64ª Reunião Anual da SBPC

A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 9. Paleontologia e Estratigrafia

NOVOS ACHADOS TEMPESTITICOS COM ACUMULAÇÕES FOSSILÍFERAS CONCHIFERAS DO MAR ALBIANO, CRETÁCEO DA BACIA DO ARARIPE, PE E CE

Ludmila Alves Cadeira do Prado 1 José Oreste de Oliveira 1 Celita Ferreira de Freitas 1 Nathália de Sousa Fernandes 1 Alexandre Magno Feitosa Sales 2 Maria Edenilce Peixoto Batista 3

1. Curso de Ciências Biológicas, URCA, Crato, CE 2. Prof. Dr. /Orientador - Depto. de Ciências Biológicas – URCA, Crato, CE 3. Mestrado Bioprospecção Molecular, Crato URCA, CE

INTRODUÇÃO:

A Bacia Sedimentar do Araripe é uma das bacias interiores do Nordeste brasileiro e localiza-se entre os limites dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, com cerca de 9.000km2 de extensão. Essa bacia abriga um dos maiores depósitos fossilíferos do mundo, a Formação Santana, de idade Cretácea Inferior. Essa formação iniciou sua deposição sob ambiente límnico, evoluindo para um ambiente lagunar e posteriormente, um ambiente marinho raso, no seu terço superior. Afloramentos calcáreos contendo concentrações de fósseis de moluscos (gastrópodes e biválvios) comprovam a existência na região, do mar Albiano, no Cretáceo do Araripe, onde as conchas formam um depósito, que, em geral exibem características tafonômicas de ambiente marinhos e gerados a partir de eventos como tempestades. Nessa pesquisa objetiva-se a partir das feições tafonômicas dos fósseis e dos depósitos comprovar sua gênese e origem marinha, para o conhecimento e ampliação dos limites paleogeográficos desse mar.

METODOLOGIA:

A coleta foi realizada pelos alunos do Grupo de Pesquisa da Chapada do Araripe (GPCA-URCA) e foi baseada na literatura especializada seguindo procedimentos tafonômicos, a localização com coordenadas geográficas com uso de GPS, identificação das rochas fossilíferas com conchas de moluscos, desenhos esquemáticos da litoestratigrafia e fotos dos afloramentos. Nos exemplares coletados nos dois locais, fez-se: a marcação de topo, base, espessura, orientação azimutal e etiquetagem (MO para Moreilândia, Pernambuco e AR para Araripe, Ceará). As informações de campo e de coleta foram utilizadas no estudo tafonômico das concentrações de fósseis de moluscos, com descrição de categorias de feições macroscópicas (sedimentológicas, bioestratinômicas dos bioclastos, estratigráficas do depósito e paleoecológicas dos bioclastos), na análise tafonômica, para a interpretação da gênese dos depósitos com os bioclastos. Os dados das descrições resultaram na caracterização de tafofácies.

RESULTADOS:

Em Moreilândia, PE, sítio Barreiros, as conchas fósseis são dispersas com baixo grau de empacotamento (10%), baixa seleção e raros icnofósseis de artrópodes. Os bioclastos são fragmentados, mas predominam os inteiros, pequenos, com várias classes de tamanho. O depósito apresenta contato basal brusco com base erosiva e ondulada. A orientação dos bioclastos em seção é caótica e em planta polimodal. Há biválvios articulados fechados e biotrama de aninhamento de conchas desarticuladas. Os gastrópodes são da família Turritelidae e os biválvios Veneridae. Em Araripe, CE, sítio Brejinho, a concentração coquinóide tem 50% de bioclastos, com moldes de conchas com baixa seleção mas há icnofósseis de artrópodes. Os inteiros predominam em relação aos fragmentos. Há várias classes de tamanho, com orientação dos bioclastos, em seção e planta caótica e polimodal. Ocorrem poucos biválvios articulados fechados e predominam os gastrópodes. Os contatos são bruscos e erosivos. Os gastrópodes são das famílias Turritellidae e Aporrhaidae e biválvios Crassatellidae e Ostreidae. Não há corrosão e incrustação em ambos. As feições dos depósitos de calcarenitos (PE e CE) são indicativas de pouco transporte e, pouca residência na TAZ, com gênese relacionada a eventos tempestíticos, sob influência marinha.

CONCLUSÃO:

As pesquisas tafonômicas identificaram feições macroscópicas de depósitos e de fósseis de conchas de moluscos (gastrópodes e bivalvios) concentrados, na porção noroeste e na porção Sul da bacia, respectivamente nos municípios de Araripe, no Ceará e Moreilândia, no Pernambuco, com tafofácies exibindo características sob ação de tempestades. As ocorrências aqui descritas dos depósitos conchíferos contribuem e estendem paleogeograficamente, os limites de um importante marco cronolitobioestratigráfico, da transgressão marinha do Cretáceo Inferior do Membro Romualdo, da Formação Santana, na Bacia Sedimentar do Araripe.

Palavras-chave: Moluscos Fósseis, Formação Santana, Bacia do Araripe.