64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
PLANTAS EMPREGADAS EM AFECÇÕES ODONTOLÓGICAS, NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS, MARANHÃO: ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO
Denise Regina Pontes Vieira 1
Flavia Maria Mendonça do Amaral 2
Márcia Cristina Gonçalves Maciel 3
Flávia Raquel Fernandes do Nascimento 3
Silvana Amado Libério 4
1. Universidade Federal do Maranhão – PPGO/UFMA
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Farmácia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA
3. Depto.de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Maranhão – UFMA
4. Depto.de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão – UFMA
INTRODUÇÃO:
A abordagem etnobotânica e etnofarmacológica fornece importantes subsídios no estabelecimento de critérios de inclusão de espécies para o desenvolvimento de estudos de validação, que avaliem eficácia e segurança de plantas empregadas terapeuticamente pela população. Recursos de origem vegetal representam importante fonte de drogas no processo de desenvolvimento de compostos farmacologicamente ativos. Nesse sentido, o presente trabalho se propôs a realizar levantamento etnofarmacológico em clínica odontológica de ensino, localizada na cidade de São Luís, Maranhão, Brasil, visando identificar espécies vegetais utilizadas empiricamente no tratamento de afecções orais.
METODOLOGIA:
A pesquisa, caracterizada como estudo observacional, transversal- analítico, teve como população de estudo pessoas maiores de 18 anos e acompanhantes de crianças em atendimento nas clínicas odontológicas de uma instituição pública de ensino superior, localizada em São Luís, estado do Maranhão. Os dados foram coletados a partir de uma amostra de conveniência, baseado em levantamentos etnofarmacológicos em afecções orais, sendo considerada prevalência de 40% para uso de plantas com fins medicinais, erro de 5% e intervalo de confiança de 90%, adotando-se tamanho da amostra de 271 pessoas. Para coleta dos dados etnofarmacológicos foram empregadas entrevistas estruturadas e semiestruturadas, contendo perguntas abertas e fechadas, com foco na abordagem de espécies vegetais empregadas em afecções odontológicas. Aqueles que referiram o uso de plantas foram questionados quanto à origem da informação, forma de preparação, parte utilizada e dados socioeconômicos. Os dados foram formatados e analisados com programa estatístico SPSS 18.0 for Windows, com análise descritiva das variáveis e apresentação em tabelas de frequência; seguida da análise empregando-se o teste do χ2 de independência, com nível de significância (α) de 5%.
RESULTADOS:
Participaram da pesquisa 155 mulheres e 116 homens. No total, 151 pessoas (55,7%) usam plantas para fins medicinais, dentre as quais 80 (29,5%) relataram conhecer e/ou usar plantas em algum tipo de afecção oral. Sexo, idade e classe econômica foram estatisticamente significativos na utilização de plantas em afecções orais (p<0,05). Dentre as 48 plantas mais citadas, 32 espécies foram identificadas e distribuídas em 24 famílias botânicas. Aloe vera L., Anacardium occidentale L., Schinus terebinthifolius Raddi, Chenopodium ambrosioides L. e Punica granatum L. foram as mais citadas. As indicações mais comuns foram cicatrização alveolar, inflamação e sangramento gengival. A infusão é a maneira mais utilizada para o preparo e consumo das plantas. O uso de calor na obtenção das preparações caseiras mostra desconhecimento de possível alteração metabólica decorrente de temperatura elevada. O registro do conhecimento popular sobre uso de plantas deve avaliar diferenças regionais e identificar espécies com potencial para desenvolvimento de estudos, visando o uso comprovado e seguro. Ressalta-se a necessidade de pessoas com baixa renda em encontrar forma alternativa para o tratamento de enfermidades, dado menor poder de compra dos medicamentos convencionais.
CONCLUSÃO:
O levantamento etnofarmacológico mostrou que várias espécies são utilizadas empiricamente pela população avaliada, principalmente pertencentes à família Anacardiaceae. Eficácia e segurança de plantas com fins medicinais devem ser validadas através de levantamentos etnofarmacológicos, documentações técnicas e científicas, ensaios clínicos e publicações. Daí a importância de levantamentos etnofarmacológicos na identificação de plantas com possível potencial terapêutico na odontologia. Estudos etnofarmacológicos desenvolvidos com emprego de metodologia adequada para coleta e análise dos dados, podem representar ferramenta valiosa na seleção de espécies vegetais para prosseguimento dos estudos de validação, na garantia do uso seguro e eficaz de plantas; bem como na identificação de produtos com novos mecanismos de ação.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Afecção oral, Etnofarmacologia.