64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia |
OS SABERES POPULARES COMO INFORMAÇÃO VALIOSA PARA CONSERVAÇÃO DA HERPETOFAUNA – UMA EXPERIÊNCIA NA FLORESTA NACIONAL DE NEGREIROS, SERRITA/PE |
Daniele Batista dos Santos 1 Edivânia nascimento Pereira 1 Maria José Teles 2 Ednilza Maranhão dos Santos 3 |
1. Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas/UFRPE 2. Graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas /UFRPE 3. Profa. Dra. / Orientadora – Depto. De Ciências Biológicas – UFRPE |
INTRODUÇÃO: |
A etnoherpetologia pode ser compreendida como a ciência que investiga o conhecimento ou saberes herpetológicos de uma determinada sociedade. Essa ciência pode contribuir significativamente nos trabalhos de inventários, conservação e manejo de um determinado grupo taxonômico, contribuindo significativamente para o planejamento e ações entre gestores, pesquisadores e a comunidade do entorno de uma Unidade de Conservação. Os anfíbios e répteis se enquadram em um grupo de animais bioindicadores e de grande importância ecológica como controladores de populações de invertebrados e de outros vertebrados, o que destaca sua importância nos estudos de impactos, podendo direcionar melhor nas medidas conservacionistas. O presente trabalho vem contribuir com informações importantes para manejo e conservação tendo como parceiro de troca de saberes a comunidade do entorno da Floresta Nacional de Negreiros, Serrita/PE. Com isso, essa pesquisa teve como objetivo investigar as relações e informações da comunidade do entorno da FLONA sobre herpetofauna. |
METODOLOGIA: |
A Floresta Nacional (FLONA) de Negreiros possui aproximadamente 3.000,04ha, fica na cidade de Serrita, cerca de 530 Km da capital Recife. Criada em 11 de outubro de 2007, com objetivo de promover o uso múltiplo sustentável, manter e proteger os recursos hídricos e a biodiversidade, além de suporte para recuperação de áreas degradadas. Sua vegetação predominante é a Caatinga arbustiva arbórea e área de carrasco. No entorno da Unidade vivem cerca de 50 famílias, a maioria residem na região desde o nascimento e são conhecedores do ambiente da Caatinga. As atividades foram realizadas entre agosto/2011 e fevereiro/2012, através de pesquisas bibliográficas, entrevistas abertas, observação direta, observação participante e questionários. Esse último com perguntas pré-estabelecidas e outras com imagens para identificação e caracterização das espécies, utilizando para isso um livro Guia. Todas as intervenções tiveram como protocolo a autorização do informante durante abordagem do pesquisador e posterior divulgação dos dados. Para as entrevistas utilizou-se como auxílio um mini-gravador digital Panasonic. Os questionários tiveram como idéia central colher informações sobre a percepção e registrar os diferentes “usos” (contemplação, produto zooterápicos, crenças, caça, alimentação, estimação). Posteriormente essas informações foram analisadas. |
RESULTADOS: |
Foram entrevistados 24 informantes (19 homens e 5 mulheres) com idade entre 22 e 70 anos, todos residentes do entorno da FLONA há bastante tempo, antes mesmo da sua criação. De uma maneira geral os anfíbios e répteis, são lembrados como seres místicos (70,8%), rodeados de crenças e mitos. Todavia, grande parte das informações colhidas está relacionada a repulsa e medo (91,6%), fato já documentado em outros trabalhos para a região Nordeste, trata-se muitas vezes de uma visão bastante equivocada e que não evidencia a importância ecológica dos grupos. O maior destaque quanto aos “causos” relatados pelos informantes foi para as serpentes (66,6%), representando o grupo taxonomico mais temidos pela comunidade. No entanto os moradores ressaltaram conviver “sem problemas” com a fauna local e com algumas serpentes também a exemplo da mussurana (Boiruna sertaneja), mas a jararaca (Bothropoides erithromelas) e cascavel (Caudisona durissa) são sempre temidas e mortas pelos moradores, muitas vezes por precaução. Comparando as informações entre os anfíbios e os “répteis”, esse último grupo foi o mais percebido pelos informastes, que incluíram os cágados, lagartos e as cobras-de-duas-cabeça. Entre os lacertílios o lagarto teiú foi o mais utilizado comunidade, principalmente como alimento. |
CONCLUSÃO: |
A comunidade parece estar satisfeita com a presença da FLONA na região, principalmente porque proporcionou emprego para alguns jovens e também pelo trabalhado participativo desenvolvido pelo atual gestor. Na maioria das falas, os informantes acham positiva a conservação da caatinga, bem como os animais que nela habita. Grande parte dos relatos sobre as espécies foram úteis para o registro, conhecimento da biologia, reprodução e ocupação ambiental de anfíbios e répteis. Esse conhecimento popular foram importante para o diagnóstico da herpetofauna local e podem contribuir com as ações de conservação para a FLONA Negreiros |
Palavras-chave: Caatinga, conservação, Etnoherpetologia. |