64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia |
EFEITO DA ESCARIFICAÇÃO DA POLPA NO PROCESSO GERMINATIVO DAS SEMENTES DE Euterpe edulis MART. (1824) ARECACEAE, PELOS AGENTES DISPERSORES DA FLORESTA ATLÂNTICA – BLUMENAU, SC. |
Michele Francine Muniz Andrade 1,2 André Ribeiro do Prado 1,2 Bruno Veber 1,2 Carlos Eduardo Zimmermann 1,3 Alex Volkmann 1,4 |
1. Fundação Universidade Regional de Blumenau-FURB 2. Integrantes do Grupo PET/Biologia/FURB – Discentes do Curso de Ciências Biológicas - FURB 3. Prof. Msc./Orientador - Depto.de Ciências Naturais – Laboratório de Ecologia e Ornitologia – FURB 4. Biólogo formado pela FURB – Bunge Natureza |
INTRODUÇÃO: |
Euterpe edulis é nativa da Floresta Atlântica apresentando um grande número de interações na comunidade, especialmente aos fenômenos relacionados à dispersão das sementes. Neste contexto, os processos relacionados à germinação são fundamentais para o estabelecimento da espécie. Além disso, ela possui maior densidade e frequência dentro da Floresta Ombrófila Densa e ocupa o estado médio da floresta, produzindo anualmente grande quantidade de frutos por longos períodos. A retirada da polpa pelos dispersores representa para a planta, além da dispersão das sementes para locais favoráveis ao recrutamento, um aumento na velocidade de germinação, possibilitado que a planta saia mais rapidamente da condição de semente para plântula, fase onde ocorre à maior predação dos indivíduos, aumentando a probabilidade de sucesso reprodutivo. A ausência de agentes dispersores nas florestas causada pela fragmentação e/ou caça, pode comprometer o estabelecimento futuro de novas populações vegetais. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o papel dos dispersores de E. edulis com relação ao efeito da escarificação da polpa na germinação, através da coleta de frutos e sementes de matrizes. |
METODOLOGIA: |
O estudo foi desenvolvido durante os meses de junho e julho de 2011 onde obteve-se as medidas dos propágulos e, posteriormente, analisou-se a germinação. A área de coleta, Campus I da Universidade Regional de Blumenau - FURB, no município de Blumenau, Santa Catarina, Brasil, em uma borda de mata secundária, que abrigava indivíduos de E. edulis em frutificação.Utilizaram-se seis coletores, formados por uma rede arranjada em uma moldura de madeira quadricular, com medidas de 1mX1mX10cm que foram instalados sobre as matrizes. As sementes despolpadas e frutos de E. edulis eram recolhidos diariamente no início da manhã às 7h, e final da tarde às 17h. As sementes despolpadas de arilo foram medidas com o uso de paquímetro, registrando-se o diâmetro maior e diâmetro menor, e pesado em uma balança analítica. O mesmo procedimento foi aplicado às sementes com polpa. Após obtidas as medidas, os propágulos foram dispostos para germinar em sementeiras com substrato de Plantmax® e solo em casa de vegetação. A germinação, considerada com a formação de uma saliência na região de rompimento para emissão da radícula, foi verificada a cada dois dias, devido “a emissão da radícula em sementes de E. edulis ser considerada lenta e heterogênea”(Bovi & Cardoso, 1978; Reis et al, 1999 p.50; Queiroz 2000). |
RESULTADOS: |
Seis grupos foram constituídos: Grupo I: 100 sementes com polpa (grupo controle); Grupo II: (50) frutos despolpados manualmente; Grupo III (55), Grupo IV (55), Grupo V (129) e Grupo VI (210): todas sementes sem polpa retiradas dos coletores e consideradas regurgitadas pelas aves, pois, foram todas recolhidas no final da tarde. Os Grupos I, II, V e VI apresentaram as seguintes médias de peso: (1,37g ± 0,29, N = 50; 0,91g ± 0,09,); 0,78g ± 0,18, 0,81g ± 0,19). Com 48 dias de plantio, o grupo I não apresentou sinais de germinação, com a polpa sendo atacada por fungos. Entre os demais grupos de sementes, a média de dias para a primeira semente germinar foi de 15 dias (± 3,08). Da mesma forma, a percentagem de sementes que germinaram entre os grupos foi de 66% (± 25,60). O grupo das sementes despolpadas manualmente apresentou o menor percentual de germinação, provavelmente este índice está relacionado à falta de estímulos que acelerem a velocidade de germinação, como escarificação química, obtida na dispersão zoocórica. A ausência de germinação no Grupo I se deve a barreira física que a polpa representa para a germinação, alem de serem inviabilizadas devido ao ataque dos fungos. |
CONCLUSÃO: |
O presente trabalho demonstra que a retirada da polpa pelos dispersores representa para a planta, além da dispersão das sementes para locais favoráveis ao recrutamento, um aumento na velocidade de germinação, possibilitando que a planta saia mais rapidamente da condição de semente para plântula, fase onde ocorre a maior predação dos indivíduos, aumentando a probabilidade de sucesso reprodutivo. Pode-se verificar que a escarificação química, executada pelos agentes dispersores, não causa danos a semente e propicia trocas gasosas com o meio e/ou a eliminação de inibidores de germinação presentes, além de facilitar a penetração de água e a reativação dos processos metabólicos, ou seja, a quebra da dormência pode determinar a eficiência da germinação. |
Palavras-chave: Euterpe edulis, Dispersão de sementes, Germinação. |