64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 2. Medicina Preventiva
Monitoramento de mulheres com laudo citológico de células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US).
Heliana de Araújo Morais 1,2
Maria José Luna dos Santos da Silva 2,3
Rita Maria do Amparo Bacelar Palhano 3
Juvanildo Silva Diniz 4
Wendemberg Viana Santana 4
1. Profa. Msc./ Orientadora - Curso de Especialização em Citologia Clínica - SBCC
2. Docente do Departamento de Farmácia - UFMA
3. Docente do Curso de Especialização em Citologia Clínica - SBCC
4. Aluno do Curso de Especialização em Citologia Clínica - SBCC
INTRODUÇÃO:
O câncer do colo do útero (CCU), ainda hoje, representa um importante problema de saúde pública no Brasil, chegando a ser em algumas regiões o tipo de câncer mais comum na população feminina. É uma doença passível de prevenção, uma vez que esse agravo apresenta uma progressão relativamente lenta possibilitando o diagnóstico na fase pré-maligna, o tratamento é de baixo custo e apresenta elevado potencial de cura. A realização do exame de Papanicolaou tem sido reconhecida mundialmente como uma estratégia segura e eficiente para a detecção precoce do câncer do colo do útero na população feminina e tem modificado efetivamente as taxas de incidência e mortalidade. No Sistema Bethesda de 2001 foi inserido como resultado do exame citológico o termo células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US), quando existem anormalidades mais marcantes que nas alterações reativas, mas que quantitativamente e qualitativamente não são suficientes para interpretação de lesão intra-epitelial escamosa. O seguimento das mulheres com ASC-US é necessário, pois pode ser decorrente de processo reativo ou fase de lesão incipiente que poderá progredir para maior gravidade. O objetivo da pesquisa foi monitorar pacientes com resultado inicial de ASC-US, utilizando exame citológico de seguimento.
METODOLOGIA:
O tipo de estudo utilizado foi o retrospectivo, follow-up, com cortes trimestrais durante o período de doze meses. Utilizou-se o arquivo de prontuários de um Hospital, conveniado com o Sistema Único de Saúde, com serviço de oncologia, localizado no município de Imperatriz – MA, mediante consentimento prévio da Instituição. Foram coletados dados como a idade, aspecto do colo, sinais clínicos de doenças sexualmente transmissíveis quando do primeiro exame e os resultados dos exames posteriores. Foi realizada a estatística descritiva para análise dos resultados.
RESULTADOS:
A amostra foi composta por cem mulheres, a maioria com faixa etária acima de 52 anos (33%), com aspecto do colo uterino visualmente normal (51%) e sem sinais sugestivos de DST (52%). O Ministério da Saúde recomenda que seja registrada a informação sobre o aspecto macroscópico do colo, porque há associação dos achados com o resultado na citologia, entretanto há controvérsias. As alterações próprias da menopausa podem dificultar o diagnóstico, mas que após a aplicação de estrogênios tópicos, com maturação suficiente é possível a classificação definitiva. A ausência dos sinais de DST não descarta a possibilidade de patologias. No monitoramento foi observado que após três meses 42% tiveram mudança no esfregaço com interpretação de negativo para lesão intra-epitelial escamosa e malignidade, percentual que aumentou consideravelmente para 87% no final de um ano, denotando que se tratava de processo reativo não neoplásico. Houve persistência do laudo de ASC-US decorridos 90 dias (57%), decrescendo para 30%, 2%, 0% com seis, nove e doze meses respectivamente. Foi observado o aparecimento de lesão escamosa de baixo grau no primeiro trimestre (1%) e aumento para 10% no terceiro trimestre. No final do monitoramento de doze meses foram detectadas 4% de lesões escamosas de alto de alto grau. A literatura relata de 5 a 17% das portadoras de ASC-US evoluem para lesão mais severa.
CONCLUSÃO:
Concluímos que a portadora de ASC-US precisa ser monitorada, fato justificado pelo percentual de casos que revelaram se tratar de alterações apenas reativas (87%), porém especialmente pela evolução para lesões escamosas de alto grau (4%) durante o seguimento. Que o aspecto macroscópico do colo e a ausência de sinais sugestivos de DST não são indicativos da ausência de atipias citológicas.
Palavras-chave: Atipia de significado indeterminado, Monitoramento, Papanicolaou.