64ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 6. Processamento de Produtos Agrícolas |
INOVAÇÕES DE PRODUÇÃO EM FARINHEIRAS NO LITORAL DO PARANÁ: IMPACTOS DAS INOVAÇÕES DE MAQUINÁRIOS E NORMAS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM RELAÇÃO AO FATOR CULTURAL. |
Camila Aparecida Alves de Lima 1 Priscila Cristina dos Santos 1 Franciele Ortis dos Santos 1 Murilo Carlos Siqueira 1 Talyson Wapenik Mariano 1 Valdir Frigo Denardin 2 |
1. Universidade Federal do Paraná (UFPR)- Setor Litoral 2. Prof. Dr./ Orientador- Universidade Federal do Paraná (UFPR)- Setor Litoral |
INTRODUÇÃO: |
A produção de mandioca e seu beneficiamento têm papel fundamental no desenvolvimento do país, o SEBRAE estima que, de toda a produção nacional de mandioca, 50% seja voltada para transformação em farinha. No Litoral do Paraná o saber fazer tradicional da farinha foi herdado desde os índios e esta presente, até hoje em muitas comunidades de agricultores familiares, contribuindo assim para a geração de renda e soberania alimentar. Nos últimos anos houve aumento da fiscalização da ANVISA nas farinheiras e nos pontos de comercialização. Duas comunidades do município de Guaraqueçaba estão inseridas deste contexto, Açungui e Potinga, que possuem 35 farinheiras com produção artesanal que não se enquadram as normas da vigilância, exceção a duas farinheiras comunitárias construídas pelo Programa Paraná 12 meses, reformadas pelas associações de agricultores e com o apoio do Programa Farinheiras no Litoral do Paraná. A busca pelo aprimoramento da produção e a necessidade de enquadramento as normas da ANVISA leva os produtores a constantes modernizações de seus equipamentos, adaptações na estrutura física e do processo produtivo. O objetivo deste trabalho é analisar a adaptação da produção de farinha de mandioca tradicional e as inovações tecnológicas indicadas pela ANVISA. |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi dividido em duas etapas, a primeira durante o projeto de pesquisa “Estudo da Cadeia Produtiva da Mandioca como Estratégia para o desenvolvimento da Agroindústria Familiar no Litoral do Paraná” e o segundo durante o programa de extensão “Farinheiras no Litoral do Paraná”, ambos desenvolvidos pela UFPR. Na primeira etapa foi registrado os modos de produção e estruturas das farinheiras individuais através do mapeamento de 133 farinheiras nos sete municípios do litoral, nesta fase foram utilizados questionário semi estruturados, registros fotográficos e georeferenciamento das unidades produtivas. A segunda etapa foi baseada em depoimentos dos agricultores das comunidades de Açungui e Potinga, onde as associações de moradores, em parceria com a UFPR e prefeitura municipal reformaram duas farinheiras comunitárias com o objetivo de adequá-las as normas da vigilância. Nesta fase, a equipe de pesquisa já possuía um relacionamento estreito com os produtores, pois participaram das acessorias de boas práticas de higiene e gestão junto aos moradores. Os registros aconteceram por meio de diários de campo, vídeos e registros fotográficos. As informações obtidas foram analisadas por meio de tabulações e discussões do grupo. |
RESULTADOS: |
Ao analisar os dados obtidos percebeu-se que nas farinheiras individuais as infraestruturas se repetiam, a maioria possuía estrutura avelhantada sem isolamento com a parte externa e separação entre área suja e limpa, piso de chão batido, cochos de armazenamento feitos com canoas velhas e maquinários artesanais como a prensa com fuso de madeira. Já as farinheiras comunitárias possuem estrutura em alvenaria, separação de áreas além de maquinários movidos a motor e prensas hidráulicas diferenciando-se assim das individuais. Nas entrevistas também foram levantados os principais pontos positivos e dificuldades desta inovação de produção. Segundo os produtores como ponto positivo houve diminuição do tempo e força de trabalho em todas as fases do processo produtivo, um exemplo foi à instalação do forno para torração com agitadores elétricos, não sendo necessário esforço braçal que geravam problemas de saúde pelos movimentos repetitivos. Outro ponto bastante citado é que com a obtenção da licença da vigilância, houve abertura para novos mercados e agregação de valor ao produto, além da segurança de não estar no mercado informal. Suas maiores dificuldades foram à necessidade de separar a produção em duas áreas, suja e limpa, exigindo uniformes e maiores cuidados com as práticas de higiene. |
CONCLUSÃO: |
O processo de mecanização da forma de produzir farinha nas comunidades de Potinga e Açungui, trouxe impactos significativos para o aumento na produção, a transição entre o método tradicional e as normas da vigilância se dá de forma gradativa, adaptando o seu conhecimento tradicional, com a introdução de novos elementos, como a separação entre área suja e limpa e a utilização de uniformes e toucas. Alguns agricultores ainda encontram-se relutantes em largar totalmente sua farinheira artesanal, pois o fator cultural se mostra decisivo neste processo, porém muitos já percebem as potencialidades que as farinheiras comunitárias possuem por obter a licença da vigilância sanitária, trazendo a possibilidade de vendas em novos nichos de mercado e segurança para a ampliação da produção de farinha e derivados. Buscou-se valorizar o saber fazer tradicional e toda a cultura envolvendo a produção de farinha, porém tendo papel de auxiliar a adequação ao modelo de produção atual. |
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Cultura, Anvisa. |