64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
OS RECURSOS TECNOLÓGICOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: O CASO DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CANDIBA-BAHIA
Elis Rejany Rodrigues Bonfim 1
José Aparecido Alves Pereira 2
1. Graduada em Pedagogia, Campus XII, UNEB - Guanambi.
2. Prof. Ms./Orientador - Campus XII, UNEB - Guanambi.
INTRODUÇÃO:
O campo educacional sofreu forte pressão dos setores sociais e econômicos à partir dos anos de 1990 para adaptar às novas exigências formativas do mercado. Não que a educação seria a solução dos problemas sociais e econômico, mas diante desse quadro passava a ter papel de destaque na formação e capacitação profissional. Assim, a inserção dos recursos tecnológicos na escola passou a ser visto como primordial, mesmo diante do desafio de garantir a infraestrutura e formação aos docentes. Nesse cenário, o poder público buscou equipar as escolas com televisão, vídeo e computador com acesso a internet. No entanto, os resultados nem sempre são aqueles esperados. Daí, a importância de conhecer como vem sendo incorporados esses recursos na prática dos professores e na dinâmica das instituições escolares. O objetivo foi investigar a utilização dos recursos tecnológicos na prática pedagógica, com destaque para os desafios e contribuições ao processo ensino-aprendizagem. Formulou-se, assim, três questões de pesquisa para orientar o desenvolvimento do trabalho: a) Qual a disponibilidade, facilidade e dificuldade dos professores na utilização dos recursos tecnológicos? b) Como o Projeto Político Pedagógico orienta o uso dos recursos tecnológicos na escola?
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido na modalidade estudo de caso, numa abordagem qualitativa (BOGDAN & BIKLEN, 1994). O universo da pesquisa foram duas escolas públicas, municipal e estadual, do município de Candiba-Bahia. Para seleção da amostra utilizou-se um questionário sócioprofissional e considerou as categorias sexo, idade, experiência na área e formação acadêmica para escolha de oito sujeitos. Utilizou-se ainda, análise documental do Projeto Político Pedagógico e entrevista semiestruturada como instrumentos de coleta de dados (BOGDAN & BIKLEN, 1994). O tratamento dos dados teve na interpretação hermenêutica proposta por Ricouer (1977), o pressuposto principal de análise. A partir da transcrição das falas e autorização dos sujeitos por meio do termo de consentimento livre e esclarecido, conforme lei 096/2003 do Conselho de Ética em Pesquisa, fez-se a classificação dos aspectos relevantes para efetuar a interpretação final dos discursos à luz dos pressupostos de autores como Ferrés (1998), Kenski (2003; 2007), Libâneo (2001), Moran (2007) e outros.
RESULTADOS:
Evidenciou-se em relação ao Projeto Pedagógico que um grupo significativo de professores tem pouco conhecimento sobre o mesmo, e a forma como os recursos tecnológicos ali são tratados. A maioria dos docentes da rede municipal nunca participaram de curso de formação para utilizar os recursos tecnológicos. O que sabem aprenderam pela necessidade e por conta própria, uma vez que 90 por cento possuem computador, pen drive e aprenderam a usá-los por conta dos estudos em cursos de graduação e/ou pós-graduação presencial ou à distância. Com isso, o uso do computador restringe-se, muito mais ao campo de estudos pessoais/profissionais, que mesmo como recurso didático pedagógico na escola. Quanto à escola da rede estadual, notou-se contraste em relação a municipal, pois esta dispõe de laboratório de informática, internet e maior número de equipamentos tecnológicos, e já ofereceu cursos de formação sobre as TIC para seus docentes. Mesmo assim, alguns reclamam a presença de um técnico para auxiliar discentes e docentes no uso dos computadores. As aulas que utilizam recurso audiovisual tornam-se mais interativas e motivadoras. A maioria dos professores acreditam que à atenção e a curiosidade são elevadas, e proporciona melhor compreensão do conteúdo em exposição e envolve os alunos.
CONCLUSÃO:
Percebeu-se, assim, que o oferecimento de cursos de formação continuada para docentes utilizarem os recursos tecnológicos é um passo importante para uso dos mesmos na prática pedagógica, pois os docentes concordam que o uso dos recursos tecnológicos dinamizam as aulas e contribui com o aprendizado dos conteúdos. Neste caso, a rede estadual se mostrou melhor estruturada, tanto em termos de cursos quanto de recursos, mas o tempo dedicado ao planejamento e a pouca carga horária das aulas dificultam o pensar e agir por meio do computador, vídeo, TV. e datashow. A existência de laboratórios de informática por si só não contribui com o desenvolvimento da aprendizagem, caso não haja condições e envolvimento dos professores para construir e materializar seu projeto pedagógico. Diante disso, compreende-se dificuldades dos municípios brasileiros, perante as demandas e do número de escolas, de estruturar seus sistemas de educação para acompanhar os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação nas escolas. Portanto, é um desafio posto para os sistemas de ensino, municipais e estaduais, não ficarem alheios a esses recursos tão presentes na sociedade e importantes elementos complementares da prática pedagógica.
Palavras-chave: Escola, Recursos Tecnológicos, Formação docente.