depto de Morfologia e Patologia - FCMS, PUC-SP |
INTRODUÇÃO: |
Diversas substâncias, drogas, organismos ou agentes físicos são considerados como agentes teratogênicos, ou seja, contribuem para alterações no desenvolvimento pré-natal do embrião ou feto. Dentre os agentes teratogênicos, estão diversos medicamentos e drogas com utilização em quimioterapias, sendo que a cada ano há o crescimento do número de casos de câncer tanto no Brasil quanto no mundo, e a incidência de câncer na gestação é de 1:1000. A Adriamicina encontra-se entre os medicamentos antitumorais mais utilizados na oncologia, possuindo um alto potencial teratogênico, podendo atravessar a placenta e entrar em contato com o feto, prejudicando assim seu desenvolvimento e causando desde malformações até abortos. Com isso o objetivo do estudo foi descrever a morfologia placentária de ratas Wistar exposta ao Cloridrato de Doxorrubicina (popularmente chamado de Adriamicina) no 8º e 9º dia de gestação. |
METODOLOGIA: |
Foram utilizadas 10 fêmeas de ratas Wistar divididas em 3 grupos, sendo 2 no grupo controle, 2 no grupo shan e 6 no grupo adriamicina. No 8° e 9° dia gestacional houve a administração de soluções via intraperitoneal, onde o grupo controle não recebeu nenhuma solução, o grupo shan recebeu solução salina a 0,9% e o grupo adriamicina recebeu 2,2mg/kg de adriamicina. No 20º dia de gestação as fêmeas foram sacrificadas através da combinação de cloridrato de cetamina a 10% (40mg/kg) e cloridrato de xilazina a 2% (5mg/kg) com posterior deslocamento cervical, sendo as placentas coletadas, processadas através de métodos histológicos convencionais e posteriormente realizados cortes histológicos de 5 µm de espessura corados com Hematoxilina e Eosina e Tricrômio de Masson (apenas o grupo adriamicina) e confeccionadas lâminas para análise da morfologia placentária em microscópio óptico Nikon Eclipse E800. |
RESULTADOS: |
Através da análise microscópica das placentas, observou-se que as placentas do grupo adriamicina apresentaram alterações na morfologia das suas camadas, como diminuição do espongiotrofoblasto e aumento do labirinto. Também foi possível identificar alterações na morfologia da membrana plasmática das células trofoblásticas gigantes e os nucléolos não foram vistos regularmente em seus núcleos. Por fim verificou-se que o labirinto apresentava células de glicogênio (células essas encontradas normalmente no espongiotrofoblasto) e edemas. Dawrant et al. (2007) mostrou em seu estudo que a adriamicina provocou anomalias vertebrais, cardiovasculares, renais, esofágicas, traqueais, anais e nos membros e Kotsios et al. (1998) mostrou que a administração da adriamicina acarretou em malformações do tecido ósseo e cartilaginoso, provocando alteração no peso e comprimento dos fetos, assim como reabsorção fetal. Essas alterações provocadas pela adriamicina na morfologia das camadas da placenta acarretaram possivelmente em uma deficiência na nutrição do feto durante seu desenvolvimento, o que explica essas mudanças no peso e comprimento fetal. O grupo controle e shan como esperado não apresentaram nenhuma mudança na morfologia placentária. |
CONCLUSÃO: |
A administração de Cloridrato de Doxorrubicina (Adriamicina) no 8º e 9º dia de gestação possuiu ação teratogênica na morfologia placentária, provocando diminuição do tamanho da camada espongiotrofoblasto e aumento da camada labiríntica. Observaram-se também alterações morfológicas da membrana plasmática das células trofoblásticas gigantes e os nucléolos dessas células não foram vistos regularmente. |
Palavras-chave: Adriamicina, Placenta, Gravidez. |