64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Vochysia divergens Pohl. E Mouriri guianensis Aubl. EM UMA FLORESTA INUNDÁVEL MONODOMINANTE NO PANTANAL NORTE, BRASIL
Gilmar Alves Lima Júnior 1
Simone Rodrigues de Magalhães 2
Kátia Emídio da Silva 3
Cintia Maria dos Santos Câmara Brazão 4
Cátia Nunes da Cunha 5
Sebastião Venâncio Martins 6
1. Prof. Mestre/Instituto Federal de Rondônia, campus Ji-Paraná
2. Centro de Ciências Agrárias, Depto. Engenharia Florestal, UFV
3. Pesquisadora Doutora/Centro de Pesquisa Agroflorestal Amazônia Ocidental, EMBRAPA
4. Analista Ambiental, Mestre/ICMBIO
5. Profa. Doutora/Instituto de Biociências, UFMT
6. Prof. Doutor/Orientador, Centro de Ciências Agrárias, Depto. Engenharia Florestal, UFV
INTRODUÇÃO:
Conhecer o padrão espacial das formações vegetais e de espécies-chave é de fundamental importância para entender como as espécies usam os recursos disponíveis e a função do padrão espacial no sucesso do estabelecimento e reprodução das espécies. O interesse em estudar o padrão espacial de comunidades vegetais vem do pressuposto de que, para entender como se dão as relações ecológicas na floresta é necessário descrever e quantificar características espaciais e temporais. Dentre as metodologias para se estudar o padrão espacial de espécies vegetais, destaca-se a função K de Ripley, sendo uma das ferramentas estatísticas mais apropriadas para análises do padrão espacial de florestas, sobretudo quando os dados são apresentados sob a forma de mapa de árvores, contendo as coordenadas das mesmas. Estudos que analisam a distribuição espacial são escassos, especialmente em áreas de alto interesse ecológico, como as florestas monodominantes de (Vochysia divergens, amplamente distribuídas no Pantanal Norte, Mato Grosso. O objetivo deste estudo é descrever o padrão espacial da comunidade e de duas espécies selecionadas (V. divergens e Mouriri guianensis), a fim de contribuir para o entendimento dos processos geradores da distribuição dos indivíduos e populações na comunidade.
METODOLOGIA:
A área de estudo localiza-se na RPPN SESC Pantanal, em Barão de Melgaço, MT. Foi amostrada uma área de 100 m2, subdividida em 10m2. Com uma trena digital, a partir do canto esquerdo inferior, todos indivíduos com CAP maior ou igual 15cm tiveram as coordenadas x e y coletadas e transformadas em coordenadas x e y da área amostral. O padrão espacial foi analisado utilizando-se a Função K de Ripley, caso univariado o qual testa a distribuição das espécies selecionadas individualmente, em relação à completa aleatoriedade espacial. Para testar a significância dos padrões observados em relação à hipótese nula, foi realizado o teste de Monte Carlo com a probabilidade de 5%, construindo-se envelopes críticos sob a hipótese nula. O teste rejeita a hipótese nula, se o gráfico da função observada sai do envelope critico em qualquer valor de r (metro). Se o gráfico da função observada ultrapassa os envelopes com valores superiores a função de completa aleatoriedade o padrão observado é regular ou uniforme. Mas, se o valor da função observada sai dos limites do envelope com valores menores a da função de completa aleatoriedade o padrão observado é agrupado. As análises espaciais foram realizadas utilizando-se o pacote SpatStat, no software R.
RESULTADOS:
A comunidade vegetal analisada mostrou tendência de um padrão de distribuição espacial localmente agregado, em distâncias até 40m, e regionalmente regular ou uniforme. Ao se analisar o padrão individual de M. guianensis observou-se a tendência de agrupamento até distâncias de aproximadamente 30-40m, similar a observada para a comunidade analisada até esta distância, sendo também estatisticamente não diferente do que se espera na completa aleatoriedade espacial. O cambará mostrou uma tendência ao padrão uniforme até a distância de aproximadamente 10m, mudando para a completa aleatoriedade espacial após 10m de raio, com a curva dos dados observados ficando muito próxima dos valores que se esperaria na completa aleatoriedade espacial. Aparentemente, a dispersão anemocórica associada a resistência das plântulas e indivíduos jovens de cambará em sobrevivrem até o final do da inundação, faz com que esta espécie ocorra em toda a parcela, não exibindo um padrão que se diferenciasse do aleatório. Os resultados supõem que a monodominância de V. divergens pode desvaforecer o estabelecimento de outras espécies.
CONCLUSÃO:
O padrão aleatório da comunidade estudada reflete o padrão da espécie monomidante (Vochysia divergens). A tendência ao padrão agrupado da espécie (Mouriri guianensis até 40m pode ser indicativo de tamanho mínimo de parcelas (40mx40m) para se estudar processos ecológicos relacionados a esta espécie. A espécie monominante Vochysia divergens pode desvaforecer o estabelecimento de outras espécies. Os mecanismos ecológicos associados às características da espécie e do ambiente podem explicar o padrão observado. A inundação sazonal é o principal fator ambiental que interfere no padrão de distribuição espacial das espécies na comunidade estudada. O mapa com a distribuição espacial dos indivíduos fornece informações sobre a dinâmica das populações na formação monodominante estudada, que devem ser usados em estudos de maior escala no futuro.
Palavras-chave: pulso de inundação, função K de Ripley, cambarazal.