64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 5. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca
CARACTERIZAÇÃO DOS CURRAIS DE PESCA DA COMUNIDADE ILHA DOS COQUEIROS ACARAÚ/CEARÁ.
Manoel Alves de Sousa Neto 1
André Luiz da Costa Pereira 1
João Vicente Mendes Santana 2
1. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará Campus Acaraú
2. Prof.Ms./ Orientador - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará Campus Acaraú
INTRODUÇÃO:
Acaraú é uma cidade brasileira do estado do Ceará e está situada na Mesorregião Noroeste. Também faz parte do litoral oeste do estado e possui a segunda maior bacia hidrográfica do Ce. Grande parte da renda da população está ligada as diversas atividades pesqueiras e aquicolas exercidas no local. No município são empregadas diversas técnicas e artes de pesca para a captura de uma ou mais espécies. Dentre as artes de pesca utilizadas, os currais são comumente usados e desempenham um papel muito importante nas pescarias. Isso por que, as despescas acontecem uma vez por dia na maré baixa e apresentam uma composição de captura extremamente diversificada, diferente da pesca com linha, em que o pescador pode passar até uma semana no mar. Os currais são armadilhas fixas construídos com varas e arames, implantados no solo e muito utilizados pelos pescadores artesanais do município. Sua função é reter os peixes em compartimentos circulares e semicirculares denominados de sala e salinha. Os peixes são direcionados para a armadilha por uma longa fileira de estacas denominadas de espias que são fixadas perpendiculares à praia. O presente trabalho tem como objetivo caracterizar os tipos de currais de pesca a partir de sua localização, formato, dimensão e materiais empregados na sua confecção.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado na comunidade Ilha dos Coqueiros, localizada no município de Acaraú-Ce num período de seis meses. Para registro das informações elaborou-se questionários, contendo perguntas abertas e fechadas. As coletas de dados foram realizadas mensalmente com curralistas, pescadores e lideranças da ilha. As informações eram obtidas através de entrevistas e observações realizadas em campo e tinham como objetivo, conhecer os tipos e quantidades de currais da localidade. A escolha dos entrevistados se deu a partir de uma conversa prévia com um morador do local. A partir daí identificou-se os indivíduos que exercem a atividade. Para a identificação das armadilhas, levou-se em consideração a sua localização e tipo. Quando instalados na margem do rio, Currais de Beira (C.B), já os Currais de Meia Carreira (C.M.C) e Currais de Fora (C.F) estão aprox. meia milha e uma milha da costa respectivamente . Para diferenciar as artes foram realizadas medidas de altura e comprimento, tipos de materiais utilizados na confecção, bem como a contagem do número de compartimentos (sala, salinha, chiqueiro, chiqueiro falso e manzuá) de cada um. Como meio de transporte até os C.M.C e C.F, utilizou-se uma pequena canoa a vela. Já no C.B o deslocamento foi feito a pé no horário da maré baixa.
RESULTADOS:
Para a implantação dos currais, são levados em consideração diversos aspectos que são essenciais para o bom funcionamento e desempenho das armadilhas como: tipo de substrato, influência de correnteza e do vento. Ao final do levantamento constatou-se que o local possui vinte e nove currais de pesca e um total de vinte e oito curralistas, levando em consideração que existem armadilhas com mais de um dono. De acordo com a localização, são dezesseis C.B, dez C.M.C e três C.F. Quanto ao formato todos compõem uma espia (cerca que conduz os peixes para dentro da arte) e não há muita diferença física entre eles; os C.B e C.M.C apresentam mesmo formato e quantidade de compartimentos (sala, salinha, chiqueiro, chiqueiro falso e manzuá) iguais, sendo que o primeiro é menor que o segundo. Já o C.F é o de maior extensão, possui o mesmo formato dos anteriores, o que o difere dos outros são a ausência de dois compartimentos (chiqueiro falso e manzuá). Os materiais utilizados para a confecção são cordas de polietileno, arames, nylon e madeiras retiradas na própria ilha pelos pescadores, dentre as quais estão: a carnaúba (Copernicia prunifera), mangueiro (Rhizophora mangle) e o cipó-de-fogo (Cissus erosa).
CONCLUSÃO:
Durante a pesquisa observou-se que um dos fatores determinantes para a escolha de um tipo de curral são o tamanho, custos de implantação e manutenção. Isso fica evidente quando comparamos o número de currais de beira em relação aos Currais de Meia Carreira e Curral de Fora. De acordo com os relatos dos proprietários, eles acham que é mais rentável construir currais de beira pelo fato de não terem altos custos com a compra da madeira que é a principal matéria prima do apetrecho, uma vez que estas também podem ser retiradas na própria ilha. Outro fator relevante quanto aos currais de beira, é que estes exigem um número pequeno de “vaqueiros” (indivíduos que auxiliam nas fainas de pesca) e pode-se ou não fazer uso de uma embarcação para se deslocar até a armadilha, podendo-se fazer o trajeto a pé dependendo da altura maré. Quanto à confecção destas artes de pesca, constatou-se que muitos curralistas em troca de um maior custo/benefício passaram a reaproveitar alguns materiais dos currais que estão sendo desativados e a substituir o cipó por cordas de polietileno e nylon para a amarração das estruturas.
Palavras-chave: Atividade pesqueira, Curral de pesca, Pesca Artesanal.