64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
EDUCAÇÃO SEXUAL E REPRODUTIVA PARA ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NO INTERIOR DA BAHIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Doroteia Karlúsia Nascimento de Moraes 1
Camila Calhau Andrade 1
Lucas Vinícius Bulhões Ribeiro 1
Irma Tereza Ribeiro Limongi 1
Heidi Menezes Lima 1
Aline Vieira Simões 2
1. Discente de Enfermagem - Depto de Saúde - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
2. Profa. Msc./Orientadora - Depto de Saúde - UESB
INTRODUÇÃO:
A adolescência constitui o período de transição da infância para a fase adulta, marcado por mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais. Paralelo à maturidade sexual, ocorre o início das atividades sexuais que na maioria dos casos é acompanhada da ausência de conhecimentos e meios que permitam escolhas seguras. O processo do comportamento sexual também se inicia e é resultante da interação de fatores físicos, psicossociais, culturais, econômicos e é influenciado por grupos de contatos sociais (DINIZ, SALDANHA; 2008). É importante ressaltar que no Brasil, o índice de gravidez na adolescência é elevado, bem como as taxas de Infecções/Doenças sexualmente Transmissíveis (IST’s ou DST’s), cuja maior incidência acomete adolescentes jovens. Desta forma, visto que o início precoce destas atividades constitui um fator de risco para as IST’s ou DST’s bem como para a gravidez na adolescência, identificou-se a necessidade de abordar estas questões em escolas públicas. Assim, foi promovida uma oficina “Saúde Sexual na Escola” em um colégio estadual do interior da Bahia a fim de despertar uma maior conscientização quanto a importância da adoção de comportamentos sexuais seguros, bem como avaliar o comportamento sexual destes adolescentes.
METODOLOGIA:
Trata-se de um Relato de Experiência vivenciada por discentes da disciplina Estágio Supervisionado I do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, através de duas oficinas educativas denominadas: “Educação Sexual na Escola”. Estes encontros foram realizados em uma Escola Estadual situada em um bairro periférico da cidade de Jequié, interior da Bahia, no mês de março de 2012. Participaram da oficina, 27 alunos do 3º ano do Ensino Médio desta escola. Esta atividade foi promovida em dois momentos, nos quais foram abordados temas distintos. Na 1ª ocasião abordou-se a anatomia do sistema reprodutor masculino e feminino, bem como as infecções/doenças sexualmente transmissíveis, em um 2º período abordou-se o Programa de Planejamento Familiar, métodos contraceptivos e as consequências da gravidez na adolescência. Para atingir os objetivos propostos, foi elaborado um instrumento de avaliação aplicado no início da 1ª oficina e reaplicado ao final da 2ª. Após coleta de dados procedeu-se a análise e avaliação dos resultados obtidos por meio de estatísticas descritivas.
RESULTADOS:
Do total de 27 questionários preenchidos, obtivemos os seguintes resultados: 17 alunos eram do sexo feminino (63%) e 10 do masculino (37%), sendo que 14 (52%) relataram não terem iniciado vida sexual. Considerando os 13(100%) alunos que têm vida sexual ativa, tiveram a primeira relação sexual apenas 01 teve sua primeira relação até os 12 anos (7,6%), 06 (46,1%) tiveram entre 13 e 15 anos, e outros 06 (46,1%) entre 16 e 18anos. Afirmaram o uso do preservativo na primeira relação e uso atual apenas 09 alunos (69,2%). Além disso, 03 (21,5%) tiveram mais de um parceiro nos últimos três meses. Avaliando as 08 mulheres que afirmaram manter relações sexuais, metade delas afirmou fazer uso de algum método contraceptivo. Dos 27 alunos, apenas 07 (26%) estão cadastrados no Programa de Planejamento Familiar e conhecem o assunto. Nenhum aluno fez tratamento para DST. Conversam sobre sexo na família 20 alunos (74%). Somente 01 aluno (3,7%) tem filho. Nenhuma aluna revelou ter feito aborto espontâneo e/ou provocado.
CONCLUSÃO:
O estudo realizado conseguiu demonstrar o nível de conhecimento sobre educação sexual dos alunos de uma escola pública do município de Jequié-BA. Os resultados revelaram que quase metade dos alunos já mantém relações sexuais. E entre os que já têm vida sexual ativa, mais da metade tiveram iniciação precoce da atividade sexual. Entre esses se evidenciou também uma estatística preocupante em que quase um terço deles afirmou não ter usado o preservativo na primeira relação e não fazer uso do preservativo. Esse quadro chama a atenção para necessidade de se criar programas de orientação sexual efetiva para alunos a partir da 8ª série do ensino fundamental, buscando fornecer-lhes as informações e o entendimento necessário a respeito do assunto. Numa amostra de mulheres apenas metade de um dado grupo afirmaram fazer uso de métodos contraceptivos. No total de alunos, 1 em cada 4 estão cadastrados no Programa de Planejamento Familiar e o mesmo número refere conhecer o programa. Essa avaliação expõe a escassa orientação sobre saúde reprodutiva desses alunos. Observa-se a abertura do assunto sexo na maioria das famílias. Alguns pontos positivos: Nenhum deles contraiu DST, a maioria relata número reduzido de parceiros, nenhuma aluna sofreu aborto e apenas um aluno declarou ter filho.
Palavras-chave: Educação Sexual, Adolescentes, Planejamento Familiar.