64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
O CONSUMO DE ÁLCOOL EM JOVENS QUE PARTICIPAM DOS PROJETOS DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA) NO BAIRRO DA VILA EMBRATEL EM SÃO LUÍS-MA
Maria de Jesus Torres Pacheco 3
Pedro Lucas dos Santos Gomes Freitas Silva 1
Rubens Mendes Silva 4
Danielle Cristina Silva Costa 2
Amanda Batalha Pereira 2
Felipe Brayon de Paiva Ericeira 1
1. Acadêmico de Medicina - UFMA
2. Acadêmica de Medicina - UFMA
3. Profa. Msc./Orientadora - Depto de Medicina III - UFMA
4. Graduado em Medicina - UFMA
INTRODUÇÃO:
O estudo teve por objetivo geral a avaliação do consumo de álcool em jovens participantes dos projetos de extensão da UFMA, no bairro Vila Embratel. Da perspectiva geral depreendeu-se a necessidade de descrever o perfil socioeconômico e demográfico dos jovens em questão (Sexo, idade, raça, renda e escolaridade), além de avaliar as características de consumo (tipo de bebida, tempo e frequência de uso) e conhecer as motivações.
As causas do uso de bebidas alcoólicas podem ser: o estilo de vida atual, dos elevados níveis de estresse, de ansiedade, de baixa autoestima, de sentimentos depressivos, de susceptibilidade à pressão dos pais e também de problemas relacionados à escola. Tem ocorrido aumento do consumo entre adolescentes, e a idade de início do uso vem se tornando cada vez mais precoce.
Juntamente com a precocidade do contato com a bebida, o padrão de consumo também preocupa. Isso porque o uso pesado do álcool acaba ocasionando diversos problemas sociais e de saúde como: doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, infarto do miocárdio, acidentes de trânsito, problemas de comportamento, violência e ferimentos não intencionais, entre outros danos à saúde do usuário.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, cuja população foi de 68 jovens entrevistados, com idades entre 18 e 25 anos, de ambos o sexos, inscritos nos projetos do Núcleo de Extensão da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. O número 68 foi encontrado através das visitas aos projetos e os critérios de inclusão foram: idade acima de 18 anos, estar frequentando um dos projetos do núcleo e ter aceitado responder o questionário.
Para a coleta usou-se um questionário estruturado. As variáveis aferidas foram: sexo, idade, estado civil, cor da pele, renda familiar, consumo de álcool, tipo de bebida que consome, frequência do consumo de álcool, o quanto consome de álcool e o motivo que levou a consumir álcool.
Para a obtenção dos resultados foi criado um banco de dados através do programa Microsoft Excel 2003, a partir do qual foram gerados gráficos e tabelas.
O estudo respeitou o anonimato dos adolescentes e jovens e foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O projeto passou pela apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Presidente Dutra – HUUFMA, obtendo aprovação pelo mesmo.
RESULTADOS:
Dos entrevistados, 47,06% tinham entre 18 e 19 anos; 25% entre 20 e 21 anos; 14% entre 22 e 23 anos e 13.23% entre 24 e 25 anos. O sexo feminino prevaleceu sobre o masculino, 60,29% contra 39,71%.
Quanto à raça, 45,59% eram pardos, 11,76% brancos e 42,65% negros.
A maioria (95,59%) era de solteiros. Em relação à escolaridade, a maior parte dos entrevistados estava cursando ou possuía o ensino médio completo.
A renda mensal de 76,4% dos entrevistados estava entre um até três salários mínimos. 29,41% alegaram renda de um salário por mês e 20,59% declararam renda mensal entre quatro a seis salários.
Mais da metade dos entrevistados (58,83%) afirmaram que consomem álcool. 41,18% negaram.
Dos 40 que se declararam etilistas, três (7,5%) iniciaram a utilização do álcool entre 10 e 12 anos, dois (5%) iniciaram entre 13 e 14 anos, 13 (32,5%) entre 15 e 16 anos, 15 (37,5%) entre 17 a 19 anos, quatro (4%) entre 19 a 20 anos e três (7,5%) entre 21 a 22 anos. Apenas um alegou beber cachaça, 38 (95%) citaram cerveja e quatro (10%) apontaram uísque.
Nenhum dos entrevistados relatou uso diário, 7 (17,5%) alegaram uso semanal, 6 (15%) quinzenal, 9 (22,5%) mensal e 18 (45%) ocasional. Além disso, os motivos do início do consumo de álcool mais alegados foram curiosidade e/ou incentivo de amigos.
CONCLUSÃO:
59,8% dos entrevistados consomem bebida alcoólica, o que é grave, pois são pessoas jovens.
A maior parte dos jovens era de pardos e negros, os quais apresentaram taxas maiores de abuso de álcool, indicando diferenças étnicas, culturais e sociais não explicadas por idade ou sexo.
A maioria foi de solteiros, previsível pela faixa etária da população.
A baixa renda pode ser explicada pelo fato da amostra ser oriunda de projetos destinados a jovens de classe baixa, de comunidades pobres em São Luís.
O início do etilismo ocorreu, na maioria, entre 15 e 19 anos, por motivos como curiosidade e incentivo dos amigos. Vale ressaltar a contraposição ao aspecto legal da compra de álcool, porque as leis que proíbem a compra por menores raramente são cumpridas.
A frequência de consumo mais comum foi a ocasional, seguida pela mensal e pela quinzenal. As frequências semanal e diária foram menos relatadas, mas a diferença numérica não foi significativa a ponto de afastar a preocupação acerca do etilismo, que pode interferir na saúde do jovem.
Infere-se a necessidade de projetos de extensão que abordem a temática do alcoolismo, objetivando afastar o jovem do contato tão precoce com a bebida. Deve-se inserir a família na abordagem multidisciplinar, de modo que a prevenção também parta do lar.
Palavras-chave: Adolescência, Etilismo, Drogas.