64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 7. Física Geral
DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE E DO EMPUXO DE DIFERENTES TIPOS DE MADEIRA UTILIZADOS NOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE BARCOS E FLUTUANTES EM ABAETETUBA-PARÁ.
Pedro Paulo Santos da Silva 1
Allan Almeida Dias 2
Haroldo da Costa Maciel 2
Helisson de Jesus Costa 2
1. Prof. Msc. /Orientador - IFPA-Campus Abaetetuba
2. Departamento de Edificações – IFPA-Campus Abaetetuba
INTRODUÇÃO:
A Escolha do tipo de madeira adequada para a fabricação de barcos exige informações específicas sobre suas características físicas. Por essa razão, as pesquisas das propriedades físicas das madeiras existentes em uma região fornecem subsídios para a seleção dos materiais apropriados para a fabricação de embarcações com critérios e embasamento científico. Neste artigo descrevemos o processo de determinação de constantes físicas de diferentes tipos de madeira utilizados na construção de barcos pelos carpinteiros navais na região de Abaetetuba-Pará. O levantamento realizado no local justifica-se pela importância que a atividade naval tem para a economia abaetetubense, pois são as embarcações que transportam toda a produção econômica das ilhas e são as grandes responsáveis pelo desenvolvimento da região. A pesquisa fornece informações relevantes sobre as madeiras da região e indica as que são mais adequadas para a construção naval, além de fornecer subsídios para a utilização racional dos recursos naturais redirecionando a atividade naval para a auto sustentabilidade através do plantio de mudas que venham a promover a renovação da floresta e reduzir, em médio prazo, os graves problemas de desmatamento da região.
METODOLOGIA:
A pesquisa iniciou-se com o levantamento de referências na literatura especializada sobre os tipos de madeira utilizadas na construção de embarcações, porem não foram localizados registros em revistas, livros ou jornais locais. Passou-se então a levar em conta as informações oriundas do saber popular através de entrevistas com os mestres carpinteiros navais da região com tabulação dessas informações. Foi feita coleta de amostras de madeiras que são encontradas na região e o material coletado foi cortado em forma de cubos sendo a sua massa medida em balança de precisão no laboratório do IFPA-Campus Abaetetuba, mediu-se suas dimensões utilizando paquímetros digitais, calculando-se os volumes e determinando-se a densidade das amostras. Foi feita a coleta de água do rio em um recipiente com volume definido e medida a sua massa e com isso calculou-se a sua densidade. As amostras foram imersas em recipiente contendo água do rio até o sistema entrar em equilíbrio em seguida mediu-se a altura da amostra que ficou submersa, efetuando-se o cálculo do volume. Usando as medidas de aceleração da gravidade (g=9,88m/s2) da densidade da água do rio (d=988kg/m3) e do volume submerso da amostra (Vs) calculou-se o empuxo (E) utilizando a equação de Arquimedes E = d.g.Vs.
RESULTADOS:
Foram entrevistados os carpinteiros navais Aldemir Lobato Ferreira (Mestre Cuca), João Batista Rodrigues (Mestre Zelito) e Tarcilo Negrão e entre as informações relevantes destacaram-se os tipos de madeira usados com mais frequência na construção das embarcações. Utiliza-se o louro vermelho (Swietenia macrophylla) a sapucaia (Lecythis pisonis) e o pau d’água (Vochysia thyrsoidea) como madeiras de qualidade. Para as obras mortas emprega-se a massaranduba (massaranduba emarginata) a tatauba (Bagassa guianensis) e a andiroba (Carapa guianensis) ressaltando-se que esta é imprópria para água devido a sua pouca durabilidade. Para uso dentro d’água indica-se a itaúba (Mezilaurus itauba), a sucupira preta (Diplotropis purpurea) o piquiá (Caryocar brasiliense), o ipê (Tabebuia serratifolia) e o assacú (Hura crepitans). Oassacú, a sapucaia e a massaranduba sobressaem-se por serem madeiras de maior durabilidade. Nos testes realizados para a determinação da densidade de diferentes tipos de madeira os resultados mais significativos foram 0,8536g/cm3 para a Itaúba e 0,8404g/cm3 para a Castanheira (Bertholletia excelsa), com empuxo da água do rio de 2,170944N sobre a Itaúba e 0,704288N na Castanheira.
CONCLUSÃO:
Constatou-se através da pesquisa que na região de Abaetetuba-Pará existem muitos profissionais trabalhando na carpintaria naval e que a grande maioria adquiriu competência técnica ao longo de muitos anos de trabalho e dedicação, acumulando experiências e reforçando o aprendizado de sua arte através da prática diária. Verificou-se também que a maioria dos estaleiros enfrenta um grande declínio na sua atividade produtiva e, além disso, os carpinteiros navais da região ainda se utilizam de técnicas rudimentares e artesanais e praticamente não dispõe de instrumentos e maquinarias apropriados, o que os tornam verdadeiros “artesões navais”. Faz-se necessária, portanto, a aquisição de conhecimentos e competências que permitam o desenvolvimento de novos métodos e técnicas capazes de impulsionar a atividade de modo a torná-la competitiva e capaz de atender as demandas do mercado atual. Outro aspecto importante é a escolha de madeiras apropriadas para a construção das embarcações e as pesquisas indicam a priori a itaúba como madeira boa qualidade para a construção naval por ser de baixa densidade e sofrer elevado empuxo. Por fim, entende-se que este trabalho abre perspectivas para estimular e aprimorar a construção naval além de oportunizar novos trabalho e novas pesquisas.
Palavras-chave: Propriedades físicas, Densidade e empuxo, Construção naval.