64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores
ESTUDO DA DISPONIBILIDADE ALIMENTAR SOBRE NINFAS DE Podisus nigrispinus (HETEROPTERA: PENTATOMIDAE)
Sabrina Pasetto 1
Caullius Ramos Jordão 1
Mauricio Augusto Borges Goulart 1
Alexandre Igor Azevedo Pereira 1,2
1. Depto de Tecnologia em Gestão Ambiental - Instituto Federal Goiano Campus Urutai – GO
2. Prof. MSc./ Orientador - Depto de Entomologia - Instituto Federal Goiano Campus Urutai – GO
INTRODUÇÃO:
A interação entre predadores entomófagos e suas presas é mediada pela predação, um processo complexo, que pode ser afetado por fatores inerentes ao predador, à presa ou ao meio ambiente (WILMERS et al., 2007).
Percevejos predadores da família Pentatomidae são agentes importantes no controle biológico em monocultivos (PEREIRA et al., 2008) e, frequentemente, se agrupam em locais com alta disponibilidade de presas devido a estímulos químicos ou visuais (FUCARINO et al., 2004). Entretanto, as conseqüências de se viver em grupos para a história de vida desses predadores têm sido pouco estudadas, principalmente, quando a disponibilidade de alimento varia, como ocorre no campo, o que gera competição intraespecífica e pode afetar o comportamento populacional de Arthropoda (HARDMAN e TURNBULL 1974).
Dessa forma, os benefícios, ou não, de se viver em grupos foi estudado para ninfas de Podisus nigrispinus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) com lagartas de dois tamanhos de Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Noctuidae).
METODOLOGIA:
A presa A. gemmatalis foi obtida da criação massal na BIOAGRO, cujos adultos são criados em gaiolas de madeira com tampa de vidro e laterais teladas em sala climatizada (temperatura de 25 ± 1oC, 60 ± 10% de UR e 12 horas de fotofase) recebendo solução nutritiva embebida em algodão no fundo das gaiolas.
Ninfas de segundo estádio de P. nigrispinus foram separadas, em grupos de cinco por copo de 500 ml ou individualizadas em copos plásticos de 100 ml, imediatamente, após a emergência e as lagartas de A. gemmatalis de terceiro ou quinto estádios, ambas com menos de 48 horas de idade, foram selecionadas, aleatoriamente, da criação massal para os tratamentos: T1- ninfas de segundo estádio de P. nigrispinus individualizadas com lagartas de terceiro estádio de A. gemmatalis em copos de 100ml; T2- cinco ninfas de segundo estádio de P. nigrispinus com lagartas de terceiro estádio de A. gemmatalis por copo de 500ml; T3- ninfas de segundo estádio de P. nigrispinus individualizadas com lagartas de quinto estádio de A. gemmatalis por copo de 100ml e T4- cinco ninfas de segundo estádio de P. nigrispinus com lagartas de quinto estádio de A. gemmatalis por copo de 500ml.
RESULTADOS:
A duração dos segundo, terceiro e quarto estádios de P. nigrispinus foi semelhante entre tratamentos. A do quinto estádio foi maior no T2 (10,33 ± 0,82 dias) que nos T1 (6,91 ± 0,19 dias), T3 (6,03 ± 0,49 dias) e T4 (5,78 ± 0,20 dias) (Tab. 1). A duração dos segundo e terceiro estádios de P. nigrispinus foi semelhante ao relatado para Podisus maculiventris Say (Heteroptera: Pentatomidae), Supputius cincticeps Stal (Heteroptera: Pentatomidae) e P. nigrispinus (MUKERJI e LEROUX 1969; SILVA et al., 1996 e OLIVEIRA et al., 2002, respectivamente), indicando abundância alimentar, independentemente dos tratamentos, para as ninfas de segundo, terceiro e quarto estádios de P. nigrispinus nesse trabalho.
Ninfas de P. nigrispinus submetidas ao tratamento T3 (lagartas grandes) podem também ter acumulado menores reservas energéticas (SCRIBER e SLANSKY JUNIOR 1981), utilizado-as com maior freqüência, ao longo do seu desenvolvimento, gerando indivíduos mais leves. Por outro lado, ninfas que conseguiram manipular as lagartas nesse tratamento foram totalmente saciadas, gerando adultos mais pesados, o que é importante pela relação, diretamente proporcional, entre o tamanho da presa e a oferta de alimento ao predador.
CONCLUSÃO:
O predador Podisus nigrispinus, agrupado na fase ninfal, pode obter vantagens ecológicas, como a maior capacidade de manipular presas de grande porte. Entretanto, a competição intra-específica por recursos pode ser uma desvantagem de se viver em grupo, para esses predadores, devido à relação direta entre seu crescimento e demanda alimentar.
O presente trabalho comprovou que a competição intra-específica compromete o desenvolvimento do predador P. nigrispinus, principalmente, sob escassez alimentar. Porém, enfatiza que lagartas maiores podem ser manipuladas quando o predador encontra-se agrupado. Essas informações podem ser importantes no entendimento da relação predador-presa no agroecosistema do algodoeiro.
Palavras-chave: Gregarismo, Presa, Escassez Alimentar.