64ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes |
Análise da atividade eletromiográfica do deltóide nos exercícios elevação lateral livre e meio desenvolvimento. |
Felipe Pereira da Silveira 1 Cintia Ehlers Botton 2 Rodrigo Rodrigues 2 Ronei Silveira Pinto 3 Cláudia Silveira Lima 4 |
1. Bolsista PET Educação Física - UFRGS 2. Mestrando (a) - PPGCMH - UFRGS 3. Prof. Dr. - Depto de Educação Física - UFRGS 4. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Educação Física - UFRGS |
INTRODUÇÃO: |
A articulação do ombro é responsável pela execução da maior parte da movimentação e posicionamento do membro superior no espaço. Esta articulação é capaz de realizar ações em todos os planos e com grande amplitude de movimento devido suas características anatômicas. Todavia, esta articulação apresenta grande instabilidade, devido à reduzida congruência de suas superfícies articulares, sendo necessária a ação conjunta de ligamentos, tendões e músculos para proporcionar estabilidade (LEHMKUHL & SMITH, 1997). A articulação glenoumeral é revestida anteriormente, posteriormente, lateralmente e superiormente pelo músculo deltóide. O músculo deltóide possui três porções (clavicular, acromial e espinal), apresentando importante função estabilizadora na articulação (WEINECK, 1990). Devido à grande amplitude de movimento dessa articulação, a ativação muscular altera para o mesmo movimento em posições diferentes. A atividade muscular pode ser registrada através do uso da eletromiografia (EMG). Esta técnica vem sendo muito utilizada para mensurar a atividade muscular durante a execução de exercícios específicos. Desta forma, o objetivo do estudo foi analisar a ativação muscular das porções clavicular (DC), acromial (DA) e espinal (DE) do músculo deltóide durante os exercícios Elevação Lateral Livre (ELL) e Meio Desenvolvimento (MD). |
METODOLOGIA: |
A amostra foi composta de onze homens saudáveis e familiarizados com treinamento de força. Todos realizaram uma contração isométrica voluntária máxima (CIVM), mantendo a posição de flexão a 90º para a porção clavicular (DC) e abdução a 90° para as porções acromial (DA) e espinal (DE), sendo realizadas as ações de flexão e extensão horizontal, respectivamente. Um teste para estimar a carga de 10RM na elevação lateral livre (ELL) e no meio desenvolvimento (MD) foi feito por tentativa e erro. Após, o sinal EMG durante a execução dos 10RM foi registrado. Para posterior comparação entre os exercícios ELL e MD foi utilizado o valor Root Mean Square (RMS) normalizado de todas as porções do deltóide. A análise estatística utilizada para comparar o valor RMS normalizado de cada parte do deltóide entre os exercícios ELL e MD foi o teste t pareado, o nível de significância adotado foi um p≤0,05. |
RESULTADOS: |
Os resultados demonstraram maior atividade do DC (p<0.0001) no MD (72,22 ± 19,70) quando comparado à ELL (42,94 ± 15,77). Já a ativação do DA e DE apresentaram diferença significativa entre os exercícios (p = 0,0011, p = 0,0018, respectivamente). No exercício ELL o DA teve maior ativação (57,43 ± 22,61) quando comparado ao MD (32,26 ± 20,38). O mesmo ocorrendo com o DE, no exercício ELL (34,19 ± 20,91) a atividade foi maior que no exercício MD (10,31 ± 5,62). A maior ativação do DA no exercício de ELL em comparação ao MD não condiz com o estudo de Liu et al. (1997) onde é mencionado que o DA é mais ativado depois dos primeiros 50° de abdução; antes disso a ativação principal é do supraespinal. E com o estudo Wickham et al. (2010) que encontraram o pico de ativação do DA, em aproximadamente 100° de abdução do ombro. Nessa perspectiva o DA deveria ser mais ativado no MD do que na ELL, o que não ocorreu nesse estudo. O fato que pode justificar este resultado é a mudança na direção das fibras do deltóide pela posição em rotação externa do ombro que ocorre no exercício MD. Esta mudança desfavorece a ativação do DA e favorece a ativação do DC. Segundo Liu et al. (1997), o braço momento do DC é maior (1,5cm) quando o ombro está em rotação externa do que quando ele está em posição neutra (0cm) com o ombro em 0º de abdução, o que corrobora com os resultados do presente estudo onde o DC teve maior atividade no MD do que na ELL. |
CONCLUSÃO: |
Para fortalecer a parte clavicular do deltóide o exercício MD é mais efetivo que a ELL, enquanto para as partes acromial e espinal do deltóide a ELL é mais eficaz que o MD. |
Palavras-chave: Deltoide, Eletromiografia, Exercícios de Força. |