64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
HISTÓRIA, MIGRAÇÃO E CULTURA EM RONDÔNIA: IDENTIDADE CULTURAL EM OURO PRETO DO OESTE
André Guilherme Barbosa de Souza 1
Shirley Espíndola de Matos 1
Yara Regina Alves Machado 1
Jéssica Torres Rocha 1
Michael Douglas Nunes Fiuza 1
Lourival Inácio Filho 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia,Ji-Paraná/RO
2. Prof.Ms./Orientador-IFRO, Ji-Paraná/RO
INTRODUÇÃO:
A história da ocupação de Rondônia foi pautada por um imaginário que remonta ao "mito do eldorado", um local de riquezas exóticas e exuberantes. A abertura da BR-364 nas décadas de 60 e 70 e seu asfaltamento na década de 1980, serviram de rota para centena de milhares de migrantes. Havia durante a Ditadura Militar uma preocupação em "expulsar" do Centro-Sul para a Amazônia uma população que "inchava" cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Eram, principalmente, pequenos colonos que haviam sido expulsos do campo. A solução encontrada foi incentivá-los a irem para Rondônia, local da providência, onde renascia o mito do “eldorado” em forma de terras devolutas. Não podemos falar em reforma agrária com a desterritorialização de centena de milhares de pessoas de seus locais de origem. Com estes homens, mulheres e crianças foram para Rondônia identidades culturais que no novo cenário amazônico se reafirmaram no contexto desenvolvimentista das novas terras. Aquelas pessoas trouxeram consigo elementos culturais que se adaptaram a selva sem perder suas essências, gerando um mosaico rico de diversidade, apesar das intolerâncias, principalmente, com as comunidades tradicionais locais. Identificar as identidades culturais foi à preocupação central desta pesquisa.
METODOLOGIA:
Nesta pesquisa utilizamos o método de observação participativa junto à comunidade local, ampliada por análises documentais temáticas numa perspectiva histórico-crítico atreladas a uma revisão bibliográfica relativa à historiografia rondoniense.
RESULTADOS:
Por mais diversas que sejam as origens das famílias envolvidas naquelas migrações, eram pessoas basicamente de características rurais, envolvidas de forma direta ou indireta com a agropecuária. Que antes de chegarem a Rondônia cortaram cana; cuidaram de café; colheram algodão; plantaram arroz e tocaram gado por outras regiões como o Mato Grosso. A região de Ouro Preto do Oeste e, posteriormente, sua espacialidade municipal, têm sua origem neste vasto processo de colonização dirigida pelo INCRA, que ficou conhecido como Projetos Integrados de Colonização (PIC's), dos quais o PIC Ouro Preto foi o pioneiro. Local de aspectos culturais regionais diversos, a cidade, hoje, possui como boa parte do estado, uma população que apesar de possuir características diversas, apresenta um ponto de confluência comum e significativo na identidade cultural em sua característica rural. A maioria dos seus migrantes já era camponesa nos seus locais de origem, como vimos foi uma migração, na sua maioria inter-rural. Na cidade, há dualidade entre arcaico e moderno, que se apresenta e se entrelaçam de imediato, com motos/cavalos, carros/charretes: pioneirismo e progresso que se cruzam no que podemos classificar de cultura agropastoril-urbana.
CONCLUSÃO:
A identidade cultural que se formou em Ouro preto do Oeste ao longo deste processo acelerado de migrações, apesar de ser polissêmica possui três aspectos que são significativos: o primeiro nega ou busca não dar notoriedade as tradições de povos tradicionais amazônicos indígenas; o segundo é um sentimento de eternos forasteiros em terras distantes e o da cultura agropastoril dos que aqui chegaram a partir de 1970 neste sentido há grande número de pessoas que falam sentir vontade de voltar, um dia, para os locais de origem, como se fossem sujeitos involuntários de uma história de migração em busca de evolução ou estabilidade econômica. O terceiro identificável é uma simbiose de não claramente separada da relação campo/cidade, onde a dicotomia desaparece, se dissolve ou se entrelaça, muito perceptivelmente em momentos pontuais como eventos de rodeios e campeonatos de moto cross onde rural/urbano, peão/cowboy, cavaleiro/motoqueiro fazem parte de um mesmo contexto local num perfil onde tradicional e "moderno" se entrelaçam.
Palavras-chave: História, Rodônia, Identidade cultural.