64ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal

EFEITO DE DIFERENTES TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Pithecellobium tortum Mart.

Arlete da Silva Bandeira 1 Josielma Martins de Oliveira 1 Lucas Cardoso Marinho 1 Débora Leonardo dos Santos 2

1. Laboratório de Biodiversidade do Semiárido – UESB, Vitória da Conquista/BA 2. Profª. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Naturais, UESB, Vitória da Conquista/BA

INTRODUÇÃO:

O gênero Pithecellobium pertence à família Fabaceae, subfamília Mimosoideae. Pithecellobium tortum Mart., conhecido tataré, é um pequeno arbusto típico de regiões de restinga que possuem flores brancas de odor agradável (Gonçalves et al., 2008), conferindo a esta espécie um forte apelo ornamental, principalmente, na forma de bonsais. Muitas espécies da família das Fabaceae possuem seu tegumento impermeável à água, conferindo às sementes uma maior longevidade quando armazenadas, porém, esta característica se torna um problema durante a semeadura (Bianchetti & Ramos, 1982). Desta forma, buscando-se acelerar e uniformizar a germinação, diversos tratamentos de quebra de dormência podem ser realizados, como a escarificação mecânica através da lixa, a fervura, a imersão em ácido sulfúrico, etc. (Ribas et al., 1996). Segundo Lorenzi (2009), outras espécies do gênero Pithecolobium não requerem tratamentos para quebra da dormência, diferentemente de P. tortum que, em testes prévios, demonstrou ter impermeabilidade tegumentar. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência dos diferentes tratamentos pré-germinativos para superação das sementes de P. tortum.

METODOLOGIA:

Frutos maduros foram coletados no município de Cabo Frio-RJ e o experimento foi conduzido no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), no Laboratório de Biodiversidade do Semi-Árido (LABISA), campus de Vitória da Conquista-BA. Após o beneficiamento dos frutos, determinou-se o grau de umidade (quatro repetições de 25 sementes), adotando-se o método de estufa a 105°C por 24 h, conforme Brasil (1992). Os tratamentos utilizados para superação da dormência foram: imersão em solução de soda cáustica por 60’; imersão em ácido sulfúrico concentrado por 10’; escarificação mecânica através da lixa seguida de imersão em água destilada por 2 h, além da testemunha. Após a escarificação, as sementes foram semeadas em caixas (Gerbox) utilizando como substrato a vermiculita. O acompanhamento da germinação foi diário a partir do dia da semeadura, sendo consideradas germinadas as sementes que apresentaram protusão radicular. A germinabilidade foi avaliada pela percentagem, velocidade e distribuição da freqüência de germinação. O experimento foi conduzido em Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), com quatro repetições de 10 sementes para cada tratamento. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando-se o software BioEstat.

RESULTADOS:

O teor de umidade do lote de sementes foi 10,08%, confirmando que as sementes são ortodoxas. Nos resultados de germinabilidades observou-se que as sementes imersas em ácido sulfúrico e atritadas com a lixa seguida de imersão em água não diferiram estatisticamente, apresentando um maior percentual de germinação quando comparado com as sementes imersas em soda cáustica e a testemunha. Esses resultados podem ser explicados devido ao baixo ganho de água durante a embebição, demonstrando que as sementes apresentaram dormência tegumentar. Vinuto et al.,(2010) trabalhando com a mesma espécie obteve maiores taxas de germinação por meio da imersão em ácido sulfúrico por 5’, 10’ e 15’. Já Alves et al. (2000) obtiveram os maiores percentuais de germinação em sementes de Bauhinia monandra Britt., utilizando o tratamento de escarificação do tegumento com lixa d’água nº15. O índice de velocidade de germinação (IVG) foi maior no tratamento em que as sementes foram imersas em ácido sulfúrico e escarificadas mecanicamente por lixa seguida de imersão em água quando comparado com os demais tratamentos. Este índice é de fundamental importância no desenvolvimento de plantas, uma vez que existe uma relação direta entre a velocidade na emergência e o desenvolvimento da planta.

CONCLUSÃO:

As sementes de P. tortum apresentam dormência causada pela impermeabilidade do tegumento à água e necessitam de tratamentos escarificantes para acelerar e uniformizar a germinação. As maiores porcentagens e velocidades de germinação foram observadas nos tratamentos de escarificação química com imersão em ácido sulfúrico e escarificação mecânica através do atrito em lixa seguido de imersão em água.

Palavras-chave: sementes, dormência, escarificação.