64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
ANÁLISE DA EXTENSÃO DE DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO E PROFUNDIDADES SOBRE O PH DO SOLO EM ÁREAS DE IGARAPÉ-AÇÚ/PA.
Nayara Kelly Feitosa Ferreira 1
Ingrid Pena da Luz 2
Lucas Fáro Bastos 2
Ediane Conceição Alves 1
Mário Lopes da Silva Júnior 3
1. Bolsista de Iniciação Cientifica – PIBIC, Universidade Federal Rural da Amazônia
2. Departamento de Ciência do Solo, Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA
3. Prof. Dr./Orientador – Departamento de Ciências Agrárias - UFRA.
INTRODUÇÃO:
De maneira geral, o processo de ocupação e utilização dos solos da região amazônica tem ocorrido de forma desordenada. A vegetação natural vem sendo substituída por cultivos agrícolas, por lavouras e pastagens promovendo a degradação de inúmeras áreas, pois estas são, em sua maioria, desprovidas de reservas minerais. Essa alteração provoca um desequilíbrio nas propriedades intrínsecas dos solos, pois o manejo empregado afeta as propriedades físico-químicas, modificando suas características originais.
Em Igarapé-Açú, a agricultura familiar ainda faz bastante uso do sistema de derruba e queima da vegetação, o que altera as propriedades químicas do solo. Após a queima há incremento de nutrientes no solo, entretanto, após alguns anos ocorre decréscimo desses elementos. O uso adequado dos nutrientes é tão mais importante, quanto maior for a remoção causada pelos sistemas, ou quando a taxa de remoção, excede a de substituição.
Assim, este trabalho tem por objetivo avaliar a extensão dos efeitos de diferentes sistemas de manejo e profundidades, sob o pH do solo, indicando aos produtores e interessados, ferramentas apropriadas para a utilização correta do solo, permitindo o uso sustentável dos recursos naturais dentro de sistemas de produção multifuncionais.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no município de Igarapé-Açú, no estado do Pará, em propriedades de pequenos produtores rurais, onde o solo dominante é Latossolo Amarelo. A coleta foi feita em cada tipo de cobertura vegetal, com 4 repetições, formando amostras do tipo composta.
Após a coleta, as amostras foram colocadas em sacos de polietileno e trazidas para o laboratório de Solos da Universidade Federal Rural da Amazônia, foram secas ao ar (T.F.S.A.), tamizadas em peneira de 2 mm de diâmetro.
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado. Foi avaliado o pH do solo em água e KCl, de acordo com Metodologia da Embrapa, nas camadas de 0-5, 5-10 e 10-20cm, sob nove diferentes sistemas de manejo e uso, descritos a seguir: Cumarú Capoeira (CMC), Cumarú sem Queima (CMSQ), Cumarú com Queima (CMQ), Ufra Capoeira (UFC), Ufra sem Queima (UFSQ), Ufra com Queima (UFQ), Saf 1 sem queima com trituração (S1P), Saf 2 com queima (S2C), Saf 2 sem queima com trituração (S2P).
As médias obtidas foram submetidas à análise de variância (ANAVA), com a finalidade de avaliar os efeitos da mudança dos sistemas de manejo e da profundidade do solo nas variáveis estudadas. A comparação das médias foi feita pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade de erro, utilizando o programa estatístico SAEG 9.0.
RESULTADOS:
Nas profundidades analisadas, o menor valor de pH em água ocorreu de 10-20 cm (4,81), seguido da profundidade de 5-10cm (4,84), tendo a maior média de pH na profundidade de 0-5cm (5,19), apesar disso, não houve diferença significativa. O mesmo ocorreu com as médias de pH em KCl, na profundidade de 10-20cm, obteve-se o menor valor (3,87), seguido de 5-10cm com (3,94), e a maior média na profundidade de 0-5cm (4,12), não ocorrendo diferença estatística. Estes resultados são típicos de Latossolos da Amazônia, que são bastante ácidos, em decorrência do material de origem e da intensa precipitação pluviométrica.
Nos sistemas Ufra com queima (UFQ), Saf 2 com queima (S2C) e Saf 1 com trituração (S1P), os valores foram, respectivamente, 5,36; 5,33 e 5,32, sendo classificado como de acidez média, o que pode ser explicado pelo aumento significativo do pH logo após a queima da biomassa. O menor valor foi encontrado no sistema Cumaru com queima (CMC), 4,47, caracterizado como acidez elevada, os demais sistemas não diferiram estatisticamente.
Os valores de pH em KCl tiveram as maiores médias no sistema (UFQ) com 4,36, (S1P) com 4,33 e (S2C) com 4,33. A menor média em (CMC) com 3,5, os demais sistemas não diferiram entre si. Não houve interação entre os sistemas de manejo e as profundidades.
CONCLUSÃO:
Nas camadas superficiais do solo, os valores de pH foram superiores em virtude do maior aporte de matéria orgânica, geralmente encontrado nessas camadas.
O sistema de manejo que utilizou corte e trituração da vegetação, no preparo do solo, se assemelhou ao sistema com queima da vegetação, quanto à eficiência na ciclagem de nutrientes e aporte de matéria orgânica, refletido diretamente no pH do solo, configurando-se como alternativa viável de manejo sustentável.
Palavras-chave: pH, Manejo, Sustentabilidade.