64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ALIMENTARES POR DOIS ANUROS SINTÓPICOS Dendropsophus branneri (COCHRAM, 1948) E Scinax agilis (CRUZ E PEIXOTO, 1983) EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE SERGIPE
Elves de Lima Alves 1
Tassiana Alves Maciel 2
Rony Peterson Santos Almeida 3
Rúbia Kelly Côrtes Rocha 4
Eduardo José dos Reis Dias 5
1. Graduando - Depto de Ciências Biológicas - UFS
2. Graduando - Depto de Ciências Biológicas - UFS
3. Graduando - Depto de Ciências Biológicas - UFS
4. Graduando - Depto de Ciências Biológicas - UFS
5. Prof. Dr. - Depto de Ciências Biológicas - UFS
INTRODUÇÃO:
Espécies sintópicas, que utilizam recursos similares no ambiente, podem ter na diferenciação do nicho a base para sua coexistência (BEGON et al. 1996). Entretanto, a importância na determinação das diferenças na utilização de uma ou mais dimensões de nicho entre espécies sob estas condições tem sido superestimada (PIANKA, 1973, SCHOENER, 1977). Estudos mais recentes têm indicado que a competição pode de fato ser menos ou menos importante na estruturação da taxocenose do que se pensava comum (DUNHAM, 1980, 1983; TIKLE, 1982; M’CLOSKEY e BAIA, 1987; BARBAULT e MAURY, 1981; GONZALEZ-ROMERO et al., 1989).
Estudos que tratam da biodiversidade na Mata Atlântica têm especial relevância por ser este um bioma prioritário em termos de conservação em nível global com elevada biodiversidade e endemismo (Rocha et al., 2003). Sergipe é o menor estado da Federação e um dos que menos apresenta informações sobre sua biodiversidade de estudos ecológicos sobre a fauna.
Esse trabalho foi realizado em um fragmento de Mata Atlântica no Estado de Sergipe e tem como objetivos: (1) Analisar o padrão alimentar de duas espécies sintópicas de anuros; (2) Avaliar o quanto dos recursos alimentares são compartilhados pelas duas espécies e (3) medir o grau de sobreposição alimentar entre elas.
METODOLOGIA:
O Trabalho foi realizado na Reserva do Caju, situada no município de Itaporanga d’Ajuda, SE, às margens da Rodovia SE 100, km 03 (11°07’S e 37°11’W), a 28 km de Aracaju.
Durante três dias a cada mês (de outubro de 2011 a fevereiro de 2012) foram realizadas coletas por meio de busca ativa em períodos noturnos das 18:00 ás 22:00 em uma lagoa de aproximadamente 3ha de área.
Em laboratório foi feita a análise do conteúdo estomacal dos anuros, sob estereomicroscópio sendo os itens alimentares encontrados contados e identificados até o nível taxonômico de Ordem. Cada item foi medido, com ajuda de um paquímetro (precisão de 0,1mm) no seu comprimento e largura, para estimar o volume (mm3) através da fórmula do ovóide-esferóide (VITT, 1991). Para avaliar as diferenças nos tipos de presa utilizados, tanto por volume quanto por número, entre as espécie foi utilizado o teste t (ZAR, 1984).
Para estimar a amplitude de nicho alimentar entre as duas espécies, foi utilizado o índice de diversidade de Simpson (SIMPSOM 1949) . A sobreposição entre as duas espécies em seus nichos foi estimada utilizando o coeficiente de simetria de sobreposição (PIANKA 1986).Os valores de sobreposição podem variar de 0 (sem sobreposição) a 1,0 (completamente sobreposto).
RESULTADOS:
Para análise do conteúdo estomacal foram utilizados 90 indivíduos de Scinax agilis, 35 com estômagos cheios (38,8%) e 25 de, 6 com estômagos cheios (24%).
A dieta de Scinax agilis e Dendropsophus branneri, consistiram basicamente de pequenos artrópodes com a presença de alguns fragmentos de plantas. Numericamente, os itens encontrados na dieta de Scinax agilis foram principalmente: Himenoptera (25%), Coleoptera (27.7%) e Araneae (16.6%) e para Dendropsophus branneri foram Araneae (40%), Díptera (20%), Hemiptera (20%), e Mantodea (20%).As duas espécies diferiram significativamente quanto tipos de itens alimentares em suas dietas (p = 0,02, teste t = -3,12). Volumetricamente, Scinax agilis obteve um total de 14,376 mm3 dos quais 23,5%foi de Himenoptera, 40% de Coleoptera e 19% de Araneae. Para Dendropsophus branneri o volume total foi 3,454 mm3 sendo: 53,8% de Araneae, 24,2% de Diptera e 14,6% de Mantodea. Não houve diferença significativa quanto ao volume de presas entre as duas espécies (p = 0,08, teste t = 2,07 ).
A largura do nicho alimentar de S. agilis foi de 4,87 e a de , D. branneri foi de 3,57 indicando que S. agilis é mais generalista na dieta do que D.branneri. A sobreposição entre as duas espécies foi de 0.48 (ou 48%).
CONCLUSÃO:
Nós concluímos que Scinax agilis pode ser considerada uma espécie generalista de dieta e também de hábitat, pois é encontrada em diversos locais da área o que não é observado em Dendropsopdus branneri que é encontrado apenas na vegetação dentro das lagoas e isso deve refletir em uma dieta com presas que vivem apenas nestes locais do ambiente. Este padrão no uso dos recursos alimentares entre estas duas espécies sintópica reflete no baixo grau de sobreposição encontrado. Estes padrões permitem uma maior diversidade de espécies de anuros com variados nichos ecológicos dentro da comunidade.Houve baixa sopreposição dos recursos alimentares entre as duas espécies.
Palavras-chave: Comparação, Sobreposição Alimentar, Mata Atlântica.