64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana |
SÓ VINHAM PRA CÁ QUEM TINHA ‘ESTÔMAGO’... |
Luemara Rodrigues Mazzo 1 Diego Rodrigues Bonifácio 1 Jennyfer Scarlet Clementino Leite 1 |
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFRO |
INTRODUÇÃO: |
O município de Ji-Paraná, localiza-se no estado de Rondônia, sudoeste da Amazônia, uma área de aproximadamente 6.897 Km quadrados, o que representa 2,9% da área territorial de Rondônia, é a segunda maior cidade do estado. Sua zona urbana está dividida em vinte e seis bairros. O bairro Santiago foi criado oficialmente em 1985 pela lei municipal número 052. Delimita-se a sudoeste com a rua Cabral, a noroeste com a BR 364 e a sudeste com o igarapé 2 de abril, a rua C e a av. Sanitária. Constitui-se em um bairro periférico da cidade. Esta pesquisa se propôs a verificar o índice de migração para o bairro Santiago e o tempo médio de moradia dos migrantes. |
METODOLOGIA: |
Inicialmente procederam-se leituras bibliográficas a respeito do tema migração e colonização do Santiago e de Ji-Paraná e consultas a sites especializados, tais como o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para coleta de dados foram realizadas análises de documentos oficiais junto a Prefeitura Municipal de Ji-Paraná e também, por meio de visitas domiciliares, foram aplicados questionários fechados de forma aleatória junto a 21 famílias do bairro. |
RESULTADOS: |
O Santiago é um bairro que está em desenvolvimento, é constituído por habitantes que em sua maioria são migrantes, pessoas que deixaram suas regiões em busca de novas condições de vida. 38% dos entrevistados são de Ji-Paraná, muitos descendentes de migrantes nordestinos que ocuparam a região objetivando a extração do látex, principal atividade da época de colonização. A maior parte dos entrevistados foi para o Santiago por volta da década de 60, sendo 28% do Paraná, 5% de Minas Gerais, 5% do Espírito Santo e 24% de outras regiões de Rondônia. Essa migração se explica devido à descoberta, nesse mesmo período, de diamantes no Rio Machado, rio que atravessa toda a cidade de sul para norte; e também, segundo os entrevistados, devido políticas desenvolvidas pelo governo federal de ocupação da Amazônia, através da doação de terras. Com a grande exportação de matérias primas como borracha, café e diamantes, Ji-Paraná e consequentemente o bairro Santiago, teve grande desenvolvimento, o que ocasionou a permanência dessas pessoas no bairro e o aumento de migrantes para ele, sendo que 53% habitam a mais de 20 anos, 19% a mais de 10 anos e 28% a menos de 10 anos. |
CONCLUSÃO: |
A pesquisa demonstrou que o bairro Santiago esteve, em toda sua história, ligado ao desenvolvimento econômico de Ji-Paraná, os migrantes que iam para a cidade se estabeleciam no bairro devido às políticas econômicas implantadas pelo governo que não davam escolha de localização de moradia, conforme relato de uma migrante vinda de Cascavel-PR “Na época não havia prefeito, quem mandava era o INCRA, só vinha pra cá quem tinha ‘estômago’, porque existia um alto índice de malária e outras doenças”. O bairro passou ora por momentos de crescimento, ora por momentos de estagnação econômica, o atual desenvolvimento urbano do Santiago se dá principalmente graças a esses migrantes que quando chegaram à região encontraram somente floresta, animais, doenças e nenhum serviço básico, no entanto, desbravaram, construíram e urbanizaram o local. |
Palavras-chave: Bairro Santiago, Migrantes, Ji-Paraná. |