64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 11. Economia
UMA ANÁLISE ACERCA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E DA EMISSÃO DE CO2 DA CHINA, BRASIL E ÍNDIA.
Ana Cândida Ferreira Vieira 1,2
Allison de Almeida Leal 3,4
1. Profa. Ms/ Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal da Paraíba – UFPB/Campus IV/Litoral Norte.
2. Profa/Orientadora do PIVIC/CNPq/UFPB
3. Departamento de Ciências Sociais/UFPB/Campus IV/Litoral Norte
4. Aluno PIVIC/CNPq/UFPB
INTRODUÇÃO:
A Revolução Industrial foi motivo de um longo processo de transformações no âmbito das forças produtivas e um dos motivos de conseqüências e alterações no efeito estufa da Terra. Pesquisas comprovam que antes da Revolução Industrial, no século XVIII, os níveis de carbono na atmosfera, em média, estavam em 280 ppm , atualmente essa concentração está em 379 ppm, o que significa um aumento de 35,36% (ECONÔMICO DO CLIMA, 2010). Com base nesse cenário, o Protocolo de Quioto surgiu em 1997 através da terceira Convenção- Quadro sobre Mudanças Climáticas-COP 3, em Quioto no Japão, pela primeira vez em um protocolo foram incluídas metas obrigatórias para a diminuição das emissões de gases causadores do efeito estufa, e 37 países industrializados ratificaram o Protocolo, estabelecendo a divisão dos países em dois grupos: países integrantes do anexo I, considerados industrializados e grandes emissores de dióxido de carbono (CO2); e países não integrantes do anexo I, chamados de países em desenvolvimento. Atualmente foram realizadas dezessete conferências, de 1994 até 2011, todas na tentativa de executar o desenvolvimento sustentável e a redução de emissões de CO2 no planeta. Nesse contexto, o artigo tem o objetivo de abordar um breve estudo sobre a redução de CO2 gerados pelos projetos aprovados no MDL da China, Índia e Brasil, dando destaque ao crescimento econômico dos países considerados emergentes, durante o período de 2009 a 2011.
METODOLOGIA:
Para a obtenção dos resultados o estudo foi desenvolvido com base em uma análise explicativa e descritiva, utilizando métodos dedutivos com raciocínio que parte de uma ou mais premissas gerais e chega a uma ou mais conclusões particulares. Tendo como análise qualitativa o estudo bibliográfico dos Relatórios do IPCC, Protocolo de Quioto, State and Trends of the Carbon Market-2011, Long-Term Trend in Global CO2 Emissions-2011, e dos Boletins do Escritório do Carbono de jan/09 até ago/10, que serviram para a construção de uma discussão e análise acerca do assunto. Para uma análise quantitativa foi utilizado uma estatística simples, apresentada na forma de distribuição de freqüências absolutas e relativas, o que contribuiu para a organização dos dados de modo a se ter uma ideia global sobre o todo. As variáveis coletadas foram relacionadas em uma série de 20 meses para os projetos aprovados no MDL da China, Brasil e Índia, tendo como fonte principal os Boletins do Escritório do Carbono. Para a análise do crescimento econômico foram utilizados os dados agregados da CIA – The World Fact Book de 2009, 2010 e 2011 do Produto Interno Bruto – PIB (GDP – Gross Domestic Product) tendo como base a Paridade do Poder de Compra – PPC (PPP – Purchasing power Parity) da China, Brasil e Índia. O PIB sintetiza a riqueza e produção nacional de um país em um ano e o PPC é utilizado devido às diferenças identificadas nos padrões de vida gerais das populações dos três países mencionados.
RESULTADOS:
Com base nos dados obtidos é possível observar a evolução dos projetos registrados no MDL pelos três primeiros países que apresentam o maior número de projetos apresentados no mundo. Conforme os dados, a China vem apresentando um crescimento durante os dezenove meses (fev/09 a ago/10), em jan/09 apresentou 352 projetos registrados e ocupou nesse mês o segundo lugar, em seguida passou a incumbir nos primeiros lugares, chegando ao mês de ago/10 com 913 projetos registrados. A Índia aparece em primeiro lugar com 379 projetos registrados em jan/09, aumentando gradativamente durante os meses estudados, mas perdendo sua posição de primeiro lugar para a China em fev/09. Com base nos dados obtidos de jan/09 a ago/10, através da quantidade de projetos registrados no MDL é possível observar a quantidade de Redução Certificada de Emissões (RCEs) geradas pelos três primeiros países, e China se destaca por demonstrar em fev/09, 140.875.000 de RCEs, chegando a apresentar em ago/10, 227.713.000 de RCEs. Significa dizer que no período estudado a China é o país que apresenta mais de 50% de RCEs, mas é considerado um dos países em desenvolvimento que mais emitem poluição. A Índia e o Brasil apresentam crescimentos tímidos de RCEs, que podem ser visualizados abaixo da linha dos 50 milhões de RECs. Em contrapartida o rápido crescimento econômico de China e Índia se deve ao fato de ter origem dependente de carvão, possibilitando o aumento de emissões de CO2 na atmosfera.
CONCLUSÃO:
Mesmo que a China não esteja na lista dos países industrializados do Anexo I, do Protocolo de Quioto, é o país que está sendo considerado como a segunda maior potência em crescimento econômico, com um PIB/PPC de 9,35 trilhões de dólares em 2010. A Índia ultrapassa o Brasil durante os três anos estudados com 3,76 trilhões de dólares em 2009, 4,13 trilhões de dólares em 2010 e 4,46 trilhões de dólares em 2011; contra 2,06 trilhões de dólares em 2009, 2,82 trilhões de dólares em 2010 e 2,28 trilhões de dólares em 2011, do Brasil. No período de 2008 e 2009 o cenário internacional foi de recessão econômica, os países considerados do anexo I, como os europeus chegaram a diminuir a liberação de CO2 na atmosfera, devido à redução de seu crescimento econômico. Conforme o estudo da Comissão Européia (2011), a diminuição chegou a um total de 4,2 bilhões de toneladas de CO2 em 2007 para 4 bilhões em 2010. A principal causa do crescimento econômico foi o desenvolvimento da economia de países considerados emergentes como China e Índia. Mas, o que poderia pressionar os países emergentes e considerados como grandes emissores, como China e Índia é aceitar apenas RCEs de novos projetos, através de metas de redução destacada no Protocolo a partir de 2013.
Palavras-chave: Protocolo de Quioto, Crescimento Econômico, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.