64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
CONTEXTO BIOGEGRÁFICO REGIONAL DAS MATAS DE COCAIS NO ESTADO DO MARANHÃO (NORDESTE DO BRASIL)
Luiz Jorge Bezerra da Silva Dias 1
1. Prof. MSc./ Autor - Departamento de Geociências - UFMA
INTRODUÇÃO:
As Matas de Cocais maranhenses configuram a mais típica formação vegetal associada às faixas de transição e contato no Estado e está situada entre três grandes domínios de natureza brasileiros: Florestas Amazônicas, Cerrados e Caatingas. Biogeograficamente, possuem duas tipologias básicas de sistemas ecológicos: os “ecossistemas de babaçuais extensivos” (em que o babaçu apresenta dominância expressiva na paisagem) e os “ecossistemas de cocais mistos” (caso dos patizais ou aririzais, dos pindovais ou pindobais, dos bosques de palmáceas formadas por babaçus, ariris, buritiranas, buritis, juçaras/açaís, dentre outros). Por ocupar aproximadamente 25% da área total do Maranhão, as Matas de Cocais requerem atenção estratégica para a conservação de sua biodiversidade, o que é condição necessária para a manutenção de sistemas ambientais locais e regionais. São apresentadas propostas técnica e cientificamente articuladas para a gestão e articulação de políticas públicas aplicadas ao espaço total da cobertura vegetal em questão, tal como articulação de informações que subsidiem o reconhecimento das tipologias de ecossistemas associados às Matas de Cocais, tendo em vista os bens e serviços apresentados com a manutenção biogeográfica dessas matas de transição.
METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento da presente pesquisa, foi estabelecido o método estruturalista, com base na “Teoria Geral dos Sistemas” e na “Teoria dos Geossistemas”, que apresenta sustentação para a abordagem biogeográfica proposta para a pesquisa. Ademais, foram adotados procedimentos metodológicos que possibilitaram o reconhecimento das tipologias de paisagens biogegráficas no contexto do espaço total das Matas de Cocais maranhense, quais sejam: (a) estabelecimento de transectos de pesquisa de campo entre janeiro de 2008 e dezembro de 2011, envolvendo sete roteiros distintos e complementares, quais sejam: São Luís/Baixada Maranhense; Itapucuru-Mirim/Coelho Neto; São Luís/Mirador; São Luís/Caxias;São Luís/Imperatriz; Imperatriz/Carolina; Imperatriz/Grajaú; (b) demarcação de pontos de controle, com auxílio de GPS Magelan310; (c) elaboração de cartografia temática, com auxílio dos programas SPRING 5.1.8 e Google Earth, este último para facilitar o repasse didático de informações para alunos e profissionais de outras áreas do conhecimento, que não a Geografia. Ademais, embasou-se em pesquisa bibliográfica extensiva acerca das dinâmicas socioespaciais e geoambientais das Matas de Cocais no Estado do Maranhão, que remontaram a estudos desde a década de 1940 aos dias atuais.
RESULTADOS:
As ocorrência e distribuição biogeográficas regionais das Matas de Cocais no Maranhão são testemunhos de danos ambientais em espaços onde existiam Florestas Amazônicas. Sua origem é dupla, pois evidencia “Matas de Cocais com Babaçuais Extensivos” associadas à resistasia natural das Florestas Amazônicas, compreendendo os núcleos Chapada Limpa e Baixo Parnaíba. Contudo, há formações similares a esta cuja gênese está relacionada com as antropogêneses desenvolvidas nos últimos 350 anos ao longo dos médios e baixos vales do Itapecuru, do Munim, do Mearim, do Grajaú, do Pindaré e do Tocantins. Já as “Matas de Cocais Mistas” apresentam-se em transecto Arari-Anajatuba/Baixo Paranaíba Maranhense, com predominância de carnaubais. Didaticamente, pode ser feita uma indicação preliminar das áreas nucleares das Matas de Cocais maranhenses. Como o Estado possui aproximadamente 333.365 km2 de área total, aproximadamente 25% do território do Estado (83.000 km2) são ocupados pelas duas tipologias de Matas de Cocais. Elas, então, se distribuem da seguinte maneira: aproximadamente 40% (33.200 km2) delas foram originadas por impactos naturais sobre os sistemas ambientais pré-existentes. Já aproximadamente 60% do total (49.800 km2) foram desenvolvidas a partir de danos ambientais induzidos pelo homem.
CONCLUSÃO:
A importância de ambos os tipos de Matas de Cocais e de seus sistemas ambientais é apresentada como indutora de novas posturas de gestão pública frente aos seus caracteres paisagísticos, ecossistêmicos e geoambientais desse tipo de cobertura vegetal, cuja consolidação biogeográfica é patente em mais de 25% do território estadual. Tal conjunto de espaços ecológicos está adaptado às condições morfoclimáticas e hidropedológicas maranhenses e é responsável pela manutenção de sua qualidade ambiental regional. Possui composição e definição natural da fauna específica associada, tal qual presença marcante de outras coberturas vegetais associadas, proporcionando o desenvolvimento de condicionantes microclimáticos bem definidos (umidade e temperatura), que são passíveis de perturbações, caso haja modificações na estrutura superficial da paisagem. Ao contrário do que se estabelecia anteriormente, verificou-se que as Matas de Cocais têm ocupado áreas que até os últimos 30 anos eram ocupadas por Cerrados e Florestas Amazônicas, tendo em vista maior resiliência apresentada pelo sistema biogoegráfico dessas “Matas de Transição e Contato”. Tais aspectos devem ser apresentados a órgãos públicos do Maranhão, para que esse conjunto biogeográfico seja planejado, ordenado e gerido de forma adequada.
Palavras-chave: Biogeografia Regional, Faixas de Transição e Contato, Maranhão (Estado).