64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
ETNOBIOLOGIA DO MEXILHÃO Mytella falcata (Lamarck, 1819) (Bivalvia: Mytilidae) ENTRE ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO LUÍS, MARANHÃO.
Eurico Mesquita Noleto Filho 1
Ricardo Luvizotto Santos 2
1. Depto de Biologia - UFMA
2. Prof. Dr./ Orientador - Depto de Oceanografia e Limnologia - UFMA
INTRODUÇÃO:
O Mytella Falcata é um mexilhão da família Mytilidae cujo tamanho pode atingir até 50 mm, ele é também conhecido como sururu, mexilhão do estuário ou bacucu, ocorre em grandes bancos (colônias) que aparecem durante a baixa-mar nos inúmeros rios salgados (igarapés). A atual extração de recursos marinhos pelas comunidades costeiras tem passado de uma atividade equilibrada e aceitável, praticada principalmente como subsistência e complementação de renda, para outra de dimensões drásticas de sobre-explotação. O enfoque etnobiológico associado a estratégias educativas pode ser uma das formas de aprofundar a compreensão biológica, de modo a reduzir a distância entre a etnociência e a pedagogia. Visando os problemas ambientais atuais, é importante explorar e incentivar o pensamento crítico dos estudantes da educação básica a respeito dos recursos naturais sobre-explotados. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento de alunos do Colégio Universitário da UFMA, São Luís, Maranhão, sobre o molusco bivalve Mytella falcata.
METODOLOGIA:
Foram entrevistados 34 estudantes do 2° ano do Ensino Médio do turno vespertino, os quais possuíam entre 14 a 16 anos. A pesquisa foi realizada entre os meses de outubro e novembro de 2011. Foi utilizada a Metodologia Geradora de Dados proposta por Posey (1986). Os alunos foram submetidos a uma analise qualitativa, onde responderam a uma questão aberta: "Escreva o que você sabe sobre o sururu", com tempo limite de 50 minutos para responder à pergunta, tendo sido disponibilizado um exemplar do mexilhão para manipulação e análise. Para o tratamento dos dados empregou-se a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que é uma estratégia discursiva que visa tornar mais clara uma dada representação social, tornando um discurso, o discurso de muitos. Foram utilizadas três figuras metodológicas: (1) a ideia central, (2) as expressões-chave e (3) a ancoragem. Em cada redação, identificaram-se as partes mais importantes, ou seja, as “ideias centrais provisórias”, com suas respectivas expressões-chave referentes às redações de cada um dos sujeitos participantes. Posteriormente as ideias provisórias foram agrupadas para a elaboração das ideias centrais e por fim grandes temas, gerando um discurso encadeado e sintetizado como se fosse dito por apenas um indivíduo.
RESULTADOS:
Foi gerada, a partir dos 34 textos, uma dissertação única de 1,514 caracteres (com espaços). Onde foi possível identificar quatro ideias principais: a) o fato de se encontrar “terra” na carne do sururu; b) o efeito da poluição dos mares sobre a qualidade do mexilhão para consumo; c) a biologia do organismo; e d) sua importância econômica. Foi observada uma considerável heterogeneidade social o que reflete em diversas opiniões sobre o assunto. Através do DSC foi observado que os alunos possuem nível razoável de conhecimento sobre o mexilhão, indicando que, provavelmente, muitos deles possuem algum contato com o organismo, seja na culinária, cultura ou até mesmo pela exploração (extração) do recurso. A utilização do DSC abre perspectivas para que os educadores utilizem-na como ferramenta de apoio à formação pedagógica.
CONCLUSÃO:
A metodologia do DSC mostrou resultados satisfatórios, onde enfatiza a visão dos estudantes sobre um organismo de grande potencial econômico e de grande importância social para a região, sendo uma útil ferramenta na análise da evolução do perfil que se desenvolve nos estudantes nas questões socioambientais.
Palavras-chave: Educação, Discurso sujeito coletivo(DSC), Sururu.