64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
A MICOLOGIA NOS LIVROS DIDÁTICOS: NOVOS OLHARES E PERSPECTIVAS SOBRE O ENSINO DOS FUNGOS NO NÍVEL MÉDIO
Marcos Diones Ferreira Santana 1
Sônia Jacobson Pereira 1
Aline Lourdes Martins Silva 1
Arlison Bezerra Castro 1
Ulisses Brigatto Albino 2
Ronaldo Adriano Ribeiro da Silva 3
1. Faculdade de Ciências Biológicas - UFPA, Campus Altamira
2. Prof. Dr. Faculdade de Ciências Biológicas - UFPA, Campus Altamira
3. Prof. MSc./Orientador Faculdade de Ciências Biológicas - UFPA, Campus Altamira
INTRODUÇÃO:
O livro didático é um suporte de conhecimentos e de métodos para o ensino, e serve como orientação para as atividades de produção e reprodução de conhecimento. Contudo, ele tem se tornado um verdadeiro desafio para os professores, pois deve ao mesmo tempo, abordar conteúdos amplos, sem cair no erro de trazer muitas e desconexas informações, tornando-se algo enciclopédico e inútil aos alunos. No entanto, quando se trata dos fungos, a falta de mobilidade do grupo por vezes caracterizada como parte do Reino Vegetal ou assumindo posição de grupo autônomo, faz ver que, mesmo os livros destinados ao ensino superior, como Raven et al (2001), mostram que os conteúdos de Micologia já começam com um sério erro abordando os fungos junto ao Reino Plantae, supondo semelhanças que são inexistentes entre esses dois reinos, tornando este, um desafio ao qual os autores deveriam propor-se ao escrever um livro. Com base nas observações, este estudo objetivou analisar cinco livros didáticos de biologia destinados ao ensino médio a fim de encontrar os elementos que influenciam os alunos no estudo dos fungos.
METODOLOGIA:
Para a seleção das obras considerou-se os livros didáticos de biologia de maior presença nas salas de aula das escolas da rede estadual de ensino do Município de Altamira, PA, dentre aqueles livros distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). A determinação dos critérios para análise dos mesmos fundamentou-se na observação dos aspectos pedagógicos e metodológicos, cujos critérios foram estabelecidos tendo como referencial os Parâmetros Curriculares Nacionais bem como a proposta do PNLD. Para tanto, foram selecionados os seguintes eixos prioritários: 1 - Conteúdo Teórico; 2 - Recursos Visuais; 3 - Atividades Propostas e 4 - Recursos Adicionais, onde, a partir destes, determinaram-se os parâmetros para as observações. A elaboração dos parâmetros foi acompanhada da leitura minuciosa do capítulo referente a Fungos presentes nos livros didáticos de Biologia.
RESULTADOS:
Foram analisadas cinco obras (AMABIS, J. M. & MARTHO, G. R. Biologia. 3 ed. São Paulo. Moderna, 2009; JUNIOR, C. da S.; SASSON, S. & JUNIOR, N. C. Biologia 2. Seres Vivos: Estrutura e função. 10 ed. São Paulo. Sarava, 2010; JUNIOR, C. da S.; SASSON, S. Biologia vol. 2 2ªsérie. Seres vivos: Estrutura e função. 8 ed. São Paulo. Saraiva, 2005; LOPES, S. & ROSSO, S. Biologia. Volume Único. 1 ed. São Paulo. Saraiva, 2005 e SANTOS, F. S. dos; AGUILAS, J. B. V. & OLIVEIRA, M. M. A. de. Biologia; Ensino médio 2º ano. 1 ed. São Paulo, 2010). Apesar dos livros destinarem um capítulo exclusivo ao assunto variando quanto ao número de páginas, os mesmos enfatizam os aspectos negativos dos fungos, estabelecendo uma imagem errônea do grupo, prejudicando principalmente o processo de ensino-aprendizagem. Dentre os critérios analisados, podem-se destacar os recursos visuais de imagem, que além da baixa qualidade em algumas obras, apresentam os fungos como os vilões da agricultura, como na obra de JUNIOR & SASSON (2005), que inicia o capitulo com a história “Um fungo uma tragédia”, fazendo de abordagens dessa natureza a fonte do pouco interesse dos alunos, deixando uma visão preconceituosa e predeterminada quanto ao estudo da micologia.
CONCLUSÃO:
O presente estudo de análise reforça uma ideia já bastante difundida pelos pesquisadores na área da Educação em Ciências: não é aconselhável o professor depender exclusivamente ou em excesso do livro didático para não se tornar refém do conteúdo presente (ou ausente), dos erros e inadequações da obra. Contudo, em algumas das obras analisadas percebe-se a preocupação dos autores em descrever aspectos da ecologia dos fungos, além dos caracteres morfológicos e funcionais retratando a real importância do grupo no cotidiano dos alunos. No entanto, cada obra apresentou aspectos falhos em algum dos critérios analisados, cabendo ao educador utilizá-los como uma fonte de apoio e referência, sabendo evitar as abordagens incorretas e corrigi-las quando necessário, já que se trata de um dos materiais impressos mais utilizados por alunos de escolas brasileiras. Sobre tudo, os livros didáticos precisam conter ferramentas que estimulem a discussão sobre o conteúdo teórico a fim de permitir sua conversão em conhecimento e não em aversão ao objeto estudado.
Palavras-chave: Análise de conteúdo, Aprendizagem, Fungos.