64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal |
FENOLOGIA REPRODUTIVA DE FORMIGAS DA SUBFAMILIA DOLICHODERINAE (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) NA BEIRA-MAR EM ILHÉUS, BAHIA |
Anselmo Santos Souza 1 Danizio Lopes Ramos 1 Vanderlan Sousa Santos 1 Ivan Cardoso do Nascimento 1 |
1. Depto.de Ciências Biológicas, UESB, Jequié/BA 2. Depto.de Ciências Biológicas, UESB, Jequié/BA 3. Depto.de Ciências Biológicas, UESB, Jequié/BA 4. Prof. Dr. /Orientador - Depto.de Ciências Biológicas - UESB |
INTRODUÇÃO: |
Fenologia é o tempo de recorrência entre eventos biológicos periódicos, mediados por uma série de fatores bióticos e abióticos (Rathcke & Lacey, 1985). A fenologia reprodutiva de uma espécie é, assim, o resultado da interação entre suas estratégias reprodutivas e as diversas variáveis ambientais locais (Kaspari et al., 2001a; Dune et al., 2003). Em regiões intertropicais, favorecida por condições climáticas mais constantes há possibilidade de voos durante vários meses do ano com picos de atividades distribuídos em diferentes períodos (Kaspari et al. 2001ab; Torres et al., 2001; Nascimento et al., 2004). A interpretação da fenologia dos voos de reprodução das formigas está diretamente relacionada com a análise das diferentes estratégias reprodutivas utilizadas por esses organismos. O objetivo desse trabalho foi estudar uma longa série amostral de alados de formigas coletados a beira-mar em Ilhéus, Bahia pertencentes à subfamília Dolichoderinae. Levando em consideração que a determinação dos padrões de fenologia reprodutiva é um importante meio para compreensão de fatores genéticos, de estrutura de acasalamento, seleção de habitats e de diversidade das populações (Tschinkel, 1991), torna-se eminente à necessidade de mais estudos para áreas tropicais. |
METODOLOGIA: |
O estudo foi conduzido na Vila Barramares (14º37”04’S 39º04”07’W), localizada no litoral Norte do Município de Ilhéus, Bahia, Brasil. A região tem diversos tipos de vegetação. O Bioma predominante é a Mata Atlântica, e a vegetação litorânea conhecida como restinga e extensos manguezais (Delabie et al., 1998). Segundo o sistema de Köppen, o clima da região é denominado tropical quente e úmido (Af), sem estação seca definida. Os alados da subfamília Dolichoderinae foram coletados na região do quebra-mar. As coletas foram realizadas de 01/01/1994 a 31/12/1994, com intervalos de sete dias. Os alados foram amostrados manualmente nas primeiras horas da manhã, logo ao nascer do sol, onde foi prospectado um transecto de 1 km de comprimento, que foi percorrido em cerca de 2 horas. As variáveis climáticas foram anotadas diariamente no local de coleta, com equipamentos acondicionados em abrigo meteorológico de acordo com as normas estabelecidas pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) (Ayoade, 1991). Os espécimes foram identificados em nível de espécies ou morfoespécies, dependendo da disponibilidade de chaves taxonômicas. |
RESULTADOS: |
Foram amostrados 187 espécimes, representados por 3 gêneros e 14 espécies. Os gêneros com maior número de espécies foram Azteca (07 espécies) e Dolichoderus (6 spp). Azteca e Dolichoderus são gêneros predominantemente arborícolas (Holldobler & Wilson, 1990) e bastante comuns em vegetações litorâneas, nidificando na vegetação da restinga bem como nos manguezais (Delabie et al. 1998; Delabie et al. 2006). Os vôos de acasalamento dos Dolichoderinae aconteceram ao longo do ano, sendo que Junho foi o mês de maior intensidade. Essa maior intensidade dos voos de acasalamento no mês de Junho é em função, sobretudo, da atividade das formigas do gênero Azteca. Para esses resultados se esperava uma maior ocorrência dos voos nos meses mais quentes do ano, uma vez que temperatura é considerada fator limitante. Condições climáticas constantes das regiões intertropicais permitem a presença dos alados durante grande parte do ano, por outro lado, favorecem um assincronismo maior dos voos. |
CONCLUSÃO: |
Após a analise de gráficos de revoada foi possível determinar que a subfamília Dolichoderinae apresentou uma maior ocorrência de voos durante os meses de abril e junho, fato este explicado pela instabilidade climática da região o que possivelmente influenciou tal evento. Assim, a determinação do padrão de fenologia reprodutiva dos organismos envolvidos, bem como os meses em que ocorrem os picos de revoadas e os possíveis fatores ambientes pelos quais são desencadeadas assume fundamental importância para que possamos entender as estratégias que são utilizadas por tais organismos para a reprodução. |
Palavras-chave: Fenologia, Formigas, Mirmecologia. |