64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
IMPACTOS DA ESTRADA NA FAUNA SILVESTRE: TRÊS ANOS DE MONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE TEFÉ.
Aline Cristina Aparício Ramos 1
Maria Irineide Silva de Souza 2
Daniel Epifânio Marques 3
Luciane Lopes de Souza 4
1. Acadêmica de Biologia - Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA
2. Acadêmica de Biologia - Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA
3. Acadêmico de Biologia - Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA
4. Profa. Dra. /Orientadora - Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA
INTRODUÇÃO:
A construção e manutenção de estradas é um dos mecanismos de alto impacto negativo sobre a integridade biótica, devastando a cobertura vegetal, gerando efeito de borda e elevando o índice de mortalidade da fauna de vertebrados por atropelamento em processos de deslocamento desses animais nas rodovias. Na região de Tefé, estado do Amazonas, principalmente após a implantação e pavimentação da estrada da EMADE, em 2005, observou-se uma crescente devastação florestal devido ao aumento considerável da exploração antrópica e o aumento do fluxo de veículos na estrada, provocando impactos ambientais muito negativos para a biodiversidade local. O monitoramento destes impactos foi realizado no período de 2008 a 2011, com o objetivo de avaliar os impactos ambientais da construção e pavimentação desta estrada sob a fauna silvestre da região.
METODOLOGIA:
A coleta de dados abrangeu o período de julho de 2008 a julho de 2011. A área focal do estudo foi a estrada da EMADE localizada a 8 km do centro do município de Tefé, estado do Amazonas. Esta estrada possui 23 km de extensão, sendo que foi construída e totalmente pavimentada com o objetivo de facilitar o acesso ao novo porto de Tefé. Os observadores realizavam excursões semanais ao longo dos 23 km da estrada, registrando os indivíduos vítimas de atropelamento na ida e no retorno, após 15 minutos de descanso no ponto 23. Os dados de ocorrência e mortalidade das espécies devido a colisão com os veículos na estrada foram levantados através da observação direta e registros fotográficos dos animais encontrados mortos, com marcas de atropelamento. Para cada animal avistado foram coletadas as seguintes informações: nome da espécie, sexo, faixa etária, local e posição na estrada, bem como o seu estado de conservação. Dados adicionais como data, hora do inicio e término da coleta e as condições climáticas também foram anotados.
RESULTADOS:
No total foram realizadas 199 excursões, durante três anos de pesquisa, totalizando 9.153 km percorridos. Foram contabilizados 482 animais atropelados de pelo menos 60 espécies diferentes de vertebrados que foram identificadas, sendo que as mais vitimadas pertencem a classe dos anfíbios com 67% dos registros, seguido dos répteis (27%), das aves (4%) e mamíferos (2%). A espécie mais afetada foi Bufo marinus com 49% dos casos de atropelamento. O alto valor de mortalidade de anfíbios pode estar relacionado à presença de água na área da estrada, pois este é um fator importante para a reprodução dos mesmos. Considerando o total de quilômetros percorridos a média foi de 0,052 animais/km/percorrido, superior as médias encontradas em outros lugares do país. Os meses em que foram encontrados mais animais atropelados foram dezembro, março e abril, que coincidiu com o período chuvoso típico da região. Os pontos críticos para o atropelamento da fauna na estrada da EMADE foram os cinco primeiros quilômetros da mesma, o que representa um trecho de pista reta da estrada. Estes resultados reforçam que é fundamental que se estabeleçam medidas mitigadoras dos impactos sobre a fauna vitimada pela colisão de veículos.
CONCLUSÃO:
Neste estudo foi detectado um grande número de animais vitimados por colisões com veículos na estrada da EMADE, principalmente da classe dos anfíbios. Tais resultados divergem de outros estudos brasileiros que apontam outros vertebrados como grupos mais afetados. Para minimizar os impactos ambientais sob as populações de animais silvestres na área de estudo podem ser propostas algumas medidas mitigadoras dos impactos encontrados como: a implantação de redutores de velocidade, túneis de passagens hídricas, principalmente nos primeiros cinco quilômetros e a implantação de placas educativas, alertando os motoristas a reduzirem a velocidade para minimizar ou até evitar atropelamentos da fauna. Também pode ser feito um trabalho de Educação Ambiental nas escolas da região que facilitará a correta aplicação de tais medidas, reduzindo os impactos ambientais gerados pela construção e pavimentação desta estrada no interior do Amazonas.
Palavras-chave: Fauna atropelada, Estrada, Amazônia.