64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 4. Políticas Públicas
A UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS NÃO ESPECÍFICOS DE LAZER: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO BRINCANDO NOS BAIRROS
Flávia Cristina Moreira dos Anjos 1
Márcio Ribeiro Alves 2
Karla Cristina Moreira dos Anjos 3
Ana Letícia Burity da Silva 3
Rosana Silva Pontes 4
1. Secretaria Municipal de Educação, Prefeitura de São Luís
2. Secretaria Municipal de Desporto e Lazer, Prefeitura de São Luís
3. Centro de Ciências Sociais, Universidade Federal do Maranhão
4. Prof. Ma./Orientadora - Faculdade São Luís
INTRODUÇÃO:
Nas grandes cidades a insuficiência no número de espaços públicos de lazer para a população é um problema ocasionado pelo crescimento acelerado e Políticas Públicas de Lazer que não acompanham a velocidade de tal desenvolvimento.
Para Marcellino et al. (2007) o urbanismo moderno atribuiu às cidades quatro funções: lazer, moradia, trabalho e circulação, em que o espaço público vem perdendo seu uso multifuncional, deixando de ser local de encontro, de prazer, de lazer, de festa, de circo, de espetáculo.
Visando incentivar a convivência humana, o Projeto Brincando nos Bairros (PBB) utiliza equipamentos não específicos para o lazer como: escolas, praças, ruas e espaços vazios dentro dos bairros para promover o encontro humano por meio de atividades de lazer.
O objetivo deste trabalho foi relatar a experiência de um Projeto que atua na superação da desvalorização do lazer, enquanto direito social, na cidade de São Luís. E, por meio deste registro, auxiliar no mapeamento das ações de implementação de Políticas Públicas de Lazer na cidade, incentivando o desenvolvimento de novos projetos para este setor e demonstrando à população local como é possível vivenciar o lazer mesmo sem espaços e equipamentos formais.
METODOLOGIA:
Este estudo é em um relato de experiência dentro do PBB executado pela Prefeitura de São Luís (MA) nos anos de 2008 a 2011, apurado por meio de observação direta, com registros em diários de pesquisa, análise de material fotográfico e consulta a bibliografia específica.
O PBB foi desenvolvido como ferramenta à democratização do acesso a atividades de lazer, objetivando elevar a utilização de espaços públicos de lazer não específicos, para promover convivência social sob a luz da animação, educação e cultura.
A cada mês, um bairro diferente da capital era selecionado para receber a equipe do PBB. Para a seleção eram utilizados seguintes critérios: localidade de maior vulnerabilidade social, organização comunitária (se havia associação de moradores) e interesse dos moradores (solicitações em ofícios para realização do projeto em seus bairros).
As atividades eram realizadas no formato de Ruas de Lazer, em que foram oferecidas diversas modalidades esportivas, brincadeiras populares, cinema infantil, oficina sucata vira brinquedo, oficinas de leitura, pintura facial e animação com palhaços. E, ainda, ações secundárias de orientação jurídica, educação em saúde, vacinação, corte de cabelo, apresentação do Canil da Polícia Militar e apresentações dos grupos culturais da comunidade visitada.
RESULTADOS:
Marcellino (2001) fala do incentivo às manifestações culturais espontâneas e do trabalho conjunto como meios de buscar autonomia e respeitá-la. Foi o que se utilizou na etapa de elaboração de cada edição do PBB. A coordenação do Projeto visitava o bairro selecionado e se reunia com a associação de moradores para planejar os espaços que seriam utilizados, as atividades que seriam desenvolvidas, a mobilização dos moradores e ainda a apresentação de grupos culturais da localidade.
Escolas, associações, praças, ruas, igrejas e até terrenos vazios foram utilizados como espaços para o desenvolvimento das atividades do PBB. Com muita criatividade os moradores aliavam-se a equipe do PBB para garantir ampla participação em um dia de muita animação dentro do bairro. Demonstrando como é possível vivenciar o Lazer mesmo sem equipamentos específicos.
Ao final de cada edição, além da experiência em realizar eventos de lazer adquirida na etapa do planejamento, o PBB deixava um kit composto por bolas, redes, cordas, bambolês, baralho e dominó para que cada comunidade pudesse dar início a uma “rotina” de ações de lazer. Para Costa e Silva (2008) é papel do Estado viabilizar as Políticas de Lazer para a população, para que ela se sinta co-gestora do processo, e construa sua autonomia.
CONCLUSÃO:
A experiência do Projeto Brincando nos Bairros comprovou que é possível ampliar as oportunidades de lazer por meio da visão de múltiplas possibilidades e significados atribuídos pela população aos espaços e equipamento encontrados nos bairros.
Ao analisar a utilização dos espaços públicos de lazer não específicos, ver-se neles uma possibilidade de desenvolvimento para as Políticas Públicas de Lazer, porém não se nega a importância da construção de novos dos equipamentos específicos de lazer.
Na realização do PBB, nas etapas de planejamento junto à comunidade, levantou-se que o Lazer não figurava entre as reivindicações mais urgentes das associações de moradores visitadas. Isso demonstra que ainda é preciso que a população valorize a experiência coletiva no lazer como um recurso capaz de gerar benefícios a qualidade de vida de cada indivíduo, contribuindo na educação pela transmissão do saber popular e na difusão de valores positivos.
Em um segundo momento, será necessário revisitar os bairros atendidos a fim de analisar o impacto do PBB no desenvolvimento autônomo das atividades coletivas de lazer pelos moradores, investigar quais espaços estão sendo utilizados, e ainda avaliar se houve ou não mudança em relação ao reconhecimento do Lazer como um direito social.
Palavras-chave: Equipamentos não específicos, Convivência social, Lazer.