64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 2. Helmintologia de Parasitos
COMPARAÇÃO DAS TÉCNICAS DE KATO-KATZ E SEDIMENTAÇÃO ESPONTÂNEA PARA O DIAGNÓSTICO DE PARASITAS INTESTINAIS
Wermerson Assunção Barroso 1
Ana Kely Araújo de Sousa 2
Elza Maria Moraes de Araújo 3
Mirella Katiuscia Ferreira Aires 4
Diêgo de Sousa Arruda Lopes 5
Ana Cláudia Sampaio Costa Bastos 6
1. Depto. de Ciências Fisiológicas, Lab. de Ensino e Pesquisa em Fisiologia – UFMA
2. Depto.de Ciências Fisiológicas, Lab. de Pesquisa e Pós-graduação em Farmacologia–UFMA
3. Depto. de Ciências Fisiológicas, Lab. de Imunofisiologia - UFMA
4. Depto. de Farmácia, Farmacêutica – UFMA
5. Depto. de Farmácia, Professor de Parasitologia Clínica – UFMA
6. Depto. de Farmácia/Orientadora, Professora de Parasitologia Clínica – UFMA
INTRODUÇÃO:
Aproximadamente um terço da população das cidades dos países subdesenvolvidos vive em condições ambientais propícias à disseminação das infecções parasitárias. A carência de saneamento básico, a coleta insuficiente e o destino inadequado do lixo doméstico urbano, a inexistência do controle de vetores (moscas e baratas), o baixo índice de escolaridade da população, a habitação inapropriada e a baixa renda familiar são fatores que têm contribuído para a manutenção de elevadas taxas de parasitismo. As parasitoses intestinais constituem-se um grave problema de saúde pública, associando-se frequentemente a quadros de diarreia crônica e desnutrição, comprometendo, como consequência, o desenvolvimento intelectual, particularmente das faixas etárias mais jovens da população. Há existência de inúmeros métodos, quantitativos e qualitativos, propostos para o exame parasitológico de fezes, mas todos tem sido alvo de críticas das mais variadas, quer pelo elevado custo de execução ou tempo, restringindo suas utilizações na rotina laboratorial de exame de fezes. Dessa forma, o trabalho objetivou comparar as técnicas de Sedimentação Espontânea e Kato-Katz para o diagnóstico das infecções causadas por helmintos intestinais.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi realizado utilizando fezes dos participantes de uma ação social promovida pelo Educandário Manuel da Conceição Pinheiro Sobrinho no primeiro semestre do ano de 2009, no Bairro de Fátima, município de São Luís-MA. O público alvo participante deste trabalho foi composto por 113 pacientes com idade entre 9 meses a 75 anos. As amostras fecais obtidas foram encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia Clínica da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão. Após a chegada, as amostras foram processadas de acordo com as técnicas de Kato-Katz (KTZ) e Sedimentação Espontânea (SE). Para o método KTZ, uma porção da amostra fecal foi prensada sobre um papel toalha, utilizando-se para isso uma tela de náilon, e coletadas com um palito de plástico. Em seguida, foram transferidas para um cartão retangular de plástico com orifício, previamente colocado sobre uma lâmina de vidro. Depois se retirou o cartão e as fezes foram cobertas com papel celofane previamente embebidas em solução de glicerina e verde malaquita, deixando-se em repouso por duas horas. Após este tempo as lâminas foram observadas ao microscópio óptico. Com a outra porção da amostra fecal foi realizado o método SE, que consiste na homogeneização com água destilada seguido de repouso por duas horas.
RESULTADOS:
Os dados demonstram diferença no percentual para helmintos entre os dois métodos comparados, sendo 11,5% pelo método de Kato-Katz e 31% pela técnica de Sedimentação Espontânea. Na comparação dos métodos, as verificações apontadas mostram expressiva heterogeneidade quanto aos números positivos, revelando clara diversidade de sensibilidade entre os métodos. Observou-se ainda um percentual maior de ovos de A. lumbricoides pelo SE (24,7%) quando comparado com o KTZ (9,7%). O presente estudo evidenciou uma utilidade limitada do método KTZ comparado ao SE, pois além de não detectar larvas de helmintos e cistos de protozoários, existe ainda a desvantagem da impossibilidade de examinar fezes liquefeitas por este método. Quanto ao diagnóstico de Trichuris trichiura observou-se 3,5% de sua presença pelo método SE e 4,4% pelo KTZ, apresentando este uma maior sensibilidade para detecção deste parasita. Foram observados ovos de ancilostomídeos, Hymenolepis nana, Enterobius vermiculares, Taenia sp e larva de Strongyloides stercoralis somente na SE. A quantificação de ovos de T. trichiura mostrou que todas as amostras apresentaram carga parasitária leve (48 opg, 24 opg, 552 opg, 24 opg e 120 opg).
CONCLUSÃO:
É importante a utilização de mais de um método laboratorial para a pesquisa de parasitas nas fezes, como preconizado por vários autores, que sugerem o uso de um método direto (exame a fresco), um método de concentração (Sedimentação ou Flutuação), um método de coloração permanente (para a observação de trofozoítos e protozoários emergentes) e um método para isolamento de larvas de helmintos. Tendo em vista o grande número de coproscopias realizadas diariamente pelos laboratórios de análises clínicas, o uso de diversas metodologias não é viável, tornando-se necessária a indicação de métodos de fácil execução e alta sensibilidade, processamento simples e rápido, dispensando aparelhagem de difícil transporte, vantagens estas observadas pelo método de Sedimentação Espontânea.
Palavras-chave: Técnicas parasitológicas, Sensibilidade, Quantificação.