64ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia |
COMPORTAMENTO ATÍPICO DA CAMADA LIMITE ATMOSFÉRICO NA REGIÃO TROPICAL – LBA 1999 |
Isidro Metódio Tuleni Johanes Ihadua 1 Roberto Fernando da Fonseca Lyra 2 Diogo Nunes da Silva Ramos 1 Flávia Dias Rabelo 1 Marney Chaves de Aragão Lisbôa Amorim 1 |
1. Instituto de Ciências Atmosféricas, UFAL, Maceió-AL. 2. Prof. Doutor / Orientador- Instituto de Ciências Atmosféricas, UFAL, Maceió-AL. |
INTRODUÇÃO: |
A Camada Limite Atmosférica (CLA) é a região da baixa troposfera onde a influência da superfície terrestre se faz sentir. No interior da CLA ocorre a maior parte das atividades humanas, como a agricultura, o transporte e demais funções da vida, assim, tem-se uma maior importância para seu estudo (STULL, 1988). A altura da CLA (Zi) é um parâmetro essencial para se conhecer sua espessura, que é diretamente interligada pelos efeitos do balanço de energia local, além de possibilitar a melhor simulação de dispersão de poluentes, bem como melhorar as parametrizações dos modelos atmosféricos. De acordo com Lyra et al (2011),nas regiões de clima tropical, em muitos casos, a CLC não se adequa ao padrão de um modelo conceitual desenvolvido em regiões de clima temperado. Isto se deve a vários fatores como alta temperatura e umidade, proximidade do equador, convecção, etc. A CLA nos trópicos é chamada de Camada Limite Atmosférica Tropical (CLAT), um exemplo se encontra na Amazônia. Essa camada concentra uma quantidade de energia mais elevada do que a CLA de outras regiões. (GOMES et al., 2004). Devido a essa maior quantidade de energia, os fluxos são intensificados e a previsão dos parâmetros é dificultada, como por exemplo, a determinação da Zi. Assim a floresta amazônica se torna uma região particular e importante para realização de estudos. Tendo em vista a importância do estudo da CLA e as limitações do suporte teórico e experimental existentes, este trabalho visa investigar o comportamento anômalo da CLA na Amazônia, durante a estação chuvosa. Durante o período de 24 de janeiro a 22 de fevereiro de 1999. O experimento foi realizado em Rondônia durante a campanha de 1999 do programa LBA (Large Scale-Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazônia). Esse experimento visou aumentar o conhecimento sobre a Amazônia e sobre os impactos dos desmatamentos tanto do ponto de vista regional como global, enfocando, neste caso, a estação chuvosa nos dois sítios experimentais, um em área de Floresta e o outro em área de pastagem (Cohen et al., 2000). O objetivo deste trabalho é investigar o comportamento anômalo da CLA amazônica durante a estação chuvosa. |
METODOLOGIA: |
A área de estudo está compreendida em um sítio de floresta e outro de pastagem, ambos no Estado de Rondônia. A área de floresta é a Reserva Biológica do Jarú (10º 05’ S, 61º 55’W, 120m), situada a 80 km do município de Ji- Paraná (RO). O sítio de Pastagem está localizado na Fazenda Nossa Senhora (10º 45’S, 62º22’, 293m), a uma distância de 15 km do município de Ouro Preto do Oeste (RO). Vale salientar que a distância entre os dois sítios é aproximadamente 80 km. Os dados foram obtidos através de radiossondas da marca Väisälä (modelo RS80-15G, Helsinki, Finlândia). Esses instrumentos apresentam sensores de pressão, temperatura, umidade relativa e o campo de vento é inferido por telemetria através de um GPS. A taxa de amostragem foi de 10 segundos e a altura média de alcance ficou em torno de 20 km. O intervalo temporal de estudo compreende os horários locais (HL) de11, 14 e 17. Estas medições foram realizadas durante o experimento LBA na época de estação chuvosa local em 1999. O comportamento da CLA foi classificado em três tipos: T-1 como erosão da CLA, T-2 quando a Camada de Mistura (CM) esteve estaticamente instável e T-3 como resfriamento acima da ZE. Para tal foi feito incialmente o seguinte: a) Identificação dos casos onde haja suspeita de erosão da CLC através dos perfis verticais. b) identificação das alturas da Zi, Za e Zsub, e das temperaturas em Zi [T(Zi)], em Za [T(Za)] e em Zsub [T (Zsub)]; c) cálculo da diferença de temperatura na ZE [ΔT(ZE) =T(Za)-T(Zi)] e da razão entre Zi e Zsub [RZ= Zi/Zsub]. T1 → ΔT - Variação da temperatura (K) T2 → RZ - Razão de mistura (km) T3 → GRADZE- Gradiente da zona de entranhamento (K) |
RESULTADOS: |
A tendência de ΔT é diminuir em função do tempo, como também a temperatura da CLA tende a ser igual à temperatura do ar. Isto se deve provavelmente a CLC ser caracterizada pelo forte processo de turbulência térmica e está associada ao efeito de flutuabilidade. No sitio da floresta, A anomalia T1 (ΔT) teve a média de 0,92 K em 11 HL, 0,64 K em 14 HL e 0,47 K as 17 HL. O tipo de anomalia T2 não apresentou tendência de diminuição de espessura entre as 11HL e 14HL em função do tempo, com os valores médios de RZ das 11 HL com 0,39km, as 14HL com 0,47km e as 17HL diminui de espessura com 0,39km. O valor máximo de RZ foi de 0,82 km no horário das 11 HL e a mínima as 17HL com 0,12km. Por fim, a anomalia T3 indicou um comportamento semelhante ao tipo T1. Os valores extremos (máximo e mínimo) de T3 ocorreram as 11 HL, sendo 3,81 K e 0,13 K, respectivamente. A variabilidade foi maior as 11 HL com 86% em relação aos 79% no horário das 14HL e 51% no horário das 17 HL. Para o sítio de pastagem, destacam-se os resultados no horário das 11 HL, onde a anomalia T1 (ΔT) teve a média maior de 0,71 K, enquanto em 14 HL atingiu 0,40 K e 17 HL com 0,50 K. O tipo de anomalia T2 apresentou aumento de espessura em função do tempo, com os valores médios de RZ das 11 HL com 0,40km, as 14HL com 0,48km e das 17HL com 0,47km. O valor máximo de RZ foi de 1,10 km no horário das 17 HL e a mínima as 11HL com 0,11km. Entretanto, a anomalia T3 indicou um comportamento diferente em relação à floresta. Os valores extremos (máximo e mínimo) de T3 ocorreram as 11 HL e 14HL, sendo 0,10 K e 0,07 K, respectivamente. A variabilidade foi maior as 17 HL com 50% em relação aos 40% nos horários das 11HL e 14 HL. |
CONCLUSÃO: |
A análise do comportamento atípico da CLA sobre área de floresta (FLO) e pastagem (PAS) foi realizada com sucesso. Alguns pontos merecem ser destacados, tais como: o total de 48 casos atípicos foram 45 do tipo T1 (23 FLO e 22 PAS), 1 caso T2 (0 FLO e 1 PAS) e 2 do tipo T3 (0 FLO e 2 PAS); Foram observados mais erosões na pastagem do que na floresta da estação chuvosa, na campanha LBA-1999; O resfriamento acima da ZE (T-3) ocorreu apenas na floresta. |
Palavras-chave: Camada Limite Atmosférica, Floresta amazônica, Casos atípicos. |