64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 4. Patologia Animal
PARASITISMO GASTRINTESTINAL E HEMATOLOGIA EM EQUINOS E ASININOS DA MESORREGIÃO DA AGLOMERAÇÃO URBANA, SÃO LUÍS, MARANHÃO
George Montalvane Silva Ferreira 1
Francisca Andréia Ferreira Dutra 1
Edvaldo Franco Amorim Filho 2
Ana Clara Gomes dos Santos 3
1. Msc. - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UEMA
2. Mestrando - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UEMA
3. Profa. Dra./ Orientadora -Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UEMA
INTRODUÇÃO:
Os equinos (Equus caballus) e asininos (Equus asini) são hospedeiros de grande variedade de helmintos, principalmente os nematóides pertencentes à Superfamília Strongyloidea (Strongylus vulgaris, Strongylus edentatus, Ciatostomíneos), Ascarioidea (Parascaris equorum), Trichostrongylus axei (Lichtenfels 1975). A forma larval no parasitismo gastrintestinal causa reação inflamatória, caracterizada por influxo de neutrófilos, eosinófilos, e macrófagos, ao penetrar na mucosa intestinal. Devido à migração das larvas ocorre arterite ileocecocólica evidenciado histologicamente por inflamação multifocal, necrose e fibrose, havendo evidências de que o fator de necrose tumoral (TNF) e a interleucina (IL-1) sejam os mediadores-chave envolvidos em deflagrar a cascata inflamatória (Drudge et al. 1966, Duncan & Pirie 1975, Drudge 1979, Slocomb 1985, Klei et al. 1990, Morris 1991, Moore et al. 1995). A fauna helmíntica em equinos e asininos é ampla e de grande importância à sanidade animal, expressa através da carga parasitária (OPG), podendo desencadear alterações sistêmicas graves associadas ao parasitismo gastrintestinal, que podem ser diagnosticadas nos exames hematológicos. Dessa forma considerando a importância do estudo das parasitoses relacionadas aos helmintos gastrintestinais, carga parasitária, identificação larval associadas às alterações hematológicas nessas espécies de animais, se fez necessária a realização dessa pesquisa.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada na Ilha de São Luís, Ma (Nugel-Uema 2008, Ibge 2002). Foram utilizados 57 equinos e 37 asininos adultos, naturalmente infectados por helmintos, sem raça definida, com idade e peso variados, independentes de sexo, distribuídos em quatro grupos em função da carga parasitária (CP), com o ponto de corte do OPG (ovos por gramas de fezes) no valor de 500: OPG >500 e OPG ≤500 em ambas as espécies, comparação das variáveis hematológicas (leucócito total, diferencial e hematócrito), LPG (larvas por gramas de fezes) e a associação parasitária por diferentes tipos de helmintos. As fezes foram conduzidas ao Laboratório de Parasitologia da Universidade Estadual do Maranhão/UEMA. Os métodos coproparasitológicos utilizados foram; a técnica modificada de Gordon & Whitlock (1939), Roberts & O`Sulivan, (1950), e a identificação larval de helmintos gastrintestinais, de acordo com Hoffmann (1987). As amostras sanguineas foram submetidas ao Laboratório de Patologia Clínica/UEMA. As variáveis hematológicas foram obtidas conforme os métodos preconizados por Jain (1986). A contagem de leucócitos totais e diferencial foi realizada de acordo com as normas de Jain (1993) e Meyer & Harvey (2004). A determinação do hematócrito foi realizada segundo a técnica de Colles (1984). As médias da CP (OPG) foram analisadas pela Análise de Variância (ANOVA) seguida pelo teste de Tukey-Kramer, com probabilidade de erro tipo 1 em 10% (Serra-Freire 2002).
RESULTADOS:
Observou-se que 84,22% dos 57 equinos e 72,97% dos 37 asininos apresentaram OPG ≤ 500, evidenciando baixo parasitismo. Ocorreu poliparasitismo em equinos/asininos com OPG ≤ 500 com prevalência de larvas (LPG) de S. vulgaris (56%), e Cyathostominae (35%) nos cavalos; e Cyathostominae (65%) e S. vulgaris (15%) nos asininos. Os valores hematológicos em asininos com OPG ≤ 500 apresentaram valores médios de leucócitos totais de 14.998,15 ± 6.029,88/µL; hematócrito 32,33% ± 4,27; eosinófilos 1.363,57 ± 1.030,78/µL e linfócitos 7.073,14 ± 4.649,77/µL; média de 131,48 ± 127,96 para o OPG e 80% LPG (2.840 larvas/g de fezes), da associação de Cyathostominae (65%) e S. vulgaris (15%). Houve diferença estatística significativa (P < 0,05), em relação aos grupos de equinos com 500 < OPG ≤ 500. Dessa forma observou-se que o grau de parasitismo não é a variável mais importante para determinar marcantes alterações hematológicas. Com base nesses valores demonstra-se que a associação Cyathostominae e S. vulgaris em asininos é capaz de promover intensa resposta leucocitária independente do baixo grau de parasitismo, verificado através do OPG. Os asininos com OPG ≤ 500 apresentaram valores médios de eosinófilos elevados entre e dentro dos grupos de animais estudados, constatando-se que a eosinofilia pode ser um sinalizador de parasitismo nessa espécie, pois foi elevada a frequência da associação de larvas de Cyathostominae e S. vulgaris dentro desse grupo.
CONCLUSÃO:
Os equinos e asininos na ilha de São Luís, Maranhão são naturalmente parasitados por helmintos gastrintestinais pertencentes à Subfamília Cyathostominae, e gênero/espécie Strongylus vulgaris, Strongylus edentatus. A associação de parasitismo entre Cyathostominae e Strongylus vulgaris apresentou valores médios elevados na contagem total de leucócitos, e absoluta de eosinófilos, principalmente nos asininos com carga parasitária (≤500 OPG), sinalizando que a eosinofilia é um parâmetro de infecção parasitária para a espécie. O hematócrito apresenta tendência de aproximar-se dos valores de limites inferiores, porém a anemia não foi um achado clinico consistente com o grau de parasitismo para ambas as espécies equina e asinina. O OPG isoladamente não reflete a real condição parasitária do animal, visto que, os asininos com CP (≤500 OPG) apresentam maior contagem total de leucócitos e eosinófilos em relação aos equinos com CP (>500 e ≤500 OPG) evidenciando mascaramento do grau de parasitismo e rusticidade desta espécie animal, visto que, esses animais com CP (>500 e ≤500 OPG) apresentam alterações hematológicas superiores aos valores de referência para os leucócitos totais, contagem de linfócitos e bastonetes, (caracterizando desvio à esquerda em ambos os grupos) e contagem de eosinófilos para os asininos com CP (≤500) quando comparados aos equinos estudados.
Palavras-chave: Equino Asinino, Parasitismo Gastrintestinal, Hematologia.