64ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia

ACIDENTES POR ARANHAS NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 2001 A 2010

Aline de Lima Braga 1 Petrônio Emanuel Timbó Braga 2

1. Discente, Curso de Biologia, Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA 2. Prof. Dr. / Orientador, Curso de Biologia, Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA

INTRODUÇÃO:

Acidentes causados por animais peçonhentos são de interesse para a saúde pública em vários países tropicais e subtropicais em virtude de sua elevada incidência e de seu potencial em induzir quadros clínicos graves e frequentemente fatais, principalmente em crianças e idosos (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). No Brasil estes dados são coletados através de sistemas de notificação como: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/MS-Ministério da Saúde), Sistema de Nacional de Infor­mações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox/Fiocruz/MS), Sistema de Informações Hos­pitalares do Sistema Único de Saúde/MS e o SIM (Sistema de Informações sobre Morta­lidade/MS) (LEMOS et al., 2009). Os acidentes causados por aranhas vêm se expandindo, tanto pelo aumento no número de casos quanto pela sua distribuição geográfica, com registro de ocorrências e de óbitos, onde, somente em 2009, foram notificados 26 óbitos por picada de aranhas, com uma letalidade de 0,11% (BRASIL, 2010). Este estudo objetivou apresentar informações sobre os acidentes provocados por aranhas ocorridos no estado do Ceará, no período de 2001 a 2010, a partir de dados coletados no Sinan/Ministério da Saúde, de forma a contribuir para a melhoria das informações disponibilizadas referentes aos acidentes provocados por este artrópode.

METODOLOGIA:

Para este estudo com abordagem quantitativa, usou-se dados compilados do Sinan, Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (MS), disponibilizados para consulta pública no seu portal eletrônico. O Sinan é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua região (BRASIL, 2011). Para análise, foi considerada apenas os dados relacionados aos acidentes causados por aranhas, onde os dados de 2008 foram atualizados em 26/03/2010, dados de 2009 atualizados em 29/07/2011 e dados de 2010 atualizados em 29/08/2011 (BRASIL, 2011). Os dados epidemiológicos foram analisados, dentre outros, segundo o ano e sexo dos pacientes, faixa etária predominante, o intervalo de tempo entre a picada e o atendimento e a gravidade dos casos. Os referidos dados foram tabulados e analisados por intermédio de procedimentos da estatística descritiva, através do cálculo das frequências relativas das respostas dadas.

RESULTADOS:

Foram observados 416 casos de acidentes provocados por aranhas no estado do Ceará de 2001 a 2010, concentrando-se o maior número nos anos de 2005 e 2009, com 58 casos. Foram notificados casos em 109 municípios, concentrando-se os maiores números em Fortaleza (36), Sobral (21), Jaguaribe (20) Limoeiro do Norte (19) e Ererê (18). O gênero Loxosceles (aranha marrom) foi o que mais proporcionou acidentes (14,7%), o que mostra a importância deste para a saúde pública do estado. Além destes foram notificados casos com os gêneros Phoneutria (aranha armadeira) (5,7%) e Latrodectus (viúva negra) (3,6%), além de outras espécies (13,5%) e atribui-se um alto valor de casos ignorados ou em branco (62,5%). Sobre os acidentes causados, quanto ao sexo, observou-se a predominância em indivíduos masculinos (52,6 %) e a maioria dos casos ocorre entre 15 a 64 anos (77,6%). Sobre a distribuição por raça, observou-se que 48,3% dos casos foram notificados para a parda, 23,1% para a branca, 1,6% para a amarela e 4,8% para a preta, além de 0,5% para a indígena. Considerando-se que a relação entre o momento do acidente e o atendimento médico, é por demais importante, observou-se que somente 10,6% dos pacientes chegam em menos de 1 hora; 18,0% chegam entre 1-3 horas; 11,1% entre 3-6 horas; 7,7% entre 6-12 horas, e o que é grave é que 35,6% chegam a mais de 12 horas. Com relação a gravidade, 65,6% dos acidentes foram tidos como leve; 18,9% como moderado e 1,7% como grave.

CONCLUSÃO:

Foram notificados 416 casos de acidentes provocados por aranhas ocorridos no estado do Ceará, no período de 2001 a 2010, através do SINAN/Ministério da Saúde, estando estes associados aos gêneros Loxosceles, Phoneutria e Latrodectus, além de outras espécies não identificadas, com predominância de acidentes em indivíduos do sexo masculino. A maioria dos casos foram tidos como leves e de maior ocorrência nos municípios de Fortaleza, Sobral, Jaguaribe Limoeiro do Norte e Ererê.

Palavras-chave: Acidentes, Araneísmo, Epidemiologia..