64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM HIPERTENSOS ATENDIDOS PELA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Darci Ramos Fernandes 1
Tânia Pavão Oliveira Rocha 2
José Albuquerque de Figueiredo Neto 3
Edenilde Alves dos Santos 4
Rafael Abreu Lima 5
1. Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde - UFMA
2. Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde - UFMA
3. Cardiologista, Orientador/Professor Adjunto da Universidade Federal do Maranhão UFMA.
4. Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente - UFMA;
5. Enfermeiro do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, Mestrando do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva
INTRODUÇÃO:
A hipertensão é uma condição clinica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial e o mais importante fator de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, com destaque para o AVC e o infarto do miocárdio, as maiores causas isoladas de mortes no país. Estima-se que no Brasil 30% da população a partir de 40 anos tenha hipertensão, a mais prevalente das doenças cardiovasculares, e maior fator de risco para lesões cardíacas e cerebrovasculares e terceira causa de invalidez. O controle da pressão arterial é crítico para a prevenção de lesão a órgãos, mas a natureza assintomática dessa doença faz com que ela seja sub-diagnosticada e sub-tratada. O tratamento visa redução da morbimortalidade cardiovasculares e utilizam medidas não medicamentosas isoladas e associadas a fármacos anti-hipertensivos para reduzir seus valores inferiores no mínimo a 140 Mmhg de pressão sistólica e 90 Mmhg de pressão diastólica. O tratamento adequado da hipertensão produz resultado benéfico, entretanto a manutenção da pressão arterial dentro de níveis desejáveis é insatisfatória. Diante disto, este estudo teve por objetivos identificar os fatores de risco cardiovascular e as condições socioeconômicas em hipertensos atendidos na estratégia saúde da família.
METODOLOGIA:
Estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa, realizado em três unidades da Estratégia Saúde da Família no período de junho a novembro de 2011 no município de São Luís – MA. A amostra foi constituída por 161 hipertensos maiores de 18 anos, ambos os sexos, em acompanhamento por no mínimo seis meses, que tinham condições de responder aos questionamentos. Os dados foram coletados nas próprias Unidades de Saúde e os hipertensos eram convocados pelos agentes comunitários de saúde. Utilizou-se um formulário semiestruturado composto de duas partes: 1. para caracterização dos dados sócio demográficos que contemplou variáveis como: sexo, idade, cor da pele (auto referida), escolaridade, situação conjugal e renda; 2. para identificação dos fatores de risco cardiovascular: hipertensão, diabetes, tabagismo, etilismo, sedentarismo, obesidade e histórico familiar. Os dados foram consolidados e analisados pelo programa Excel. A presente pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, mediante o protocolo de nº 005497/2010-30. A coleta dos dados foi iniciada após a aprovação do mesmo, e todos os pacientes que concordaram em participar do trabalho assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS:
Participação expressiva de mulheres 61% e estudos anteriores afirmam que mulheres utilizam mais os serviços de saúde; 90% têm 40 anos a mais, e a prevalência de hipertensão eleva nessa faixa etária; 19% se auto referiram pretos e pesquisas afirmam que negros hipertensos são menos aderentes às consultas; escolaridade elevada foi pouco representada, 57% têm ensino fundamental completo e médio incompleto, relação inversa entre hipertensão e escolaridade formal; 65% têm renda de até dois salários mínimos. 72% não têm hipertensão controlada, o que favorece o aparecimento de agravos como AVC, infarto, insuficiência cardíaca congestiva, patologias vasculares e insuficiência renal; 11% têm diabetes, fator de risco para complicações cerebrovasculares e cardiovasculares; 73% têm sobrepeso e obesidade, dados que refletem os mundiais, onde há aumento na prevalência da hipertensão com sobrepeso e obesidade; 71% são sedentários o que está relacionado ao alto percentual de hipertensão nos estágios 1, 2 ou 3; tabagismo em pequena proporção 16% é fator de risco para doenças cardiovasculares, em particular infarto, AVC e morte súbita; 65% afirmaram ter casos na família e estudos comprovam que maiores níveis pressóricos são vistos em repouso em indivíduos com história familiar de hipertensão.
CONCLUSÃO:
Neste estudo acredita-se que os baixos índices de controle da pressão arterial encontrados se devam às várias dificuldades de se tratar a hipertensão: baixo nível de escolaridade da população; alto predomínio de sobrepeso e obesidade encontrados; tratamento medicamentoso instituído que na maioria das vezes é o preconizado pelo MS, mas raramente tem nas Unidades de Saúde para serem dispensados, e por tratar-se de uma população de baixo nível sócio econômico com poucas condições para comprar a medicação, permanecem sem o seu uso. Torna-se claro que a instituição de um tratamento anti-hipertensivo com enfoque global é necessária para a melhoria dos índices de controle da pressão arterial e envolve a adoção de práticas cuidadoras e integrais e respeito das necessida¬des de saúde da população. Com base nos resultados deste estudo fica evidenciada a relevância da abordagem correta, tratamento efetivo da hipertensão e estabelecimento de atividades educativas com a população estudada, que estimule a prática regular de atividade física, ingestão calórica adequada e o uso correto dos medicamentos para diminuir os índices de morbimortalidade das doenças cardiovasculares e dos acidentes vasculares encefálicos (AVEs) melhorando a sobrevida de parcela tão prevalente e em franco crescimento.
Palavras-chave: Hipertensão, Risco cardiovascular, Estratégia Saúde da Família.