64ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia |
CROMOBLASTOMICOSE NO MARANHÃO: UMA ABORDAGEM AMBIENTAL |
Sirlei Garcia Marques 1,2 Conceição de Maria Pedrozo Silva de Azevedro 4 Cleide Viviane Buzanello Martins 3 Ana Claudia Garcia Marques 4 Azizedite Guedes Gonçalves 4 Maria Aparecida de Resende Stoianoff 3 |
1. Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão 2. Laboratório Cedro 3. Universidade Federal de Minas Gerais 4. Universidade Federal do Maranhão |
INTRODUÇÃO: |
A (CBM) é uma infecção fúngica cujo principal agente etiológico é Fonsecaea pedrosoi. A distribuição dos fungos dematiáceos na natureza é ainda incompleta e poucos são os relatos de isolamento desses agentes a partir de fontes ambientais, principalmente em áreas onde ocorre a doença. Estudos realizados em alguns países mostram que as espécies P. verrucosa, F. pedrosoi e C. carrionii foram isoladas de fontes ambientais tais como madeira e plantas em decomposição, solo e outros substratos. (IWATSU et al., 1981). No Brasil, alguns estudos sobre isolamentos de fungos dematiáceos de fontes ambientais, incluindo os agentes causadores de CBM, foram realizados nos estados do Amazonas, Paraná e Maranhão. (VICENTE et al., 2001; MARQUES et al., 2001, 2006). Acredita-se que a alta incidência da doença na região deva-se principalmente à precipitação pluviométrica média anual (1500-1700 mm/ano), temperatura (24-26ºC) e umidade relativa anual em torno de 83%, condições climáticas que parecem contribuir para o desenvolvimento do fungo na natureza (SILVA et al., 1999). Esta pesquisa teve como objetivos isolar e identificar os fungos dematiáceos provenientes de amostras ambientais em uma área endêmica de CBM no Maranhão. |
METODOLOGIA: |
Neste estudo foram analisadas 236 amostras ambientais de diferentes substratos coletados no povoado de Salgado-Município de Icatu-MA. A coleta foi realizada no mês de abril de 2008, nas proximidades das moradias e locais de trabalho dos pacientes portadores de CBM, residentes nesse povoado e cadastrados no Centro de Referência em Doenças Infecto Parasitárias (CREDRIP), da Universidade Federal do Maranhão. A cultura para fungos foi realizada segundo a técnica de flotação em óleo mineral, padronizada por Iwatsu et al., (1981) e adaptada por Vicente et al. (2001). Para cada amostra coletada, 20 g foram incubadas por 30 minutos à temperatura ambiente, em 100 ml de solução salina 0,85% esterilizada, contendo uma mistura de antibióticos, sendo em seguida acrescentados 20 mL de óleo mineral esterilizado em cada frasco. A solução foi homogeneizada por agitação e deixada em repouso por 20 minutos. Semeou-se uma gota da suspensão da interfase óleo-água em Mycobiotic Ágar (MA) e incubou-se a cultura a 28ºC e 36ºC, durante quatro semanas. Após o crescimento, as colônias enegrecidas foram repicadas em meio MA e SDA e identificadas por meio da micromorfologia da conidiogênese realizada em ágar batata, segundo a técnica de Riddell (1950). |
RESULTADOS: |
Foram isoladas 64 linhagens de fungos dematiáceos dos diferentes substratos ambientais analisados. O gênero Exophiala sp foi o mais frequente, com 29 (45,3%) das amostras isoladas, seguido de Cladosporium sp13 (20,3%) e Veronea sp 6 (9,4%). Os substratos oriundos da palmeira do babaçu (Orbignya phalerata Martin), (casca do coco babaçu, folhas e tronco), da fibra do tronco da mamurana (Bombaxrigidifolium Duelce) denominada “estopa,” e da palmeira do tucum (tronco e espinho), representaram 18 (28%), 9 (14%) e 7 (11%) dos fungos isolados, respectivamente. Porém o maior número de isolados foi recuperado do solo arenoso 12 (18,8%). Fonsecaea spp. foi isolado da casca do coco-babaçu em decomposição (2), solo arenoso (1) e fibra do tronco da mamurana(1). Exophiala spp. foi isolado de todos os substratos vegetais analisados, com exceção de fezes de animais, porém o maior índice de recuperação desse fungo foi no solo arenoso (7). Phialophora spp. foi isolado do tronco da palmeira do babaçu (2), solo arenoso (1) e tronco do tucum.(1). Veronea sp. (2) e Cyphellophora sp. (2) foram recuperados da folha da palmeira do babaçu. Segundo Queiroz-Telles (2006), estudos ecoepidemiológicos da CBM mostram que os agentes etiológicos são ubíquos no ambiente onde a doença é observada. |
CONCLUSÃO: |
Exophiala spp. foi o fungo de maior prevalência entre os isolados ambientais, porém destacou-se o isolamento de Fonsecaea spp., principal agente da CBM, isolado da casca do coco-babaçu em decomposição, solo arenoso e fibra do tronco da mamurana. Outros fungos dematiáceos agentes de feohifomicoses tais como Cyphelophora spp., Ochroconis spp. e Veronea spp. foram isolados das amostras ambientais. O conhecimento da ecologia de tais fungos na natureza pode ser útil para o diagnóstico diferencial e prevenção das infecções fúngicas em uma determinada área geográfica onde ocorre a doença. |
Palavras-chave: Substratos ambientais, Cromoblastomicose, Fungos dematiáceos. |